Numa cúpula
informal da esquerda, desdobram-se os mapas do mundo. Enquanto um de seus
membros fala da importância de não sei que países da América Central, um velho
todo enrugado, que ocupa o centro da mesa, corta-lhe a palavra e diz:
– Que é isso, camarada? Você não vê que, como se
diz vulgarmente, a “bola da vez” é o Brasil? Olhe para este mapa e compreenda, de
uma vez por todas! Veja o tamanho desse gigante! Veja a pujança que pode
explodir de uma hora para outra! Veja a inteligência desse povo! Se ele
for nosso, a América do Sul também o será, pois tem fronteiras com quase todos
os países. Sem contar a esperteza de seus homens. Agora haverá eleições lá e,
de um jeito ou de outro, a esquerda estará na frente. Mas não fale por enquanto
do finado Chávez, por mais querido que ele nos seja, nem da Venezuela.
Silêncio! Eles têm um apego enorme à própria soberania e ainda não estão no
ponto para formar um bloco conosco! Espere um pouquinho só!
Como tudo que é fictício, a imagem dessa reunião
dissipou-se nas névoas da minha imaginação. Entretanto, é certo que na campanha
eleitoral pouco ou nada se falou de Chávez, ou de Maduro, pois aqui essas
pessoas não são vistas com simpatia popular. Afinal, ordens são ordens, e o
silêncio se fez. Um silêncio inteiramente lógico do ponto de vista da esquerda,
não é?
Outro silêncio, este não
inteiramente lógico, foi a estranha e “quase completa” omissão
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Como bem observa em recente comunicado o Instituto
Plinio Corrêa de Oliveira, “face aos rumos para os quais aponta tal
quadro eleitoral, é compreensível a perplexidade dos católicos – e de tantos
outros que não o sendo reconhecem o papel fundamental da Igreja”, ante
tal “quase completa omissão”.
O muito oportuno pronunciamento desse Instituto
detalha suas razões: “Era natural que esse organismo episcopal (a CNBB)
fizesse sentir a influência sobrenatural da Santa Igreja, pela pregação da
verdade evangélica, para o bem espiritual, intelectual e moral daqueles que a
ela se abrem. Mas, infelizmente, a CNBB vem relegando para segundo plano uma
série de temas de primordial importância religiosa e moral no que diz respeito
ao bem comum espiritual e temporal do Brasil; e vem tentando modelar a opinião
pública a seu gosto em determinados problemas políticos e socioeconômico, em
incursões em matéria especificamente temporal, revestidas, por vezes, de uma
agressividade voltada para a agitação”.
Mas há mais. Essa perspectiva se torna mais grave
quando se considera que a própria CNBB, em seu documento nº 91, Por uma
reforma do Estado, com participação democrática, “endossa a criação
de estruturas de participação popular, questiona a democracia representativa e
propõe uma nova forma de viver a democracia, tudo em sintonia com o decreto
presidencial 8243”.
Com efeito, esse decreto, a pretexto de
participação popular, lança ideias que equivalem a criar sovietes em nosso País,
em substituição à democracia representativa atualmente vigente.
Um provérbio francês é muito aplicável a tudo o que
diz respeito a esse pleito: A desconfiança é a mãe da confiança. Bendita
desconfiança!
(*) Leo
Daniele é escritor e colaborador da ABIM.
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