A barbárie gratuita, sem sentido, não é exatamente novidade na história humana. Está entre nós pelo menos desde os tempos da Bíblia, que descreve a conquista de Canaã pelos antigos hebreus como um banho de sangue. Ao longo dos séculos, os descendentes dos hebreus, os judeus, também foram massacrados, tornaram-se alvo das carnificinas dos cruzados, vítimas da Inquisição e de um sem-número de perseguições. Mas quem eram os cruzados ou inquisidores perto dos mongóis? No século XII, eles dominaram uma faixa de território, do Pacífico ao Mediterrâneo, dizimando a população de cidades inteiras. Os muçulmanos também cumpriram sua cota de morticínios. Em 1801, o santuário de Karbala foi tomado num episódio descrito como um “açougue”, em que todos os homens e meninos foram chacinados. Para não falar em exemplos mais recentes, como os campos de extermínio nazistas, os expurgos stalinistas, o genocídio de Pol Pot no Camboja, dos tútsis pelos hútus em Ruanda, a matança de homens, mulheres e crianças no Afeganistão pelo Taleban – e por aí vai. É nessa lista de atrocidades sem fim, violência contra inocentes, mortes e torturas gratuitas que entra o Estado Islâmico, também conhecido pelos acrônimos Isis, Isil, Daesh, ou simplesmente pela sigla EI.
Com os atentados terroristas das últimas semanas no Sinai, em Beirute e em Paris, o EI matou umas 400 pessoas. Por que alguém faz uma coisa dessas? O que leva um jovem a se transformar em terrorista? O que passa pela cabeça dos líderes desses exércitos de extermínio? Parece haver um mecanismo na mente dos perpetradores das atrocidades que escapa a nossa compreensão. Não conseguimos explicá-lo, não é verossímil que haja tanto parafuso solto. Pode parecer frustrante, mas todos os casos acima – dos mongóis aos nazistas – comprovam não se tratar de um fenômeno incomum na história humana. Gostaríamos que o EI fosse algo excepcional. Seria mais confortável. Seria mais fácil nos livrarmos dele. Mas não. Infelizmente, não. O EI é apenas o movimento mais recente, entre tantos outros, capaz de aliciar multidões em torno de uma escatologia própria – uma visão apocalíptica que, para tentar dar poder a alguns e certo sentido à vida de outros, barateia a morte de todos os demais.
A escatologia peculiar do EI tem características únicas, importadas da variante singular de islã praticada por seus militantes, o ultraconservador wahabismo saudita, interpretado à luz de uma série de textos teológicos antigos e contemporâneos, que formam o corpo da literatura jihadista. “Muçulmanos e não muçulmanos ficam igualmente perplexos com como alguém pode cometer atrocidades em nome de Deus”, escreve o diretor do Projeto para Relações dos Estados Unidos com o Mundo Islâmico da Brookings Institution, William McCants, no recém-lançado livro The Isis apocalypse: the history, strategy and doomsday vision of the Islamic State (Apocalipse Isis: a história, a estratégia e a visão do fim do mundo do Estado Islâmico, ainda sem tradução). A verdade, diz McCants, é que os textos islâmicos estão sujeitos a todo tipo de interpretação. “Quer achar passagens justificando paz e concórdia? Estão lá. Quer achar passagens justificando violência? Estão lá também.” (Via Revista Época)
Esse pessoal do ISIS não sabe nada...eles tem que vir pro morro do alemão aprender com os bolivarianos:
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