Apesar da ‘atenção médica’ ser citada pelos socialistas como a ‘grande conquista’ do Socialismo do Século XXI, a Venezuela atravessa uma escassez aguda de medicamentos que põe em risco a vida de milhares de seus cidadãos, muitos dos quais estão apelando desesperadamente para as redes sociais na tentativa de obter os remédios que não conseguem comprar nas farmácias.
"Ainda não consegui o EUTHYROX de 100 mg para minha mãe. Caso alguém tenha informação, agradecemos de antemão", escreveu @Lawyer21 no Twitter, referindo-se ao medicamento utilizado para tratar hipotireoidismo.
"Precisa-se com URGÊNCIA do medicamento ANGELIG", escreveu @ZapoteAmargo sobre o medicamento utilizado para tratar menopausa, que não encontrou nas farmácias de Caracas (imaginem em cidades do interior...).
Centenas de mensagens foram transmitidas na segunda feira através da conta do ativista cibernético @LucioQuincioC, que em poucas semanas se converteu na Meca de quem peregrina pela Web em busca de medicamentos.
A conta do Twitter, criada em fevereiro, já tem mais de 61 mil seguidores, muitos dos quais participam ativamente de uma rede de informação entre si sobre as farmácias onde se podem conseguir os fármacos. Tais esforços, de fato, nem sempre conseguem salvar vidas.
Um recém-nascido morreu na segunda feira não obstante as desenfreados tentativas de seus familiares para conseguir o remédio ALPROSTADIL (Prostaglandina), medicamento normalmente utilizado para a disfunção erétil, mas que também está indicado para tratar problemas cardíacos congênitos em recém-natos. Centenas de mensagens foram enviadas no domingo por pessoas que se comoveram, mas o remédio não pode ser conseguido a tempo. "Sofremos muito com a morte do bebê e consideramos que ele foi assassinado indiretamente pelo desprezível regime político implantado na Venezuela. Não pudemos acudi-lo. Uma mãe nos pedia desesperada este medicamento especial, para seu filho de quatro dias de nascido, e lamentavelmente nós não pudemos fazer nada", comentou numa entrevista telefônica @LucioQuincioC, que falou sob a condição de anonimato.
El hecho de que medicamentos como estos sean difíciles de encontrar en el país petrolero son una muestra adicional de las dificultades que los venezolanos enfrentan gracias al estricto control cambiario impuesto por el régimen de Hugo Chávez y la implementación de medidas que desalientan la inversión privada.
As medidas de Hugo Chávez postas em vigor para impulsionar a economia centralizada que o caudilho vê como ‘socialismo’, têm levado as empresas do setor a depender cada vez mais das importações para suprir o mercado local; enquanto que as dificuldades para a obtenção de dólares e as travas burocráticas entorpecem cada vez mais as operações para trazer medicamentos do exterior. "A Venezuela atravessa uma crise médico-hospitalar pela falta de medicamentos e as medidas tomadas pelo governo são errôneas e ao invés de superá-la apenas a agravam", disse recentemente à imprensa local o presidente da Associação Farmacêutica do Leste (AFE), Rafael Fumero.
"Medicamentos de consumo massivo, como antigripais, edulcorantes artificiais SPLENDA e SUCARYL, EUTHYROX, GLUCOFAGE (antidiabéticos), antipsicóticos e antidepressivos começam a desaparecer das prateleiras das farmácias", assinalou.
Em função dessa escassez, algumas farmácias já começaram a preencher as lacunas de suas prateleiras com produtos básicos da cesta familiar como bebidas, doces, óleos e até feijão para não se verem obrigadas a fechar suas portas.
Roberto León Parilli, presidente da Associação Nacional de Usuários e Consumidores, disse que sua organização tem recebido centenas de reclamações de pessoas que não estão conseguindo nas farmácias os remédios que necessitam.
Mas as deficiências não se limitam apenas aos medicamentos, comentou León. "O fenômeno de desabastecimento também engloba as equipes médicas e os insumos que tais equipes usam no dia a dia. Há denúncias de pessoas que se queixam de práticas que violam todas as normas de saúde, como o uso de seringas para armazenar sangue, ante a falta de tubos de coleta apropriados e normalmente usados para tal em hospitais e laboratórios de analises clínicas, e a reciclagem de bolsas utilizadas para recolher dejetos durante diálise peritoneal e bolsas de colostomia, pelo fato da indisponibilidade de material novo", acrescentou León.
Tais práticas, que certa vez os venezuelanos já sofreram em hospitais públicos por faltas de recursos estatais, agora ocorrem nas clínicas privadas devido ao fato dos produtos não estarem disponíveis ara a aquisição, independentemente do poder aquisitivo do paciente. A escassez de medicamentos ocorre a pesar da insistência governamental obstinada e mentirosa em afirmar que a ‘Revolução Bolivariana’ tem melhorado a rede de assistência médica e hospitalar no país, com a colaboração de milhares de profissionais médicos cubanos, que participam da famigerada "Missão Bairro Adentro".
Segundo estimativas privadas, a Venezuela paga a Cuba dezenas de milhares de milhões de dólares pela ‘colaboração’ de médicos cubanos, que operam em centenas de centros assistenciais em todo o país (onde cuidam, paralelamente, de fazer a catequese marxista da população).
O governo chavezista, no entanto, não parece contar com divisas suficientes de sua renda com o petróleo para suprir as necessidades das empresas que ainda atuam no setor industrial. Carlos Larrazábal, presidente da Confederação Venezuelana de Industriais, afirmou que a Comissão de Administração de Divisas (CADIVI), entidade estatal encarregada de administrar o ‘controle do cambio’ no país, não está outorgando os dólares que o setor industrial necessita, ainda que este, juntamente com o de gêneros alimentícios, seja considerado como "prioritário" entre todos os demais setores industriais.
"Nossa enquete de conjuntura tem relatado que os atrasos da CADIVI, em termos gerais, para a liquidação de divisas, estão em 96 dias em média para os pagamentos aos provedores de todos os setores", comentou Larrázabal. Tais demoras significam atrasos nos recebimentos dos medicamentos importados, mas os poucos que são produzidos no país também estão sendo afetados, uma vez que a matéria prima para a quase totalidade deles é importada.
De acordo com León, o CADIVI tem repassado à indústria um montante anual de divisas 40 por cento menor do que o repassado no ano anterior, o que é um dos fatores determinantes da atual escassez. "Vê-se às vezes numa farmácia uma longa fila como se algo estivesse sendo racionado e quando se pergunta que fila é aquela dizem que é porque chegou algum remédio em falta. Os doentes estão sendo obrigados a peregrinar de farmácia em farmácia para conseguir o que necessitam, e a colocar seus nomes em listas para serem chamados assim que o remédio chegar", comentou León.
Trata-se da velha prática de indolência burocrática governamental que está pondo em risco a saúde de milhares de venezuelanos, sublinhou. "Aqui na Venezuela de hoje, um paciente não pode esperar pelo CADIVI para que repasse uns dólares para poder se tratar de una enfermidade. O regime de controle de câmbio é que causa tudo isso, uma enorme vergonha em relação ao país que tínhamos há poucos anos atrás", enfatizou.
A Venezuela está cada vez mais parecida com Cuba, com o agravante de que não existe qualquer bloqueio comercial americano contra Caracas.
*Fonte: http://www.elnuevoherald.com/2012/06/06/1221312_p2/venezuela-enfrenta-escasez-de.html -Tradução de FraciscoVianna
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