Nos últimos anos, a Rua 25 de Março, polo comercial mais movimentado da América Latina, passou ilesa por inúmeras crises econômicas. Em 2015, tem sido diferente. Lojas fecharam, a multidão de compradores diminuiu e muita gente foi demitida. O mesmo fenômeno é observado no Rio de Janeiro. Quem circula pelo centro da cidade, especialmente nas proximidades da Rua da Carioca e da região que abrange a Sociedade dos Amigos dos Arredores da Rua da Alfândega (Saara), encontra fileiras de estabelecimentos fechados. Segundo os lojistas, há muito não se via um cenário tão desolador. O aperto financeiro é tão feio que, desta vez, chegou até ao comércio popular.
Na 25 de Março, 18 lojas fecharam as portas no primeiro semestre de 2015. No ano passado, nenhuma havia deixado de funcionar. Segundo a Univinco, associação dos lojistas locais, o número de visitantes despencou 30%, o que deve resultar, até o final do ano, numa queda de 20% nos lucros. Dados da Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro mostram que, que entre janeiro e maio, 1.280 estabelecimentos comerciais da cidade encerraram suas atividades. Destes, 233 ficavam no centro. “Neste momento de incertezas, com inflação e desemprego em alta, a primeira atitude do consumidor é reduzir gastos”, diz Aldo Gonçalves, presidente do Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio). “Com isso, o comércio acaba sucumbindo.”
Segundo os empresários, não se tem notícia de um momento tão difícil para o comércio popular. “Nos 18 anos que estou aqui, nunca vi nada parecido”, diz Cláudia Urias, diretora da Univinco. “Nós sabemos que o ano já foi perdido. Os lojistas agora estão pensando apenas em pagar contas e o que fazer para não demitir funcionários.” O retrato da crise é traduzido em números. O movimento de vendas deve cair de R$ 17 bilhões em 2013 para R$ 13 bilhões em 2015 – isso nas previsões menos pessimistas. O saldo pode ser pior.
*Por Ludmilla Amaral e Helena Borges, via Revista Època
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