quarta-feira, 1 de junho de 2016

A quadrilha fica ouriçada com Moro.

Vivi um certo tempo na zona rural de Osório, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, à beira de uma das inúmeras lagoas que integram a sua geografia. Dita região tem uma fauna silvestre bastante variada, e não raras vezes fui surpreendido com a presença de algum jacaré, capivara, ou lontra no açude que tinha dentro da propriedade.
Ali deu para observar mais de perto as maravilhas da natureza, dentre as quais os hábitos dos ouriços, assíduos frequentadores do lugar. Não se podia chegar muito perto desses animais, que têm o pelo com milhares de espinhos espalhados pelo corpo, já que quando supunham estar ameaçados com a presença humana, ou de outros animais, em postura de legítima defesa, ficavam “ouriçados”, ou arrepiados, e imediatamente expeliam com muita força os seus espinhos contra a “ameaça” iminente, que podiam alcançar até 2 ou 3 metros de distância, penetrando fundo no corpo da vítima, mediante geniais mecanismos dotados pela “mãe” natureza. Nunca fui atingido por nenhum deles, mas todos dizem ser muito dolorido. Enquanto isso, o meu cachorro Bola, um adorável Boxer, que eu até considerava como meu filho, foi “metralhado” duas vezes por esses   espinhos, com dezenas deles fincados no seu corpo, principalmente rosto. A primeira vez levei-o ao veterinário para tirá-los; na segunda, eu mesmo fiz o serviço, sem maior problema.
Na verdade eu nunca conseguiria uma introdução melhor que essa, por experiências vividas na natureza, para compará-las com a maciça campanha que busca desmoralizar o processo da “Lava Jato”, o Juiz responsável por ela, Dr. Sérgio Moro, os procuradores do Ministério Federal, e os Policiais Federais vinculados a esse processo, enfim a chamada “Força Tarefa”.
Sabe-se que a Operação Lava Jato teve inspiração na “Operação Mãos Limpas”, da Itália, na década de 90, que interrompeu temporariamente um ciclo de corrupção bem parecido com o que hoje se vê no Brasil. Essa operação italiana começou na cidade de Milão, apurando casos de corrupção, após o escândalo no Banco Ambrosiano, em 1982, envolvendo a Máfia, o Banco do Vaticano e a Loja Maçônica.  Nela ficou claro que não só Milão, porém toda a Itália, estavam mergulhados fundo numa cadeia de corrupção sem fim, com pagamento de propinas para os contratos que envolviam o governo. Ela investigou 6.000 pessoas, prendeu outras 2.993, e durou quatro anos. O seu mais eficaz instrumento foi o instituto para “aprontar”. Subiu ao poder na Itália um sujeito pior que todos os outros que foram pegos pela “Mãos Limpas”. Era Silvio Berlusconi, um terrível predador, depravado e corrupto, que tomou nas mãos o poder na Itália de 1994 a 2011, até que finalmente também viu-se envolvido com a Justiça daquele país.
A experiência da Itália, portanto, mostra que não basta uma limpeza na política, porém é preciso uma permanente vigilância, porque corrupto se multiplica igual a erva daninha.
Ora, sentindo-se ameaçada pela seriedade e competência com que estava sendo conduzida a Operação Laja Jato, a “banda podre” da sociedade civil brasileira, constituída por grande parte dos seus políticos, administradores e servidores públicos, e alguns empresários donos de empreiteiras, com ajuda da imprensa comprada e comprometida com as falcatruas públicas, combinaram virar os seus canhões contra a “Força Tarefa” da Lava Jota, tentando diminuí-la aos olhos da opinião pública. As críticas normalmente partem de pessoas absolutamente ignorantes em matéria de direito, uns talvez nem mesmo possuindo o curso primário, como o próprio Sr. Lula da Silva, um semianalfabeto porém dotado de esperteza inigualável, adquirida na vida sindical, e também de capacitados operadores do direito, com interesses “profissionais” na defesa dos seus clientes, e que “vendem” para eles muito bem os seus serviços. Até um Ministro do Supremo Tribunal-STF, o Dr. Marco Aurélio Mello, resolveu “advogar” publicamente os “direitos” do Sr. Lula, contra os “arbítrios” do Juiz Sérgio Moro.  Mas tais críticas nunca atacam, como nem poderiam, o mérito das acusações dos procuradores, nem  as decisões do juiz, restringindo-se  a  aspectos processuais sem qualquer relevância prática. Querem anular um processo de grande impacto por uma vírgula talvez mal colocada.

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