terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

É pau, é pedra. Será o fim do caminho?

Conta de luz: 670 paus. A do celular: 575 paus. Tanque cheio: 199 paus. Supermercado: passando de 800 paus, no somatório das idas semanais aos dois exploradores que me cercam: Pão de Açúcar e Zona Sul. Olhando assim, pegando a máquina de calcular, não é tanto… Calma aí! É, sim. Moro sozinha, em apartamento médio, e possuo um VW Up – tido e havido como o que há em matéria de economia de combustível. Ar condicionado – tirando aqueles dias de calor insano – só o do meu quarto na hora de dormir e assim mesmo desligo no meio da madrugada quando o ambiente já está refrigerado (Isso é um grande sacrifício para quem, como eu, mora de frente para a Rua Jardim Botânico, das mais barulhentas do mundo). Ah! Mais um: IPTU 2016 = R$ 2 mil e tanto; IPVA 2016 = R$ 1.600 e tantos. Seguro saúde: R$ 1.300 e tantos.Haja máquina de calcular pra tanta conta.

Contrapartida  de toda essa dinheirama em termos de qualidade de vida, de respeito ao cidadão e a seus direitos mais básicos: ZERO.
***
Caí de cama e liguei para a médica amiga da vida, como sempre recorro ao outro médico também amigo da vida nas horas de sufoco. Não confio em atendimento de plano de saúde, com raras e honrosíssimas exceções, muito menos nessas emergências de onde, se bobear, saímos mortos ou infectados com o zika da hora.  E muitas vezes, além de doentes, humilhados por atendentes de quinta categoria, sem qualquer respeito ou sentimento de solidariedade por seu próximo.
Fui ao banco tentar tirar dinheiro. Nenhuma máquina lia meu cartão. Pudera! As ditas cujas foram vandalizadas durante o weekend. Segundo o funcionário do banco, os cretinos tentavam enfiar papel nos locais de onde sai o dinheiro e onde se coloca os envelopes de depósito. Não posso deixar de me perguntar aonde estavam os seguranças que deveriam estar cuidando da agência ou por que não há um alarme que pelo menos assuste esses meliantes. Imagino que os seguranças estão sendo demitidos aos montes nesse Brasil que desmorona e que deveria obrigatoriamente ter um alarme por metro quadrado tantos são os ladrões safados de todos os calibres espalhados pelo território. Como o alarme deve ser caro, sugiro uma ratoeira em seu lugar. Et pour cause, como diriam os franceses.
***
Não, meus amigos, não estou mal humorada pelos dias de estaleiro. Estou mesmo é revoltada com a passividade desse povo que só pensa em carnaval, em bloco, em encher a cara de cerveja e emporcalhar nossa cidade. Uma garotada que só tem tatoo e a beleza da juventude, a que dá e passa. Passam 15 dias enchendo a cara de bebida e otras cositas más, meninas lindas – e bêbadas, caindo – com seus shortinhos micro,  compridos cabelos, e nem um pingo de comprometimento com coisíssima alguma que não seja decorar o samba do bloco e preparar a boca para os muitos beijos que distribuirão. O país tá se acabando? Dilma? Que Dilma? Que Cunha? Que Picciani??? Que Lava Jato??? Tá doida, essa tia.

O negócio é sambar e encher a cara

Não são apenas os jovens, não. A turma mais velha, meu pessoal da terceira idade, tá todo mundo aí, meio encostado, só metendo o pau. Não vejo ninguém se mexer pra porra nenhuma. Nem eu. Mas pelo menos escrevo e tento incitar, dar o que falar, o que pensar. É impossível que a gente cruze os braços enquanto Dilmão, a sem noção, continua – qual uma daquelas antigas bonecas de dar corda – recitando platitude atrás de platitude. Isso quando consegue algum nexo, praticamente uma missão impossível. Ali a coisa é tão grave que me pergunto se, nesses check-ups a que ela se submete no Sírio e Libanês, estão fazendo investigações neurológicas no cérebro de Sua Excelência. Penso como o deputado Jarbas Vasconcellos: ela está com algum comprometimento neurológico sério. Tico e Teco andam cada qual em um bloco, já que estamos na época da folia. Mas ela não está nem aí. Certa de que reinará até o fim sem maiores problemas, com certeza já faz planos para o seu carná lá na Bahia, em companhia daquele  Rasputin de olhos azuis e da inseparável bike.
Essa gente lá do Planalto tem uma sorte danada.  Neguinho hoje só quer saber do tal do carnaval, como se vivêssemos todos no melhor dos mundos, com os bolsos cheios de dinheiro e aquela vida mansa que tantos tiveram em outros carnavais  quando a marchinha cantava “as águas vão rolar, garrafa cheia eu não quero ver sobrar…” (Opa!!! Essa é a melô de outro presidente, né, não?)
***
Dilmão e seu Rasputin de olhos azuis. Skindô, skindô!!!!

É duro de aguentar o Brasil de Dilmão. Insuportável e sobretudo injusto. Chego ao fim dessa crônica pensando que infelizmente tudo ficará do jeitinho que está. Hoje, em matéria de indignação cívica e luta, nosso povo não é de nada. Tudo está azul, azul, enquanto aqueles idiotas ficarem de sacanagem no BBB, o dinheiro der para um porre de cerveja, um salsichão no espeto e o cartão do celular.
P.S. Não irei à manifestação do dia 13 de março.  Não levarei mais a sério qualquer  convocação para encontro num domingo de sol na orla de Copacabana. Quando o povo quis acabar com a ditadura, ocupou numa sexta-feira à tarde toda a Avenida Presidente Vargas e seus arredores no Comício das Diretas. Qualquer coisa para acordar este país tem que ser feita durante a semana e no centro de todas as capitais do País. De preferência, durante o expediente.


*Anna Ramalho é jornalista. Criadora e editora do Portal Anna Ramalho, também é cronista sempre que pode.
*Via http://lilicarabinabr.blogspot.com.br/

Um comentário:

  1. Um exemplo classico da triste realidade que vivemos é a completa IMPUNIDADE que reina no Brasil, começando pelos terroristas de 64. Nao sei como os militares concordaram que fosse assinada essa tal "Lei da Anistia", que representa uma aberraçao em todos os sentidos (culpa no cartorio?).
    Como alguem pode ser perdoado de crimes tao graves, como tortura, assassinato com requintes de crueldade, carcere privado, e outras aberraçoes, perpetradas contra inocentes? Nao hà qualquer justificativa para tal.
    Os brasileiros deveriam exigir um julgamento para todos que praticaram esse tipo de açao terrorista (a qualquer tempo), pois, se assim nao o fizermos, como poderemos, por exemplo, exigir puniçoes severas para pessoas que tenham praticado crimes menos graves do que esses?
    Chega de IMPUNIDADE!!! Se querem um pais justo, o exemplo tem que partir de cima.

    ResponderExcluir