Com todo o respeito à crença e às convicções alheias, precisamos ter em mente que a liberdade individual é o valor civilizacional mais importante a ser respeitado e consagrado numa sociedade livre e soberana. Ela se refere não ao fato de as pessoas saírem fazendo o que lhes dá na telha, mesmo porque a liberdade de cada um é naturalmente limitada pela liberdade dos demais, mas a perfeita compreensão de que os direitos provêm do cumprimento dos deveres e obrigações que os consubstanciam.
No entanto, a estrutura da sociedade tem que garantir a criação de oportunidades para que as pessoas possam se preparar para lutar pela vida e vencer, na medida em que isso, ‘vencer na vida’, não significa exatamente ficar rico, mas realizar algo de construtivo, de participativo, no desenvolvimento e na manutenção da sociedade a que pertencem, algo que possa ser chamado de uma carreira de sucesso associada à probidade e a retidão de caráter.
Obvia e infelizmente, não são todas as pessoas que chegam a tal resultado, mas é preponderante que isso não ocorra por falta de oportunidades geradas pelo próprio sistema social em que elas vivem.
Assim sendo, o problema da sociedade não é o rico, ou aquele que cresce em família bem estruturada, capaz de lhe transmitir uma boa educação e uma escolaridade mais intensa e de melhor qualidade para a consecução do objetivo maior de transformá-lo num cidadão produtivo, participativo e consciente do exercício dessa cidadania.
O problema consiste nas pessoas que crescem fora dessas condições ideais, ou seja, aquelas que vivem nos chamados “bolsões de pobreza e ignorância” (porque aquela é produto desta), e onde a sociedade – através de grupos, empresas, ONGs e até do organismo estatal – deve garantir a criação de oportunidades que realmente irão modificar seu triste status.
Também é preciso compreender que essa dita ‘ação da sociedade’, seja por que veículo for, não pode se concretizar apenas pela mera distribuição de recursos financeiros e quaisquer outras benesses que não exijam uma contrapartida de resultados concretos e bem caracterizados dentro de seus objetivos sociais.
Todo o esforço despendido e investido na geração dessas oportunidades tem necessariamente que produzir os respectivos resultados sociais, ou tudo terá sido feito em vão e as oportunidades desperdiçadas. Isso quer dizer, basicamente, que as chamadas “bolsas” têm que estar atreladas a metas e resultados sociais a que se propõem e não significar apenas um instrumento populista e demagógico de obtenção de popularidade e de compra de votos a “preço módico” com o dinheiro público pelos políticos da vez no poder.
A solução do problema da melhoria social está na preparação e formação de uma cidadania de melhor qualidade, não apenas dentro das famílias mais abastadas e bem educadas, mas também e principalmente, entre as gentes que não estão em tais situações. Ou seja, a sociedade deve usar todos os mecanismos e veículos que dispõe para criar educação e ensino eficaz – coisas que são díspares, embora complementares – para essas pessoas do povo, criando para elas as oportunidades para que possam ‘vencer na vida’, e não apenas garantir o recebimento de esmolas que as tornarão dependentes delas e totalmente improdutivas.
Para que isso ocorra, não se pode contar unicamente com o Estado Central Nacional, mas, principalmente, com os Estados Municipal e Estadual. Quanto mais ampla é a instância de governo, mais incompetente, corrupta e mal intencionada ela tende a ser.
Assim sendo, é extremamente contraproducente a centralização política e econômica a que está sujeitada a nossa república, pela qual cerca de 70% de toda a arrecadação tributária vai para Brasília e mal retorna aos municípios em conta-gotas, sendo que o grosso desses recursos se esvai pelos ralos da corrupção, do desperdício, da malversação, do enriquecimento ilícito, e de uma série de mazelas oriundas da incompetência e da má-fé do ‘estado-empresário’ e do capitalismo estatal direcionado em beneficiar, acima de tudo, o politiburo governante, cujo cunho socialista acaba desenvolvendo uma burguesia restrita e parasitária empenhada em viver nababescamente a custa do esforço nacional.
O país precisa de gente que gere renda e não apenas de gente que a consuma. A chamada concentração de renda resulta exatamente desse desequilíbrio entre o pequeno número de pessoas que geram mais renda do que a consomem e o grande número dos que a consomem mais do que geram e, por isso mesmo, tentam viver da renda produzida pelos primeiros.
A solução, pois, é educar e ensinar as pessoas a produzir mais do que consumir a riqueza que geram e, quando isso ocorrer, naturalmente haverá uma grande desconcentração de renda e uma prosperidade muito maior de toda a sociedade.
Não se pode lutar contra a pobreza criando leis que punam aqueles que geram mais riqueza do que consomem. O resultado será apenas a distribuição igualitária da pobreza e da miséria, em benefício apenas da burguesia restrita do politiburo socialista no poder.
Isso não ocorre apenas no Brasil, mas em todo o mundo. A segunda metade do século XX mostra claramente essa preciosa lição de sociologia (política e econômica) que nos ensina o quão são errôneos e distorcidos todos, ou quase todos, os sistemas “socialistas” até hoje experimentados pelas sociedades humanas.
Mesmo assim, não faltam os que foram incapazes de aprender essa lição básica da História humana e continuam a pregar que a liberdade individual deva ser cerceada ao máximo e a riqueza ser amplamente apropriada pelo estado construtivista e distributivista.
Em nenhum lugar do mundo o socialismo produziu nada além “gigantes militares com pés de barro” (pois a nação só é verdadeiramente rica quando seus cidadãos são ricos), como ocorreu na autoextinta União Soviética e ocorre numa China que hoje tenta desesperadamente conciliar o capitalismo privado com o autoritarismo político e um decadente centralismo econômico estatal para alimentar quase um bilhão e meio de almas, na maioria, ignaras e despreparadas para um mundo globalizado.
Essas pessoas são metodicamente ideologizadas e acreditam realmente em sua ilusão socialista, sem se darem conta de que o que defendem, na realidade, é exatamente a concentração muito maior da riqueza produzida por todos nas mãos de um grupo extremamente restrito que conforma o partido único governante. Ao povo, o que querem é que reste apenas o trabalho robotizado e a comida racionada, não importando que haja uma produção deficiente e que, ao invés de desenvolvimento, como muitos pregam, haja uma tendência ao retorno da vida tribal, desde que isso não se aplique ao grupo dirigente.
Por isso são contra a liberdade individual de protestar ou simplesmente de emitir opinião contrária à oficial e escarnecem da democracia e, pior ainda, a subvertem.
Não há, pois, como preparar as pessoas, sem uma educação que transmita a nítida compreensão e respeito aos nossos valores civilizacionais cristãos e ocidentais, e um ensino profissionalizante eficiente que permita que a pessoa se torne capaz e competitiva o suficiente para ‘vencer na vida’, enquanto a mentalidade dirigente for a socialista.
Com esses propósitos, o socialismo pode ser visto como um desastre social, uma espécie de sociopatologia epidêmica, que as nações do mundo terão que erradicar, se pretendem construir uma humanidade mais equilibrada e feliz.
*Francisco Vianna, por e-mail, via Grupo Resistência Democrática.
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