Frieza com um homem que orgulha o Brasil
A foto de Dida Sampaio é mais que o registro do momento em que Dilma Rousseff, presidente da República há quase dois anos, cumprimentou o ministro Joaquim Barbosa, que acabara de assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal.
A imagem documenta a colisão frontal, consumada em estridente silêncio, entre um homem e uma mulher assaltados por sentimentos opostos e movidos por antagônicos estados de ânimo. O chefe do Poder Judiciário está feliz, de bem com a vida. A chefe do Poder Executivo está contrafeita, nas fímbrias da amargura.
Joaquim Barbosa é o anfitrião de uma festa.
Dilma Rousseff é a convidada que nada tem a festejar.
Está lá por não ter conseguido livrar-se do convite. Ele se sente em casa e pensa no que fará daqui por diante. Ela pensa no que ele fez e anda fazendo. E se sente obrigada a enviar um recado fisionômico ao padrinho e aos condenados no julgamento do mensalão: se pudesse, estaria longe dali.
Só ele sorri.
O sorriso contido informa que o ministro não é homem de exuberâncias e derramamentos.
Mas é um sorriso.
Os músculos faciais se distenderam, os dentes estão expostos, o movimento da pálpebra escavou rugas nas cercanias do olho esquerdo.
A presidente não sorri.
A imagem documenta a colisão frontal, consumada em estridente silêncio, entre um homem e uma mulher assaltados por sentimentos opostos e movidos por antagônicos estados de ânimo. O chefe do Poder Judiciário está feliz, de bem com a vida. A chefe do Poder Executivo está contrafeita, nas fímbrias da amargura.
Joaquim Barbosa é o anfitrião de uma festa.
Dilma Rousseff é a convidada que nada tem a festejar.
Está lá por não ter conseguido livrar-se do convite. Ele se sente em casa e pensa no que fará daqui por diante. Ela pensa no que ele fez e anda fazendo. E se sente obrigada a enviar um recado fisionômico ao padrinho e aos condenados no julgamento do mensalão: se pudesse, estaria longe dali.
Só ele sorri.
O sorriso contido informa que o ministro não é homem de exuberâncias e derramamentos.
Mas é um sorriso.
Os músculos faciais se distenderam, os dentes estão expostos, o movimento da pálpebra escavou rugas nas cercanias do olho esquerdo.
A presidente não sorri.
Abraços e beijos em quem não nos orgulha em nada
(O companheiro ministro Ricardo Lewandowski foi premiado com sorriso e dois ósculos).
Na foto, o que se vê no rosto da presidente é um esgar.
A musculatura contraída multiplica os vincos na face direita, junta os lábios num bico pronunciado e assimétrico, faz o olhar passar ao largo do homem à sua frente. O descompasso das almas é sublinhado pelas mãos que não se apertam.
A dele ao menos se abre.
A dela, nem isso.
Dilma apenas toca Joaquim com a metade dos quatro dedos.
Ele a cumprimenta como quem acabou de chegar.
Ela esboça um cumprimento de quem não vê a hora de partir.
Conjugados, tais detalhes sugerem que, se Joaquim Barbosa sabe que chefia um dos três Poderes independentes e soberanos, Dilma Rousseff imagina chefiar um Poder que dá ordens aos outros.
Ela já deveria ter aprendido com o julgamento do mensalão que as coisas não são assim.
A maioria dos ministros é imune a esgares. Ministros do STF que temem carrancas nem precisam vê-las para atender aos interesses do governo.
Não são juízes.
São companheiros.
Por enquanto, são dois.
Na foto, o que se vê no rosto da presidente é um esgar.
A musculatura contraída multiplica os vincos na face direita, junta os lábios num bico pronunciado e assimétrico, faz o olhar passar ao largo do homem à sua frente. O descompasso das almas é sublinhado pelas mãos que não se apertam.
A dele ao menos se abre.
A dela, nem isso.
Dilma apenas toca Joaquim com a metade dos quatro dedos.
Ele a cumprimenta como quem acabou de chegar.
Ela esboça um cumprimento de quem não vê a hora de partir.
Conjugados, tais detalhes sugerem que, se Joaquim Barbosa sabe que chefia um dos três Poderes independentes e soberanos, Dilma Rousseff imagina chefiar um Poder que dá ordens aos outros.
Ela já deveria ter aprendido com o julgamento do mensalão que as coisas não são assim.
A maioria dos ministros é imune a esgares. Ministros do STF que temem carrancas nem precisam vê-las para atender aos interesses do governo.
Não são juízes.
São companheiros.
Por enquanto, são dois.
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