No primeiro depoimento que prestou à Justiça Federal depois de homologar o acordo de delação premiada com o Supremo Tribunal Federal (STF), o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, disse que pagou propina para o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e para o ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Vaccari Neto.
O delator prestou depoimento na tarde de quarta-feira (2), em Curitiba, na audiência referente à ação penal contra a construtora Odebrecht, um dos alvos da 14ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em junho.
"Paguei [propina] pro Pedro Barusco. Renato Duque [ex-diretor de Serviços da Petrobras] sempre me encaminhou pro senhor João Vaccari. Eu nunca dei propina na mão do senhor Renato Duque, mas era sempre encaminhado o assunto pro senhor João Vaccari", relatou.
Pessoa foi preso na 7ª etapa da operação, em novembro do ano passado, junto com diversos executivos e ex-executivos de empreiteiras. Ele foi solto em abril para cumprir prisão domiciliar. Pessoa é réu em processo originado na Lava Jato, mas ainda não foi condenado.
Ele ainda disse que, a pedido de Duque, fez contribuições políticas por meio do Vaccari. Estas contribuições, segundo o delator, eram parte do acerto de propina e eram depositadas diretamente na conta do PT.
Questionado sobre os valores das propinas, Pessoa afirmou que havia um parâmetro: "A referência inicial era para a diretoria de Serviços, 1%. Para a diretoria de Abastecimento, 1%. Mas isso era só referência e caberia a negociação depois de cada um. Eu, por exemplo, sempre negociei o máximo que eu pude. Negociei para baixo, evidentemente".
Pessoa também afirmou que, para a diretoria de Serviços, o primeiro acerto era feito com Barusco e, depois, com o Vaccari, a pedido do Duque.
Já no caso da diretoria de Abastecimento, cujo diretor era Paulo Roberto Costa, a propina era tratada com o ex-deputado José Janene (PP-PR). Após a morte dele, em 2010, o doleiro Alberto Youssef "passou a ser o interlocutor mais imediato e mais direto", conforme o executivo.
Quanto à Odebrecht, Pessoa disse que se relacionava com Márcio Faria, que, depois de ser preso na 19ª fase da Lava Jato, se afastou da empresa. De acordo com o delator, Faria participava de reuniões das empreiteiras para negociar os contratos.
O advogado Antonio Figueiredo Basto, responsável pela defesa de Barusco e de Youssef, informou que os dois já confirmaram que receberam propina. O advogado de Renato Duque, Roberto Brzezinski disse que não pode se manifestar a respeito das declarações do presidente da UTC. "Eu estava na audiência. Eu preciso ler a delação premiada para entender o contexto em que ele falou isso", pontuou.
O G1 tenta contato com os advogados dos demais citados por Pessoa no depoimento à Justiça Federal.
(Via G1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário