quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Socialismo bolivariano: camisinhas a R$ 57 na Venezuela.


Os venezuelanos já têm que enfrentar longas filas para comprar frango, açúcar, remédios e outros produtos básicos. Mas a escassez chegou a outro setor — o sexo. Preservativos são raramente encontrados nas prateleiras e quase impossíveis de pagar. Muitos consumidores recorrem a sites de leilões para achar produtos agora raros. Em um deles, por exemplo, um pacote com 36 preservativos era vendido esta semana por 4,760 bolívares ( cerca de U$755 ou R$ 2.074). A quantia exorbitante é quase o salário mínimo do país — 5,600 bolívares.

— O país está tão bagunçado que agora precisamos enfrentar fila até para fazer sexo. Chegamos muito baixo — lamentou Jonatan Montilla, um diretor de arte de 31 anos.

O colapso dos preços do petróleo acentuou a escassez de bens de consumo — de fraldas a desodorantes nesse país da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) que importa a maior parte do que consome. Como as exportações de petróleo representam cerca de 95% das receitas do governo, e o preço do barril despencou 60% nos últimos sete meses, a economia está à beira do colapso, com 75% de chances de quebrar nos próximos 12 meses se os preços do produto não se recuperarem.

IMPACTO SOCIAL
Mas esse acesso restrito aos preservativos tem um impacto muito maior que a decepção por romances frustrados. A Venezuela tem um dos maiores índices de gravidez na adolescência — 83 a cada 1.000, segundo o Banco Mundial. E tem, ainda, as maiores taxas de infecção pelo vírus HIV da América do Sul, atrás somente de Paraguai e Brasil, de acordo com dados das Nações Unidas.

— Sem camisinhas, não podemos fazer nada. Essa escassez ameaça todos os programas de prevenção que temos desenvolvido em todo o país — disse Jhonatan Rodriguez, diretor da ONG StopHIV, baseada na Ilha Margarita.

Outro temor é que, num país onde a interrupção da gravidez é ilegal, a falta de camisinhas e outros métodos contraceptivos faça crescer o número de mortes de mulheres em clínicas de aborto clandestino. E vai ainda ter um impacto econômico de longo prazo por afastar jovens mulheres das escolas e do mercado de trabalho.

— A gravidez indesejável entre as adolescentes será a marca do fracasso do governo. Fracasso econômico, fracasso na saúde pública e na política educacional — denunciou o médico ginecologista Carlos Cabrera, vice-presidente local da ONG britânica International Planned Parenthood Federation.
* Via Internet

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