A
ruína do projeto político do PT – e o governo Dilma
é sua mais eloquente síntese e tradução - dá-se em meio ao silêncio de
entidades da sociedade civil, que, ao longo da história contemporânea, tiveram
amplo protagonismo na cena pública.
Onde
estão a OAB, a ABI, a UNE e a CNBB, entre outras siglas que se associaram à
história da reação popular aos maus governantes? – eis a pergunta que não quer
calar.
No
momento em que a corrupção sistematizada, comandada de dentro do Estado,
apresenta sua conta – Mensalão, quebra da Petrobras, violação da Lei de
Responsabilidade Fiscal, falência da economia -, é no mínimo ensurdecedor o
silêncio de quem sempre soube falar tão alto em momentos de crise e de má
governança.
O
final do governo militar deveu-se a uma conjunção de fatores, que se resumem na
falência de seu modelo econômico e na falta de representatividade de seu modelo
político.
Foram
essas entidades que romperam a mordaça da repressão, articularam a sociedade e
levaram às ruas o "basta" da população. Exerceram, naquela
oportunidade, uma vigilância cívica decisiva para que o país se reencontrasse
com a democracia.
Mas
essa vigilância, que prosseguiu nos primeiros governos civis – os de Sarney,
Collor, Itamar e FHC -, começou a minguar até desaparecer por completo desde a
posse de Lula, festejada por elas como se o país, enfim, tivesse chegado ao
Paraíso.
O
que se constata é que, a exemplo do que aconteceu com o próprio Estado
brasileiro, essas entidades foram mutiladas na sua essência. Transformaram-se
em células partidárias, corresponsáveis pelo projeto político em curso, de
índole revolucionária.
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