sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A tragédia petista.

Peço licença, inicialmente, para um breve relato pessoal. Nos anos 1980 contribuí mensalmente com parte do meu salário para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os depósitos duraram de dois a três anos, quando a campanha foi encerrada, por falta de adesão. Com sacrifício, cheguei a oferecer até 10% do meu ganho e ainda guardo os recibos. Por que fiz isso? Naqueles anos, saindo do ciclo militar e ansioso pela democracia, ingenuamente entendi ser o MST uma força que renovaria a oligárquica política rural. Como os seus militantes passaram a ameaçar as famílias em assentamentos, o sonho desmoronou e retornei à vida universitária. 
Na época, quase todos nós apoiávamos o PT, mesmo não sendo filiados. Imaginávamos que o partido também forçaria transformações em alguma direção positiva. Ou a reforma social ou, ao menos, a democratização da sociedade. Vivíamos então um período febril de debates plurais e de experiências práticas. Lembram-se do "modo petista de governar"? Era simbolizado pelo orçamento participativo, que prometia a livre participação dos cidadãos em decisões públicas sobre os orçamentos municipais. Na campanha de 2002, contudo, o candidato petista mal falou do assunto e, no poder, o tema se esfumaçou. 
O assombroso escândalo da Petrobrás, que nos deixa estupefatos, é apenas o efeito inevitável da história do Partido dos Trabalhadores. A causa original é um mecanismo que o diferencia das demais agremiações partidárias. Trata-se de um processo de mobilidade social ascendente, inédito em sua magnitude. Movimento que poderia ser virtuoso, se aberto a todos, pois seria a consequência do desenvolvimento social. Mas, na prática, vem sendo uma odiosa discriminação, pois é processo atado à filiação partidária. 
O núcleo pioneiro do PT recrutou segmentos das classes baixas e mais pobres, mobilizados pelo campo sindical, pelos setores radicalizados das classes médias, incluindo parte da intelectualidade, e pela esquerda católica, ampliando nacionalmente o grupo petista inicial. À medida que o partido, já nos anos 90, foi conquistando nacos do aparato estatal, vieram os cargos para os militantes e, assim, a chance arrebatadora de ascender às vias do dinheiro, do poder, das influências e do mando pessoal. Esse foi o degenerativo fogo fundador que deu origem a tudo o que aconteceu posteriormente. 
Inebriados, cada vez mais, pelo irresistível prazer do novo mundo aberto a essas camadas, até mesmo impensáveis formas de consumo, todos os sonhos fundacionais de mudança foram sendo estilhaçados ao longo do caminho, incluídos a razoabilidade e os limites éticos. O PT gerou dentro de si uma incontrolável ânsia de mobilidade, uma voragem autodestruidora inspirada na monstruosa desigualdade que sempre nos caracterizou. Conquistado o Planalto, não houve nem revolução nem reforma e o fato serviu, particularmente, para saciar a fome histórica dos que vieram de baixo.

Instalou-se, em consequência, o arrivismo e a selva do vale-tudo: foi morrendo o padrão Suplicy e entrou o modelo Delúbio-Erenice. Logo a seguir, ante a inépcia da ação governamental, também foi necessário impor a mentira como forma de governo. Por fim, o PT mudou de cabeça para baixo o seu próprio financiamento. Abandonou o apoio miúdo e generoso dos milhões que o sustentaram na primeira metade de sua história, pois se tornara mais cômodo usar o atacado para ancorar-se no poder. Primeiro, o mensalão e, agora, os cofres da Petrobrás. 
Nessa espiral doentia de mudanças, a partir de meados dos anos 1990 o partido enterrou o seu passado. Sua capacidade de reflexão, por exemplo, deixou de existir e o imediatismo passou a prevalecer. Assim, um projeto de nação ou uma estratégia de futuro não interessavam mais. O pragmatismo tornou-se a máxima dessa nova elite e sob esse caminho o subgrupo sindical e seus militantes vêm pilhando o que for possível dentro do Estado. Examinados tantos escândalos, invariavelmente a maioria veio do campo sindical. E foi assim porque da tríade original dos anos 80, a classe média radicalizada e os religiosos abandonaram o partido. Deixaram de reconhecê-lo como o vetor que faria a reforma, sobretudo moral, da política brasileira. 
Entrando neste século, o PT não tinha nada mais para oferecer de distintivo em relação aos demais partidos. A aliança com o PMDB ou Lula abraçando Maluf foram decorrências naturais. Também por tudo isso, o campo petista reivindicar o monopólio da virtude é o mesmo que fazer de idiotas todos os cidadãos. No primeiro turno, a fúria das urnas demonstrou a reação indignada dos eleitores à falsidade. 
O que vemos atualmente é a soma dessa descrição com as nossas incapacidades políticas de construção democrática em favor do bem comum. O PT é hoje uma neo-Arena que promove, sobretudo, o clientelismo nos grotões. Não aqueles definidos geograficamente, mas os existentes nos interstícios sociais, confundindo as pessoas por meio da mentira, do bolsismo e das mistificações de toda ordem. É uma trajetória vergonhosa para um partido que prometeu a lisura republicana, o aprofundamento democrático, a reforma de nossas muitas iniquidades e, especialmente, prometeu corrigir a principal deformação de nossa História, que é um padrão de desigualdade que nos infelicita desde sempre. É ação que igualmente vem abastardando o Estado, atualmente tornado disfuncional e semiparalisado em inúmeros setores. 
Por todas essas razões, incluindo o benéfico aperfeiçoamento que, fora do poder, sofrerá o próprio PT, é preciso mudar. E com urgência, pois o Brasil se esfarinhará sob outros quatro anos dessa gigantesca manipulação política, o desprezo pela democracia, o primado da lealdade partidária sobre a meritocracia e a fulgurante incompetência técnico-administrativa do campo petista no poder.
                   *Por Zander Navarro, em O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A volta censura: Com o PT é fé cega e tesoura amolada.

Os homens sempre voltam 
(do personagem Jumento, da peça Os saltimbancos, referindo-se à persistência da repressão)

Em algum momento de 2011, estava lendo uma coletânea de poemas do Millôr Fernandes. Bati os olhos no Canção número 1 para seres estranhos, de 1961. Foi uma pancada, como se alguém tivesse traduzido o que eu sentia naquele instante. Compartilho:
Vou a caminho/E mergulho e volto./É uma noite perene/Entre todas as noites./No ar, nem silêncio./E vamos, vamos, vamos,/Deixando para trás/As pegadas profundas/Destes passos únicos./Só o Ieti me entende/Tão abominável/Em seu gelo eterno./Abominável ele/Abomináveis nós./Eu te amo, Ieti./Te amo, pio bove.
Aflito como o Ieti, o texto foi o empurrão que faltava para começar a colocar no monitor um pouco de quem eu sou e de como estou no mundo. A primeira crônica puxou a segunda, e veio uma enfiada semanal de memórias, invencionices, pensatas mais ou menos pretensiosas, rabugices, gargalhadas, provocações. 
Criei personagens fiéis a Manoel de Barros: 90% do que eu falo é invenção, só 10% é mentira. São quase três anos de encontros com pessoas que eu não vejo, mas que sustentam comigo um diálogo silencioso e elegante. Bônus da internet.

CONVITE
Em agosto de 2012, fui convidado pelo portal Carta Maior a publicar as crônicas semanais. Autorizei de imediato a reprodução dos textos, e, desde então, ganhei um espaço na seção Cultura. Sempre me deram total liberdade. Isso, no entanto, acabou semana passada. Fui sutilmente censurado, num gesto que não devo, não posso, não quero, não vou aceitar. Passo a relatar os fatos.
O portal se denomina “da esquerda brasileira e latinoamericana”. Na eleição terminada ontem, reduziu-se esquerda brasileira a PT. Em sua quase totalidade, os artigos construíram uma espécie de braço eleitoral do Partido dos Trabalhadores, reduzindo a pó o espaço que outros segmentos da esquerda deveriam ter se fosse levada a sério uma interlocução democrática com o campo progressista. 
Foi neste clima que enviei, no dia 17 de outubro, o texto Você abusou: crônica de um voto. Nele, defendi, sem histeria ou fanatismo, o voto nulo. Um de meus propósitos era quebrar o monopólio da opinião petista no portal, numa perspectiva de esquerda. 
Ofereci aos leitores a oportunidade de cotejarem suas opiniões com uma alternativa que não vinha pela direita. O que aconteceu em seguida foi puro Darth Vader, o Lado Escuro da Força.

No primeiro momento, a crônica foi publicada na seção Cultura (embora o texto fosse claramente político e merecesse estar na seção correspondente). Logo após, para meu espanto e horror, foi simplesmente retirada do portal. Isso mesmo: censurada! A leitora Sandra Bastos percebeu a sombra da guilhotina e registrou o estranhamento no dia 19 de outubro. Quando voltou ao ar, a crônica saiu da página de frente e foi exilada para as páginas internas, que têm visibilidade muito menor. Com isso, a repercussão ficou severamente prejudicada, bloqueando minha intenção de inflamar um debate mais do que necessário.
EXCESSO DE MATÉRIAS
Soube que editores do portal alegaram “excesso de matérias” para fazer o que fizeram. Conversa mole. As matérias da seção Cultura da semana passada, por exemplo, incluíam o cinema de Rosselini e as opiniões de Juca Ferreira sobre o cinema brasileiro. Como se vê, temas que poderiam ser perfeitamente postergados, já que estávamos na última semana da campanha eleitoral. Outro detalhe importante. 
Minhas crônicas sempre permaneceram na página da frente do portal por uma semana. A primeira vez em que isso não aconteceu foi exatamente quando divergi da maré montante dilmista. Não nasci ontem, não acredito neste tipo de coincidência. Um dos articulistas do Carta Maior escreveu que votar nulo equivalia a um “crime”. Bingo. Lá estava eu rotulado de criminoso, indigno de ocupar um espaço onde estava a convite.

O pensamento autoritário não admite marolas. Quer garantias antecipadas de que não será ameaçado. No fim da década de 70, colaborei com o semanário Movimento, da chamada imprensa nanica. Submetido à censura prévia, muitas de suas matérias eram parcial ou totalmente vetadas. Mesmo não sendo jornalista, fui encarregado de entrevistar o general Pery Constant Bevilacqua. O militar era um legalista de velha cepa, que tinha defendido a posse de Jango depois da renúncia de Jânio e se oposto ao golpe de 64. Defendia, quando o entrevistei, a anistia (foi um dos fundadores do Comitê Brasileiro pela Anistia).
Redigi a matéria e, tal como em outras, assinei com o pseudônimo de Adolfo Marques. Tratava-se de uma homenagem camuflada a um dos meus grandes ídolos: Adolph Marx, vulgo Harpo Marx, o genial artista que lançava toneladas de humor anárquico e mudo nos filmes dos Irmãos Marx. Pois bem. Os censores de Brasília vetaram na íntegra o texto. Experimentei o gosto amargo da impotência nestas situações. Não havia a quem reclamar.
Claro que a atitude arbitrária do Carta Maior não é igual a dos esbirros da ditadura militar. Os editores foram um pouco mais sutis. Limitaram-se a esconder o que era incômodo. Foi uma espécie de veto branco, asséptico, para tentar livrar a cara dos que o cometeram. Incorreram em dois erros. O primeiro foi acreditar que eu relevaria a manobra. Ledo e ivo engano. Não compactuo com a violação de meus princípios.
O segundo foi subestimar a inteligência dos leitores. Mesmo com visibilidade menor, a crônica foi lida e comentada por um número razoável de internautas. Talvez para surpresa dos censores, que imaginam que ler é aderir, a grande maioria manteve suas convicções e me criticou educadamente. A todos eles, aliás, agradeço pela elegância e cumprimento pelo espírito democrático. Tivesse agido corretamente, o Carta Maior teria patrocinado um debate interessante, que sairia da bitola estreita e medíocre que presidiu as eleições recém encerradas.
Solicitei, delicadamente, esclarecimentos formais ao portal. Em resposta, tive o silêncio. Às vezes, ele é necessário. Em outras, no entanto, seu ruído é ensurdecedor. Entendi o recado. Entendi e não aceito. Em questões de liberdade, sou luxemburguista fanático (de Rosa, não de Vanderlei): “A liberdade para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade.
A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente”. E mais: “Sem livre enfrentamento de opiniões, a vida morre em qualquer instituição pública, torna-se uma vida aparente”. Por tudo isso, não me restou alternativa. Esta foi a minha última crônica que o Carta Maior teve autorização para publicar. Continuarei a escrevê-las semanalmente, remetendo-as apenas para uma lista selecionada de endereços eletrônicos.
* Texto por Jacques Gruman


Ministro que censurou Revista Veja, já trabalhou para o PT.


O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga Neto, que proibiu a revista “Veja” de veicular publicidade da atual edição e deu direito de resposta à Dilma, trabalhou na campanha da petista em 2010. Em junho de 2013, Dilma o nomeou ministro-substituto do TSE. Entidades de defesa da imprensa consideraram censura a decisão judicial.
A capa da “Veja” desta semana estampa as fotos de Dilma e do ex-presidente Lula, com o título “Eles sabiam de tudo”. 
Segundo a revista, o Doleiro Youssef teria afirmado em depoimento acreditar que Lula e Dilma sabiam da Corrupção na Petrobras.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Petista quer o fim do "Bolsa Família".


                                      O Presidente do PT sugere o fim do Bolsa-Família
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se reuniu nesta terça-feira com a bancada do partido na Câmara para debater medidas a fim de controlar a recessão econômica enfrentada pelo governo Dilma.
Uma das propostas mais discutidas na reunião foi a de reduzir o valor do Bolsa Família em 50% já de imediato, a partir de janeiro de 2015. Também foi posto em pauta um eventual fim para o programa em 2017.
Falcão defendeu a ideia e disse que o programa "já cumpriu o seu papel e deve ser suspenso em breve".

"O Bolsa Família está em vigência há 10 anos e as estatísticas mostram que já cumpriu o seu papel. Além de resultar em um alívio na economia, a extinção do programa também irá interromper a sua transformação em uma iminente política de parasitismo. Estou certo de que esta é a decisão correta a ser tomada", disse o presidente petista.
Diante da firmeza imposta por Falcão em suas ideias, a bancada petista rachou. Há deputados que defendem o corte e outros que acreditam que o programa ainda é necessário e não deve ser mexido.
O líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), destacou os avanços induzidos pelo Bolsa Família e disse que ainda "há muito o que ser feito". "A miséria foi praticamente erradicada no Brasil durante estes 10 anos do Bolsa Família. Existem ainda questões a serem resolvidas, como os altos índices de analfabetismo e analfabetismo funcional no país, e eu tenho certeza de que o Bolsa Família é fundamental para se alcançar essas resoluções", disse ele.
Aparentemente, a presidente Dilma compactua com Rui Falcão e também quer o fim do Bolsa Família. A bancada petista deve se reunir novamente nas próximas semanas para discutir mais a fundo essas medidas.

*Arnaldo Süssekind  [Grupo Resistência Democrática)-

*Via Portal UOL - 
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Anotações do doleiro Youssef podem envolver o blogueiro do Brasil 247, em propinas da Petrobras.



Um dos documentos apreendidos pela Polícia Federal mostra a anotação do doleiro Youssef: ‘Leonardo Attuch 6×40.000,00“No monitor de uma das meses (sic) havia um post it com a anotação ‘Leonardo Attuch 11-950206533 6×40.000.00 24/02/2014′”, informa o trecho do relatório em que a delegada Paula Ortega Cibulsk resume o que foi encontrado, num dos imóveis utilizados pela quadrilha de Alberto Youssef, por agentes da Polícia Federal incumbidos de cumprir o mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. No fim do texto reproduzido abaixo, datado de 17 de março de 2014, a delegada acrescenta que anexou ao relatório um registro fotográfico do documento que vincula o alvo principal da Operação Lava Jato ao blogueiro Leonardo Attuch, proprietário do site Brasil 247.

“No monitor de uma das meses (sic) havia um post it com a anotação ‘Leonardo Attuch 11-950206533 6×40.000.00 24/02/2014′”, informa o trecho do relatório em que a delegada Paula Ortega Cibulsk resume o que foi encontrado, num dos imóveis utilizados pela quadrilha de Alberto Youssef, por agentes da Polícia Federal incumbidos de cumprir o mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça. No fim do texto reproduzido abaixo, datado de 17 de março de 2014, a delegada acrescenta que anexou ao relatório um registro fotográfico do documento que vincula o alvo principal da Operação Lava Jato ao blogueiro Leonardo Attuch, proprietário do site Brasil 247.
As letras e os algarismos que constam do anexo 3, confrontados com outras peças da montanha de documentos capturados pela Polícia Federal, revelaram que o próprio Youssef fez as anotações manuscritas que incorporam Attuch ao bando de políticos, governantes, empresários, funcionários públicos, além de indivíduos, que se apresentam como “jornalistas” envolvidos de alguma forma com um dos comandantes do mais portentoso propinoduto montado no Brasil desde o Descobrimento.
São tantos os integrantes do esquema forjado para saquear a Petrobras que, como faz a CBF com os times de futebol, os responsáveis pelo esclarecimento dos crimes dividiram informalmente os investigados em duas categorias. Na série A figuram presidentes da República (embolados no G4), ministros de Estado, governadores, figurões do Congresso, megaempreiteiros, diretores da Petrobras e gatunos de alta patente. Na série B aglomeram-se empreiteiros e fornecedores menos graúdos, parlamentares do baixo clero, funcionários do segundo escalão e jornalistas estatizados ou arrendados pela organização criminosa.
Compreensivelmente, a série A tem monopolizado tanto as investigações de campo quanto os interrogatórios de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, que toparam contar o que muito que fizeram ou sabem em troca dos benefícios da chamada delação premiada. Sorte de Attuch: a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça Federal ainda não encontraram tempo para devassar as catacumbas da classe B. Mas chegará o dia em que as suspeitíssimas anotações manuscritas terão de ser elucidadas.
O blogueiro costuma desperdiçar seu tempo com a edição de textos abjetos sobre jornalistas independentes, aos quais se seguem “comentários” que difamam, caluniam e afrontam a honra de quem ousa criticar o governo lulopetista. A prudência recomenda que suspenda o serviço sujo e procure a ajuda de um advogado especialmente imaginoso. Vai precisar de um álibi e tanto para escapar do enquadramento no Código Penal.
*Direto ao Ponto - Augusto Nunes

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Gente que não merece apoio de gente decente.

SE AÉCIO NEVES, COM SUA POSTURA DE POLÍTICO MODERADOR E DEMOCRATA, PERDOAR E SE ALIAR A DILMA, EM TORNO DE UM TAL PROJETO DE UNIR O BRASIL, DEMONSTRARÁ QUE NÃO MERECEU OS VOTOS QUE RECEBEU DO POVO DECENTE BRASILEIRO.
Eu, sinceramente, não acredito que seja possível se ombrear a quem lhe desferiu tantas ofensas mentirosas, tanta calúnia, tanta difamação.
Dilma e todo o petismo tentou assassinar a reputação de Aécio, e só não o conseguiu porque prevaleceu a verdade.
É preciso que Aécio e todo PSDB se conscientize de que o PT jamais mudará a postura diante deles e de qualquer partido ou político que lhes ameace a perda do poder pelo voto.

Se Aécio fizer uma oposição séria e responsável, é admissível, mas aliar-se jamais.
O que lhe fizeram é imperdoável e não faz parte do jogo político. É coisa de gente suja, sem princípios, sem limites, gente que forma a escória da política brasileira.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Dilma ganha e é a presidente de direito — mas tem seu novo mandato manchado por uma campanha indigna.

(Fotos: Ueslei Marcelino/Reuters :: Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)
Dilma comemora a vitória num hotel em Brasília, e Aécio dá entrevista à imprensa em Belo Horizonte, na casa de sua irmã Andrea: eleita, ela tem mandato manchado por campanha suja; derrotado, ele sai como o mais forte líder da oposição desde o fim da ditadura militar (Fotos: Ueslei Marcelino/Reuters :: Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)
Democratas, como eu, aceitam sem hesitar o resultado das urnas.
Dilma Vana Rousseff, 66 anos, está reeleita presidente da República Federativa do Brasil, depois de obter 51,64% dos votos do eleitorado contra 48,36% atribuídos ao candidato da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB).
Dilma permanece ao leme do Palácio do Planalto, porém, com um mandato manchado por uma campanha indigna de uma chefe de Estado, baseada no terrorismo eleitoral, de um lado, e, de outro, numa espantosa sequência de ataques sórdidos ao adversário num grau que jamais ocorreu desde a volta das eleições diretas para a Presidência, em 1989.
O terrorismo eleitoral
A presidente colocou em dúvida que Aécio mantivesse programas sociais que beneficiam dezenas de milhões de brasileiros, como o Bolsa Família ou o Minha Casa Minha Vida, contra as sucessivas e formais garantias do adversário de que continuariam e seriam aprimorados. Se Dilma apenas colocava em dúvida, militantes do PT e partidários espalhavam a mentira como sendo por todo o país, especialmente no Nordeste, lançando mão de todos os meios possíveis — desde cartazes e carros de som até as redes sociais.
Algo semelhante ocorreu com a suposta intenção de Aécio de sufocar os bancos públicos, como também se distorceram as intenções do candidato quando a presidente alegava que prováveis “medidas impopulares” pretendidas por Aécio na economia seriam — como se fossem sinônimos — “medidas contra o povo”. Demagogia baixa e barata, já que apenas governantes que entram para a história ostentam a coragem de adotar medidas impopulares do ponto de vista eleitoral, mas necessárias para corrigir rumos da sociedade ou da economia, pensando não na eleição seguinte, mas nas gerações futuras.
Além do terrorismo eleitoral, também foi coisa feia a “desconstrução” dos dois governos de Aécio em seu Estado, Minas Gerais (2003-2010), com acusações inteiramente falsas sobre supostos “desvios de recursos” da saúde, entre outras baixarias.
A senha para a campanha suja, com Lula à frente
O pior, no entanto, acabaram sendo as insinuações feitas por Dilma, inclusive em debates presidenciais, sobre a vida pessoal do adversário — a senha para campanha suja, capitaneada do alto de palanques por um ex-presidento Lula que parecia possesso, segundo a qual o candidato tucano tem o hábito de ser violento com mulheres, de beber demais (este ponto Lula, pisando em terreno perigoso para ele, se absteve de tocar) e tomar drogas.
Embora derrotado, Aécio sai da campanha imensamente maior do que entrou.
Aquele que a certa altura da caminhada se viu escanteado para um terceiro posto nas intenções de votos pelos institutos de pesquisa quando a morte trágica de Eduardo Campos (PSB) fez entrar na campanha a candidata Marina Silva, começou a ser abandonado por companheiros e viu temporariamente minguar contribuições financeiras, deu uma inédita, extraordinária volta por cima.
O mais forte líder de oposição do país desde a redemocratização, em 1985
Obteve a espetacular votação de pouco mais de 51 milhões de votos dos brasileiros — em números absolutos, quase a votação recebida por Lula quando se elegeu em 2002 — e, entre outras proezas, foi o candidato mais votado em qualquer eleição em todos os tempos no maior Estado brasileiro, São Paulo — recebeu 15,2 milhões de votos, 3 milhões mais do que o governador tucano Geraldo Alckmin alcançou para vencer a reeleição já no primeiro turno e quase dois terços dos paulistas que compareceram às urnas.
Sai da eleição como o mais forte líder de oposição do país desde a redemocratização, em 1985 — como nada ocorre por acaso, um retorno à democracia no qual seu avô, o Presidente Tancredo Neves, cumpriu papel fundamental.
Um líder com um cartel fabuloso de votos, uma postura de firmeza diante do lulopetismo e um programa de governo moderno e coerente. Com apenas 54 anos de idade, é, desde já,  O nome da oposição para 2018.

*Ricardo Setti, na Veja.com

República Federativa anti-PT.

Acre, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo.
Parabéns aos estados que não compactuam com mentiras, incompetência e corrupção. Parabéns aos estados que não concordam com o populismo barato em troca de votos e de políticos que colocam um partido acima da Nação!

domingo, 26 de outubro de 2014

Com a vitória de Dilma, seus seguidores dilapidadores do erário, continuarão na berlinda.


Dividido por uma campanha de ódio e mentira movida pelo PT e por Dilma, o Brasil escolhe hoje um novo presidente.


O Brasil vai às urnas dividido neste domingo. Depois de 111 dias de campanha eleitoral, marcada por reviravoltas nas pesquisas e a morte de Eduardo Campos (PSB), Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) agora só podem esperar pela escolha da maioria do eleitorado. Das 8h às 17h, 142,8 milhões de brasileiros vão decidir quem será o próximo presidente da República.
No primeiro turno, excluindo os votos brancos e nulos, a candidata petista teve 41,6% da preferência (43,2 milhões de votos), contra 33,6% do tucano (34,8 milhões de votos). A votação surpreendeu, já que a candidata do PSB, Marina Silva, que aparecia empatada tecnicamente com Aécio, ficou em terceiro lugar, com 21,3% da preferência (22,1 milhões de votos).
Para o segundo turno, as últimas pesquisas divulgadas ontem mostraram que o brasileiro deverá ter que esperar até o último minuto para saber quem assumirá o país em janeiro de 2015. Diante dos novos números, aumentou ainda mais a dúvida na preferência entre a petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves. Uma redução na diferença das intenções de voto embolou novamente o cenário eleitoral. . No Datafolha, que voltou a indicar empate técnico, a distância entre os presidenciáveis passou de seis para quatro pontos.
A expectativa é que o resultado da eleição para presidente seja anunciado por volta das 20h. O horário de verão vai atrasar o início da divulgação da apuração dos votos. A previsão do Tribunal Superior Eleitoral é que seja concluída às 19h30 do horário de Brasília, mas a divulgação do resultado só vai acontecer depois das 20h por causa da votação no Acre, que só acabará às 20h (17h do horário local).
* Texto de O Globo

sábado, 25 de outubro de 2014

Youssef: “O Planalto sabia de de tudo!” Delegado: “Quem do Planalto?” Youssef: “Lula e Dilma”.

O doleiro Alberto Youssef afirma em depoimento à Polícia Federal que o ex e a atual presidente da República não só conheciam como também usavam o esquema de corrupção na Petrobras.

Robson Bonin
EM VÍDEO - As declarações de Youssef sobre Lula e Dilma foram prestadas na presença de um delegado, um procurador da República e do advogado
EM VÍDEO - As declarações de Youssef sobre Lula e Dilma foram prestadas na presença de um delegado, um procurador da República e do advogado (Ilustração Lézio Jr./VEJA)
A Carta ao Leitor desta edição termina com uma observação altamente relevante a respeito do dever jornalístico de publicar a reportagem a seguir às vésperas da votação em segundo turno das eleições presidenciais: “Basta imaginar a temeridade que seria não publicá-la para avaliar a gravidade e a necessidade do cumprimento desse dever”. VEJA não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória desse ou daquele candidato. VEJApublica fatos com o objetivo de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o momento para acontecer. Os episódios narrados nesta reportagem foram relatados por seu autor, o doleiro Alberto Youssef, e anexados a seu processo de delação premiada. Cedo ou tarde os depoimentos de Youssef virão a público em seu trajeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF), foro adequado para o julgamento de parlamentares e autoridades citados por ele e contra os quais garantiu às autoridades ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são ou não culpadas.
Na última terça-feira, o doleiro Alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de delação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, colocou os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se pôs à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais. A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado des­de março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, a cabeça raspada e não cultiva mais a barba. O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras. Com a autoridade de quem atuava como o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da República.
Comparsa de Youssef na pilhagem da maior empresa brasileira, o ex-diretor Paulo Roberto Costa já declarara aos policiais e procuradores que nos governos do PT a estatal foi usada para financiar as campanhas do partido e comprar a fidelidade de legendas aliadas. Parte da lista de corrompidos já veio a público. Faltava clarear o lado dos corruptores. Na ter­ça-feira, Youssef apre­sentou o pon­­to até agora mais “estarrecedor” — para usar uma expressão cara à pre­sidente Dilma Rous­seff — de sua delação premiada. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.
— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.
Para conseguir os benefícios de um acordo de delação premiada, o criminoso atrai para si o ônus da prova. É de seu interesse, portanto, que não falsifique os fatos. Essa é a regra que Yous­sef aceitou. O doleiro não apresentou — e nem lhe foram pedidas — provas do que disse. Por enquanto, nesta fase do processo, o que mais interessa aos delegados é ter certeza de que o de­poente atuou diretamente ou pelo menos presenciou ilegalidades. Ou seja, querem estar certos de que não lidam com um fabulador ou alguém interessado apenas em ganhar tempo for­necendo pistas falsas e fazendo acu­sações ao léu. Youssef está se saindo bem e, a exemplo do que se passou com Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, tudo indica que seu processo de delação premiada será homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais. Aos investigadores, Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem.
Uma vez feito o acordo, Youssef terá de entregar o que prometeu na fa­se atual da investigação. Ele já con­tou que pagava em nome do PT mesadas de 100 000 a 150 000 reais a parlamentares aliados ao partido no Congresso. Citou nominalmente a ex-mi­nistra da Casa Civil Gleisi Hoff­mann, a quem ele teria repassado 1 mi­lhão de reais em 2010. Youssef disse que o dinheiro foi entregue em um shopping de Curitiba. A senadora ne­gou ter sido beneficiada.
Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua relevância pa­ra a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e o ex-deputado José Janene, à época líder do PP, sobre a nomeação de operadores do partido para cargos estratégicos do governo. Youssef relatou um episódio ocorrido, segundo ele, no fim do governo Lula. De acordo com o doleiro, ele foi convocado pelo então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, para acalmar uma empresa de publicidade que ameaçava explodir o esquema de corrupção na estatal. A empresa quei­xa­va-­se de que, depois de pagar de forma antecipada a propina aos políticos, tive­ra seu contrato rescindido. Homem da confiança de Lula, Gabrielli, segundo o doleiro, determinou a Youssef que captasse 1 milhão de reais entre as empreiteiras que participavam do petrolão a fim de comprar o silêncio da empresa de publicidade. E assim foi feito.
Gabrielli poderia ter realizado toda essa manobra sem que Lula soubesse? O fato de ter ocorrido no governo Dilma é uma prova de que ela estava conivente com as lambanças da turma da estatal? Obviamente, não se pode condenar Lula e Dilma com base apenas nessa narrativa. Não é disso que se trata. Youssef simplesmente convenceu os investigadores de que tem condições de obter provas do que afirmou a respeito de a operação não poder ter existido sem o conhecimento de Lula e Dilma — seja pelos valores envolvidos, seja pelo contato constante de Paulo Roberto Costa com ambos, seja pelas operações de câmbio que fazia em favor de aliados do PT e de tesoureiros do partido, seja, principalmente, pelo fato de que altos cargos da Petrobras envolvidos no esquema mudavam de dono a partir de ordens do Planalto.
Os policiais estão impressionados com a fartura de detalhes narrados por Youssef com base, por enquanto, em sua memória. “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o do­leiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. O doleiro se comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari. O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências. Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a ajudar a PF a localizar as datas e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT.
Depois da homologação da de­lação premiada, que parece assegurada pelo que ele disse até a semana passada, Youssef terá de apresentar à Justiça mais do que versões de episódios públicos envolvendo a presidente. Pela posição-chave de Youssef no esquema, os investigadores estão con­fiantes em que ele produzirá as provas necessárias para a investigação prosseguir. Na semana que vem, Alberto Youssef terá a oportunidade de relatar um episódio ocorrido em março deste ano, poucos dias antes de ser preso. Youssef dirá que um integrante da ­coor­­denação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na cam­panha presidencial de Dilma Rous­seff. Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia Federal em Curitiba. Procurados, os defensores do doleiro não quiseram comentar as revelações de Youssef, justificando que o processo corre em segredo de Justiça. Pelo que já contou e pelo que promete ainda entregar aos investigadores, Youssef está materializando sua amea­ça velada feita dias atrás de que iria “chocar o país”.
DINHEIRO PARA O PT 
Lula Marques/Folhapress/VEJA
Alberto Youssef também voltou a detalhar os negócios que mantinha com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, homem forte da campanha de Dilma e conselheiro da Itaipu Binacional. Além de tratar dos interesses partidários com o dirigente petista, o doleiro confi rmou aos investigadores ter feito pelo menos duas grandes transferências de recursos a Vaccari. O dinheiro, de acordo com o relato, foi repassado a partir de uma simulação de negócios entre grandes companhias e uma empresa-fantasma registrada em nome de laranjas mas criada pelo próprio Vaccari para ocultar as operações. Ele nega

ENTREGA NO SHOPPING
Sérgio Lima/Folhapress/VEJA
Alberto Youssef confirmou aos investigadores o que disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre o dinheiro desviado da estatal para a campanha da exministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Senado, em 2010. Segundo ele, o repasse dos recursos para a senadora petista, no valor de 1 milhão de reais, foi executado em quatro parcelas. As entregas de dinheiro foram feitas em um shopping center no centro de Curitiba. Intermediários enviados por ambos entregaram e receberam os pacotes. Em nota, a senadora disse que não recebeu nenhuma doação de campanha nem conhece Paulo Roberto Costa ou Alberto Youssef

ELE TAMBÉM SABIA
Sérgio Lima/Folhapress/VEJA
Durante o segundo mandato de Lula, o doleiro contou que foi chamado pelo presidente da Petrobras, José sergio Gabrielli, para tratar de um assunto que preocupava o Planalto. Uma das empresas com contratos de publicidade na estatal ameaçava revelar o esquema de cobrança de pedágio. Motivo: depois de pagar propina antecipadamente, a empresa teve seu contrato rescindido. Ameaçado pelo proprietário, Gabrielli pediu ao doleiro que captasse 1 milhão de reais com as empreiteiras do esquema e devolvesse a quantia à empresa de publicidade. Gabrielli não quis se pronunciar

CONTAS SECRETAS NO EXTERIOR
VEJA
Desde que Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula em 2002, admitiu na CPI dos Correios ter recebido pagamentos de campanha no exterior (10 milhões de dólares), pairam sobre o partido suspeitas concretas da existência de dinheiro escondido em paraísos fi scais. Para os interrogadores de Alberto Youssef, no entanto, essas dúvidas estão começando a se transformar em certeza. O doleiro não apenas confi rmou a existência das contas do PT no exterior como se diz capaz de ajudar a identifi cá-las, fornecendo detalhes de operações realizadas, o número e a localização de algumas delas.

UM PERSONAGEM AINDA OCULTO
VEJA
O doleiro narrou a um interlocutor que seu esquema criminoso por pouco não atuou na campanha presidencial deste ano. Nos primeiros dias de março, Youssef recebeu a ligação de um homem, identifi cado por ele apenas como “Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT. Ele queria os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que seriam usados no caixa eleitoral. Youssef disse que chegou a marcar uma segunda conversa para tratar da operação, mas o negócio não foi adiante porque ele foi preso dias depois. Esse trecho ainda não foi formalizado às autoridades.

O círculo vai fechando

Crédito: Broglio/AP/VEJA
ATÉ A MÁFIA FALOU - Tommaso Buscetta, o primeiro mafi oso a fazer delação premiada. Na Sicília, seu sobrenome virou xingamento
​Quem delata pode mentir?
Alexandre Hisayasu
A delação premiada tem uma regra de ouro: quem a pleiteia não pode mentir. Se, em qualquer momento, fi car provado que o delator não contou a verdade, os benefícios que recebeu como parte do acordo, como a liberdade provisória, são imediatamente suspensos e ele fica sujeito a ter sua pena de prisão aumentada em até quatro anos.
Para ter validade, a delação premiada precisa ser combinada com o Ministério Público e homologada pela Justiça. O doleiro Alberto Youssef assinou o acordo com o MP no fi m de setembro. Desde então, vem dando depoimentos diários aos procuradores que investigam o caso Petrobras. Se suas informações forem consideradas relevantes e consistentes, a Justiça - nesse caso, o Supremo Tribunal Federal, já que o doleiro mencionou políticos - homologará o acordo e Youssef será posto em liberdade, como já ocorreu com outro delator envolvido no mesmo caso, Paulo Roberto Costa. O ex-diretor da Petrobras deu detalhes ao Ministério Público e à Polícia Federal sobre o funcionamento do esquema milionário de pagamento de propinas que funcionava na estatal e benefi ciava políticos de partidos da base aliada do governo. Ele já deixou a cadeia e aguarda o julgamento em liberdade. O doleiro continua preso.
Até o ano passado, a lei brasileira previa que o delator só poderia usufruir os benefícios do acordo de delação ao fi m do processo com o qual havia colaborado - e se o juiz assim decidisse. Ou seja, apenas depois que aqueles que ele tivesse incriminado fossem julgados é que a Justiça resolveria se o delator mereceria ganhar a liberdade. Desde agosto de 2013, no entanto, esses benefícios passaram a valer imediatamente depois da homologação do acordo. “Foi uma forma de estimular a prática. Você deixa de punir o peixe pequeno para pegar o grande”, diz o promotor Arthur Lemos Júnior, que participou da elaboração da nova lei.
Mais famoso - e prolífero - delator da história recente, o mafi oso Tommaso Buscetta levou à cadeia cerca de 300 comparsas. Preso no Brasil em 1983, fechou acordo com a Justiça italiana e foi peça-chave na Operação Mãos Limpas, responsável pelo desmonte da máfi a siciliana. Depois disso, conseguiu proteção para ele e a família e viveu livre nos Estados Unidos até sua morte, em 2000.
*Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/youssef-o-planalto-sabia-de-tudo-delegado-quem-do-planalto-youssef-lula-e-dilma

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Crime eleitoral: doleiro desmoraliza PT e Dilma Rousseff na acusação falsa a Sérgio Guerra.

Flagrante delito: Dilma sabia do depoimento um dia antes de ser realizado
É inacreditável, inaceitável e inimaginável que um partido político e uma presidente da República tenham praticado um crime eleitoral de tamanha gravidade, envolvendo suborno a um criminoso notório para que concedesse um depoimento falso à Justiça e denegrisse a honra de um político já falecido, de forma a prejudicar a campanha de Aécio Neves.
Foi o que fizeram o PT e a candidata Dilma Rousseff, ao criarem um episódio inexistente de suborno do então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, pelo hoje famoso doleiro Alberto Youssef, a pretexto de evitar a criação de uma CPI no Congresso.
No debate de domingo, pela TV Record, Dilma pegou Aécio de surpresa com essa acusação a Sérgio Guerra, e o candidato do PSDB apenas respondeu que, se tivesse havido corrupção no seu partido, também deveria ser punida.
A denúncia era claramente fantasiosa, porque não é preciso subornar nenhum políticos de oposição para evitar a formação de uma CPI, pois a própria base aliada se encarrega de fazê-lo. Mesmo assim, na reta final da campanha, uma acusação desse tipo sempre faz um estrago enorme e pode até decidir a eleição.
Além do mais, o deputado Sérgio Guerra está morto, não pode se defender. Se algum dia a verdade surgisse, a eleição já estaria ganha e ficaria tudo por isso mesmo. Uma trama realmente diabólica, como o clássico filme de Joseph L. Mankiewicz.
DOLEIRO DESMENTE TUDO
Ao criarem essa falsa denúncia, os “gênios” do comitê de campanha de Dilma Rousseff julgaram ter bolado o chamado crime perfeito. Mas logo foram desmascarados, porque não contavam com a firme oposição do doleiro Alberto Rousseff, que jamais citara o nome de guerra ou de qualquer outro político do PSDB em seus apimentados depoimentos e resolveu desmentir a armação.
A verdade veio à tona com a surpreendente entrevista do advogado Antônio Figueiredo Basto, que defende o doleiro Youssef. Falando ao site G1 (da Organização Globo), o advogado desmentiu inteiramente a acusação feita por Leonardo Meirelles, que trabalhava com o doleiro e também é réu da Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Disse que jamais houve suborno a Sérgio Guerra e foi além, anunciando ter apresentado à Justiça Federal, na tarde desta quarta-feira (22), um pedido de acareação entre o seu cliente e Meirelles, que era testa-de-ferro do doleiro no Laboratório Laborgen.
CRIME ELEITORAL
Diante desses fatos indesmentíveis, o crime eleitoral fica complemente configurado e transparente, sobretudo porque a presidente Dilma Rousseff teve a audácia e a insensatez de usar a informação no domingo, durante o debate na TV Record, para surpreender o candidato Aécio Neves. 
Mas como é que Dilma poderia saber dessa declaração de Meirelles na noite de domingo, se ele só iria prestar depoimento na segunda-feira? É uma pergunta que jamais será respondida.

Agora, a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal têm obrigação de investigar o caso, para apurar os seguintes fatos:
1) Quem subornou Leonardo Meirelles para inventar a acusação a Guerra?
2) Quem passou essa informação à presidente Dilma Rousseff, para que ela pudesse ter conhecimento do assunto uma dia antes do depoimento ser prestado.
Sabendo quem passou a informação a Dilma, é só seguir o fio da meada até chegar a Meirelles. Simples assim. E só para reforçar a apuração, A Justiça pode e deve quebrar o sigilo telefônico e de internet dele, para saber com quem se comunicou nos últimos dias.
De tudo isso, emerge a certeza de que nunca se fez uma campanha tão suja como esta, confirmando o que há vários meses previu o ministro Gilberto Carvalho: “Este ano o bicho vai pegar!” O que não se sabia é que o governo e o PT iriam cair tão baixo, a ponto de cometerem um abjeto crime eleitoral como esse.
*Carlos Newton

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Fatos econômicos que você precisa saber antes de votar.

Dos juros à inflação, do câmbio às contas públicas, saiba como os indicadores econômicos podem impactar, para o bem e para o mal, a vida dos brasileiros.

A presidente Dilma Rousseff durante coletiva, no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira (19)
A presidente Dilma Rousseff durante coletiva, no Palácio do Planalto (Ueslei Marcelino/Reuters)
O ano de 2014 se sobressai quando se trata de indicadores econômicos ruins. Tudo piorou: dos juros à inflação, da balança comercial ao emprego, das contas públicas à política cambial. São informações que afetam diretamente a vida dos brasileiros e precisam ser levadas em conta na hora do voto. O site de VEJA preparou uma lista que mostra como a deterioração dos indicadores pode mudar a realidade da população a partir do ano que vem.

Comprar carros não é mais tão simples. Por quê?

O governo protelou até onde foi possível, mas permitiu a subida dos juros a partir de 2012. Com os financiamentos mais caros, menos brasileiros se sentem seguros para assumir uma dívida tão alta como é a compra de um veículo. Além disso, diante do crescimento baixo da economia, os bancos se tornaram mais criteriosos na hora de conceder empréstimos, o que fez com que menos brasileiros tivessem acesso a crédito. O resultado é que as montadoras enfrentam um de seus piores anos, com queda de 9% nas vendas de veículos somente em 2014. Com isso, as fábricas passaram a demitir. O setor automotivo, que inclui também as fábricas de autopeças, é um dos maiores empregadores da indústria brasileira. Se o setor vai mal, o emprego é sacrificado. Segundo o IBGE, a indústria automotiva já demitiu mais de 8.000 funcionários até agosto deste ano.

'Governo espantou as montadoras que viriam ao país’

Presidente da chinesa JAC Motors, Sergio Habib faz um raio-X do setor automotivo após as medidas protecionistas implantadas no governo Dilma. O diagnóstico: deu tudo errado.

Ana Clara Costa
Sérgio Habib, presidente da JAC Motors no Brasil

Sérgio Habib, presidente da JAC Motors no Brasil (Alex Silva/Estadão Conteúdo/Estadão Conteúdo)
O governo Dilma empreendeu um esforço hercúleo para agradar as montadoras nacionais. Desde 2011, uma série de medidas protecionistas foi implementada, como aumento de impostos sobre carros importados e exigência de uso de conteúdo nacional para as fábricas interessadas em se instalar no Brasil. Hoje, percebe-se o tamanho do erro. Mesmo com toda a bondade petista, vendas e produção despencam mês a mês. A chinesa JAC Motors vivencia como nenhuma outra os efeitos das medidas desastradas. A companhia havia anunciado a instalação de uma fábrica no Brasil semanas antes do aumento de 30 pontos porcentuais do imposto sobre produtos industrializados (IPI) sobre os carros importados, em setembro de 2011. A ideia era importar veículos ao longo de três anos para então começar a produzi-los no país. O novo IPI inviabilizou as importações e a conjuntura ruim atrasou a instalação da fábrica. Em entrevista ao site de VEJA, o presidente da JAC, Sergio Habib, lamentou a situação. “As medidas dificultaram a entrada de novas montadoras. O governo quis que o empresário se casasse com o Brasil antes de namorá-lo. E ninguém mais quer correr esse risco”.
  
O novo regime automotivo instaurado pela presidente Dilma, também chamado de Inovar-Auto, fracassou? 
Ele não atingiu o objetivo do governo porque, em vez de facilitar, dificultou a vinda de novas fábricas ao Brasil. Tanto a JAC quanto a Chery já haviam anunciado fábricas no país antes do Inovar-Auto e antes do aumento do IPI. Mas as novas empresas não vieram. BMW, Jaguar, Mercedes e Audi já estavam no Brasil como importadoras e iam fazer fábrica, com Inovar-Auto ou sem. Já outras marcas asiáticas, como a Wulling e a indiana Tata, não vieram e não vão vir tão cedo. 

Por quê? Para montar uma operação em qualquer país, primeiro é preciso ver a aceitação do produto e testar o mercado como importador. Depois de testar, ocorre o investimento. Foi assim na década de 1990 com Toyota, Citroen, Honda, Peugeot, Renault e Nissan. A Citroen importou carros durante 10 anos e só então fez a fábrica. A Peugeot, durante 9 anos. A Toyota começou a importar em 1991 e só em 1999 construiu a fábrica. Todas elas ficaram cerca de uma década importando antes de construir. Hoje, com o Inovar-Auto, você não pode importar sem ter um projeto de fábrica. Ou seja, ele exige que uma empresa se case com o Brasil antes de namorá-lo. E essa não é a lógica para nenhuma empresa. Ninguém topa. O Brasil exige do empresário um cheque de 500 milhões de reais para a construção de uma fábrica sem que ele esteja familiarizado com o mercado brasileiro. Isso não faz sentido para ninguém. 
 
A única forma de testar é pagar o novo IPI? 
Sim, mas isso é inviável. Os 30 pontos porcentuais que o governo aumentou em 2011 equivalem a um imposto de importação de 85%. Nenhum país decente pratica uma alíquota como essa.  E não compensa porque o consumidor não vai pagar. A única forma de importar é por meio de cotas que o governo estabeleceu ao criar o Inovar-Auto. Mas essas cotas funcionam apenas para marcas que já estavam no país, como as de automóveis de luxo, por exemplo. Além disso, o limite de cotas é de 4 500 carros por ano, o que é insignificante para um mercado de 3,5 milhões de automóveis como o Brasil. 

O que é pior para o setor: a exigência de instalação de fábrica ou as regras de conteúdo local? 
As regras que regulam o conteúdo local usado na fabricação dos carros, para que se consiga um desconto no IPI, são muito retrógradas. Não é papel do governo controlar se o farol do carro que estamos usando foi fabricado no Brasil, na China ou na Alemanha. A empresa tem de comprar o farol onde lhe for mais conveniente. Mas o governo vai além: quer saber se o espelho retrovisor e até mesmo o motor responsável por movimentar o espelho são fabricados no Brasil. Por isso decidiu criar o Inovar-Peças, para estimular a cadeia de suprimentos. Mas, como controlar esse tipo de detalhe é algo dificílimo, o projeto ainda não saiu do papel.
 
É possível para uma montadora estrangeira recém-chegada cumprir as metas de conteúdo local? 
No caso da JAC, vamos cumprir as exigências de conteúdo local não porque o governo quer, mas sim porque, no nosso caso, compensa e é possível. Agora, se sou a BMW, é óbvio que vou importar meu motor da Alemanha. Não faz sentido o governo exercer poder sobre isso. Nenhum país é bom em tudo. Se a gente quer ter um país competitivo, temos de nos especializar em algumas coisas e fazê-las bem, e barato. Quando se fecha o país, força-se as empresas a tomar decisões baseadas em decretos, em vez de bom-senso. 
 
Os preços dos carros subiram desde a criação do Inovar-Auto, em 2012? 
Nos últimos cinco anos, os preços de carros não subiram muito. Começaram a subir este ano. O que ocorreu foi que, quando a indústria de veículos passou de 2,5 milhões para 3,5 milhões de carros, os ganhos com produtividade permitiram que o aumento da produção em 1 milhão de veículos compensasse a inflação e os gastos com reajustes salariais. Agora que o mercado estagnou, a empresa tem aumento de despesa, tem de reajustar salário de funcionários, pagar o reajuste do aluguel, do preço da energia. Tudo subiu, mas a produção não. Então, agora, percebe-se o aumento de preços. 
 
E se houvesse mais concorrência? 
Seria a única forma de fazer com que os preços dos carros subissem menos que a inflação. Ou não subissem. A tendência, quando se é empresário num país fechado, é passar mais tempo em Brasília tentando defender seus interesses do que na fábrica tentando diminuir custo. E tem o custo Brasil, que piora o cenário. Levar um contêiner da fábrica da JAC de HengFeng para Shangai, na China, o que corresponde a uma distância de pouco mais de 500 quilômetros, custa cerca de 500 reais. No Brasil, transportar um contêiner de São Paulo ao Rio de Janeiro custa 1 900 reais. O nosso país está muito torto. Para compensar esse custo de logística, o dólar tinha que estar custando 8 reais. 
 
A imagem do Brasil para o empresário estrangeiro está arranhada? 
Quando trouxe a JAC para o Brasil, a intenção era importar 30 mil carros por ano por três anos, para depois construir uma fábrica com capacidade para 100 mil carros. Minha esposa, que é mineira, me disse para tomar cuidado com a ousadia. Mas eu então pensei: há muitos anos não se muda a regra do jogo no Brasil. Fernando Henrique e Lula não mudaram. Sabe o que aconteceu? Ela tinha razão. O que é uma pena, pois mudar as regras do jogo no meio da partida, conforme o placar, espanta o empresário, que acaba não investindo mais nada. O espírito animal do empresário está na toca. Quem quer investir num país onde não se conhecem as regras do jogo, onde tudo é incerto? O pior é que esse sentimento é generalizado. Mudaram as regras no setor elétrico, automotivo, de infraestrutura. E depois reclamam que poucos se interessaram pelas privatizações. Numa escala mais ampla, isso trava o país.

Por que o mercado consumidor de veículos está tão ruim? Nada afeta tanto as vendas quanto a alta dos juros e a falta de confiança no emprego. Se a montadora aumenta o preço do carro de 3% a 4%, o efeito na prestação é muito menor do que quando a Selic passa de 7,5% para 11,5%. E esse impacto é tão significativo justamente porque uma minoria compra carro à vista. Cerca de 65% são financiados. E, justamente porque são financiados, um consumidor não vai se comprometer com a compra de um bem durável caro se não tiver absoluta certeza que terá emprego para conseguir pagar as parcelas. Hoje, as pessoas estão com medo do futuro. O que muitos têm feito é trocar de carro, mas por um usado, não zero. Assim, se arriscam menos, pois gastam menos também. Como resultado, o mercado de carros usados subiu 12% em 2014, enquanto o de carros zero caiu mais de 3%.
 
A menor oferta de crédito também ajudou nessa piora? 
Não, de forma alguma. Os bancos não estão mais restritivos hoje do que um ano atrás. O que acontece é que os juros estão mais caros e isso restringe o acesso ao bem. Há ainda a questão da inadimplência, que não é um problema de agora. Desde que a economia começou a desacelerar, três anos atrás, os bancos estão mais rígidos na hora de avaliar o cliente que pede financiamento automotivo. Não é algo que tenha começado em 2014, então não se pode culpá-los.
 
A Copa teve alguma influência no mercado de veículos? 
Sim, e relevante. As vendas caíram 17% em relação ao ano passado. Ninguém trabalha, ninguém faz nada. No Rio de Janeiro tivemos apenas 15 dias úteis no mês. Quem consegue vender diante desse cenário? A Copa do Mundo, para quem não tem restaurante, hotel ou bar, foi terrível. Há municípios que decretam feriado em todos os dias de jogos. 

Como será a estrutura da fábrica JAC no Brasil? 
Está sendo construída em Camaçari, Bahia, e dois terços do negócio pertencerão aos chineses. Eu fico com um terço. Inicialmente, a participação seria o oposto, pois pegaríamos financiamento do BNDES para comprar o maquinário, pelo programa PSI. Mas mudamos de ideia. Como Brasil é caro, o BNDES dá dinheiro a taxas subsidiadas. Em vez de você ter uma taxa normal de juros, você tem uma indústria não competitiva e juros subsidiados. O problema é que mesmo assim não compensa. Um prensa fabricada no Brasil, mesmo com juros baratos, é mais cara do que uma prensa nos Estados Unidos, na Coréia ou na China. No passado, os juros do BNDES eram mais realistas, mas o banco financiava maquinário estrangeiro. A fábrica da Hyundai foi toda construída com máquinas importadas e com dinheiro do BNDES. No nosso caso, a conta não fechou. Vamos trazer máquinas de fora, inclusive da Alemanha, pagando menos. Só que o capital será dos chineses, por isso a troca de participação societária.
 
Os chineses estão decepcionados com o Brasil? 
A maior frustração é a mudança de regra. O chinês é muito prudente, estuda o país profundamente e essas mudanças assustam. A JAC recebeu ordem do governo chinês para crescer seu negócio. Para onde eles iriam crescer? O Brasil é um destino óbvio. Agora, o governo pensa que o mercado interno é patrimônio do povo brasileiro e que tem de ser usado por empresas que estão fixadas no país. E isso faz com que a gente pague pelas ineficiências que a falta de concorrência traz. O Inovar-Auto pode até ter sido feito com a melhor das intenções. Mas não precisava disso, não precisava de decreto para convidar um empresário a investir aqui. Todos que se instalaram já tinham planos. Agora, o Inovar-Auto acaba em 2017. Qual empresa que jamais trabalhou em solo brasileiro começaria a planejar sua vinda com base num regime que termina em três anos, ainda mais se permanecer um governo que tem o histórico de mudar as regras do jogo?


Montadoras anunciam nova onda de demissões e férias coletivas.

Condições de inflação, câmbio e ambiente político estão prejudicando o desempenho do setor
Condições de inflação, câmbio e ambiente político estão prejudicando o desempenho do setor (Germano Luders/VEJA)

A melhora verificada nas vendas de veículos em setembro, com alta de quase 9% em relação a agosto, não trouxe segurança ao setor automotivo. As montadoras anunciaram nova onda de férias coletivas e programas de demissão voluntária (PDV), medidas que vêm sendo adotadas desde o primeiro trimestre do ano.
A General Motors (GM) abriu na quarta-feira novo PDV para trabalhadores das fábricas de São Caetano do Sul e de São José dos Campos (SP), mas não divulgou metas. A empresa já tem 930 funcionários de São José em lay-off (suspensão temporária de contratos). Ford, Renault e Volkswagen vão dar novos períodos de férias coletivas e licenças a partir de sexta-feira.
No mês passado foram licenciados 296.300 automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, resultado 8,7% melhor que o de agosto, mas 4,3% inferior ao de setembro de 2013. No acumulado do ano, as vendas somam 2,78 milhões de veículos, queda de 9,1% em relação a igual período do ano passado.
"As condições de inflação, câmbio e ambiente político ainda não permitem afirmar que a melhora verificada em setembro será contínua, e prova disso é o fato de as fabricantes continuarem a adotar medidas de corte de produção", diz Ricardo Pazzianotto, sócio da PriceWaterhouseCoopers (PwC). "Não há segurança por parte da indústria de uma retomada de mercado."
A Ford interromperá de sexta até o dia 13 toda a produção de automóveis e caminhões da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Os dias parados serão descontados no banco de horas (sistema de compensação de horas trabalhadas) dos 3.500 funcionários que serão dispensados.
A Volkswagen dará férias coletivas de vinte dias a partir de meados do mês para cerca de 1.000 funcionários do primeiro turno da unidade de São José dos Pinhais (PR). Na segunda-feira, um grupo de 400 funcionários volta do lay-off após cinco meses, e outro grupo de 150 pessoas continuará em casa até o fim do mês.
"Não vemos sinal de melhora e é possível que, após o fim das férias coletivas outras medidas sejam adotadas, como novo grupo em lay-off ou mais férias coletivas", afirma Jamil Davila, do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e região. Também no Paraná, a Renault dará férias a 3.000 trabalhadores (de um total de 6.500) das linhas de carros e motores entre os dias 13 e 22.
A empresa alega necessidade de reduzir a produção por causa da queda das exportações para a Argentina e a baixa demanda no mercado brasileiro. No período, 10.000 automóveis e 12.000 motores deixarão de ser produzidos, segundo a Renault.
A Mercedes-Benz estuda prorrogar por mais cinco meses o período de lay-off de 1.200 operários suspensos desde julho e que deveriam voltar em novembro.
Promoções - Na opinião de analistas, o melhor desempenho verificado nas vendas em setembro se deve em parte às promoções feitas pelas fabricantes e revendas e ao fato de o mês ter um dia útil a mais que o anterior.
Só as vendas de automóveis e comerciais leves somaram 282.800 unidades, 9% a mais que em agosto, embora 3,9% inferior às do mesmo mês de 2013. De janeiro a setembro o segmento vendeu 2,4 milhões de unidades, 8,8% a menos que no mesmo intervalo de 2013.
Pelo quarto mês seguido, o Fiat Palio foi o automóvel mais vendido no país, com 15.907 unidades, seguido por Onix, da General Motors (13.483) e Volkswagen Gol (12.583). No acumulado do ano, o Gol segue como líder, com 134.729 unidades vendidas, 5.964 à frente do Palio, com 128.765, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
As vendas de motos cresceram 7,65% em setembro ante agosto, para 119.842 unidades. No ano, a queda acumulada é de 5,26%, com 1.069.898 unidades. 

Com crise no setor, Brasil cai para 6º lugar em venda de veículos

A Grã-Bretanha, com um crescimento de 8,8% nas vendas, assumiu a quinta colocação em junho, com 259.003 veículos vendidos

Linha de montagem na fábrica da General Motors em Glórinha, no Rio Grande do Sul
Linha de montagem na fábrica da General Motors em Glórinha, no Rio Grande do Sul (Jefferson Bernardes/VEJA)
O Brasil perdeu uma posição no ranking mundial de venda de veículos em junho, mostra levantamento realizado pela consultoria Jato Dynamics. Em junho, época de uma série de feriados por conta da Copa do Mundo, as vendas no Brasil caíram 17,3%, para 250.651 veículos. Dessa forma, a Grã-Bretanha, com um crescimento de 8,8% nas vendas, assumiu a quinta colocação em junho, com 259.003 veículos vendidos.
No acumulado do primeiro semestre, o Brasil se manteve na quinta colocação, à frente da Grã-Bretanha. Nos seis primeiros meses do ano, as vendas de veículos no Brasil caíram 7,3%, para 1.582.711 veículos.
A primeira colocação no acumulado do ano continua com a China, com 10.152.548 veículos vendidos. Logo em seguida aparecem EUA (8.160.704), Japão (2.972.807) e Alemanha (1.643.396). Os números da China levam em conta apenas veículos de passeio, enquanto para o restante dos países são incluídos carros e comerciais leves.
Entre as marcas, a Toyota manteve a liderança de vendas. Com um crescimento de 1,74% no primeiro semestre, a companhia registrou 3.251.286 veículos vendidos. Logo em seguida aparecem Volkswagen e Ford, com crescimentos de 2,51% e 2,14%, respectivamente.

(Com Estadão Conteúdo)