A esquerda
desfruta de forte hegemonia nos estabelecimentos educacionais, nos veículos de
comunicação e nos círculos artísticos e intelectuais dos Estados Unidos, do
Brasil e das demais nações democráticas. Como consequência, os seus militantes
e simpatizantes estão aptos a selecionar, suprimir, distorcer e falsear os
fatos conforme a sua conveniência política praticamente sem encontrar qualquer
oposição. Desta forma, a esquerda tem sido extremamente bem sucedida em
disseminar narrativas compostas por meias verdades e/ou mentiras.
A título de
exemplo, considere as maneiras pelas quais o jornal The New York Times noticiou
os falecimentos de dois ditadores, o chileno Augusto Pinochet e o cubano Fidel
Castro. Seguem-se as manchetes (traduzidas para o português por este autor) de
duas reportagens disponíveis no site daquele periódico.
Evidentemente, a
imprensa brasileira jamais aceitaria ser menos ‘progressista’ do que a
norte-americana. Seguem-se manchetes similares disponíveis no site de O Globo.
A mensagem é
clara: Pinochet foi inequivocamente mais sanguinário do que Fidel. O único
problema é que, conforme discutido nos próximos três parágrafos, isso é
mentira.
Pinochet chegou
ao poder, através de um golpe militar, em setembro de 1973. Em março de 1990
ele foi sucedido por Patricio Aylwin, que havia sido eleito democraticamente em
dezembro do ano anterior. Ou seja, a ditadura chilena durou um pouco menos de
17 anos. Por outro lado, a guerrilha liderada por Fidel Castro se tornou
vitoriosa em janeiro de 1959. Desta forma, a tirania instaurada por Fidel e os
seus cúmplices já completou 58 anos.
Segundo a
reportagem do The New York Times, o governo de Pinochet foi responsável pela
morte ou desaparecimento de 3200 opositores. Contudo, de acordo com as
informações disponíveis em O Livro Negro do Comunismo,
entre 7 e 10 mil cubanos foram mortos por motivos políticos somente durante a
década de 1960. Esses números se tornam ainda mais impressionantes quando se
leva em conta que a população do Chile sempre foi maior do que a de Cuba
durante o período em análise.
Em síntese,
afirmar que Pinochet foi um ditador brutal e dizer que Fidel foi um destemido
revolucionário consiste, na melhor das hipóteses, em obscurecer a verdade.
Fidel foi muito mais sanguinário do que Pinochet. Adicionalmente, a ditadura
ainda vigente em Cuba tem se mostrado muito mais duradoura do que aquela que
existiu no Chile. E pensar que alguns esquerdistas ainda têm a desfaçatez de
dizer que o The New York Times e O Globo são veículos de direita…
O resultado das
sub-reptícias campanhas de satanização de Pinochet e endeusamento de Fidel
realizadas pela militância esquerdista infiltrada nas universidades, escolas,
redações e editoras e nos estúdios e palcos é que hoje o primeiro é reconhecido
mundialmente como um tirano, ao passo que o segundo é visto como um líder
respeitável. Ou seja, a verdade foi completamente distorcida de forma a se
adequar a uma narrativa que fosse conveniente aos interesses da esquerda.
O caso discutido
acima é apenas um dentre vários. Por exemplo, os EUA são repetidamente criticados
(erroneamente, diga-se de passagem) pela sua intervenção militar no Vietnã.
Contudo, o seu decisivo papel na Guerra da Córeia, o qual salvou a metade sul
da península de virar um inferno socialista similar ao existente no norte, é
simplesmente ignorado. O que dizer então do bloqueio de Berlim Ocidental e do seu
surpreendente abastecimento por aviões em 1948 e 49? Não fosse
pela decisiva ação dos norte-americanos, aquela cidade teria sido incorporada à
Alemanha Oriental. Porém, como esse episódio é incompatível com a agenda
esquerdista, ele é suprimido pela intelligentsia.
Quando a
distorção e a omissão não são suficientes para avançar a sua agenda
totalitária, os esquerdistas não hesitam em inventar fatos que lhes sejam
convenientes. Por exemplo, afirma-se despudoradamente que “a pobreza é uma invenção do
capitalismo“. Sejamos claros: essa afirmativa é simplesmente
absurda!
A título de
ilustração, considere a expectativa de vida ao nascer. De acordo com Angus
Maddison (Contours of the World Economy
1–2030 AD: Essays in Macro-Economic History, p. 38), estima-se
que em 1700 esse indicador era aproximadamente igual a 38 anos na Inglaterra,
que na época era provavelmente a mais rica nação do planeta. Estão disponíveis
no site do Banco
Mundial informações referentes à estatística em questão para 195 países em 2015.
No Japão, nos EUA e em outras nações desenvolvidas, esse indicador foi superior
a 78 anos. A Suazilândia apresentou o valor mais baixo, 49 anos. A média
mundial foi igual a 72 anos.
O parágrafo
anterior deixa claro o seguinte fato: uma criança nascida hoje, seja qual for o
país, viverá em média muito mais do que um inglês nascido há 317 anos. A quem
devemos atribuir isso? Marx? Lenin? Stalin? Mao? Fidel? Hugo Chávez? Ou então
ao supremo líder Kim Il-Sung? Não seria esse fenômeno mais uma das grandiosas realizações
do socialismo? É evidente que não. Isso se deve ao progresso científico e ao
crescimento econômico proporcionados pelo capitalismo.
A evolução
histórica da renda mundial leva a conclusões similares. Os dados
disponibilizados na tabela 2.1 (p. 70) do já citado texto de Angus Madison
permitem concluir que a renda per capita mundial em 1820 era aproximadamente
18% superior à de 1500. Por outro lado, em 2003 o indicador em questão excedeu
o seu valor em 1820 por surpreendentes 887%. Essas cifras apenas refletem um
fato que é bem conhecido pelos economistas: o advento da revolução industrial
acelerou consideravelmente o crescimento econômico e deu início um período de
prosperidade absolutamente ímpar na história da humanidade.A breve discussão
acima deixa claro que a noção de que em priscas eras o homem vivia na opulência
é falsa. É incorreto afirmar ou sugerir que o capitalismo nos jogou na pobreza.
Na verdade, exatamente o contrário ocorreu. O capitalismo nos resgatou da
miséria e nos proporcionou, mesmo que de forma desigual, prosperidade e riqueza
a níveis simplesmente inimagináveis para os nossos antecessores.
Contudo, o mais
impressionante feito dos apóstolos da tirania vermelha consiste em
convencer, até mesmo nos EUA,
um número considerável de pessoas de que o sistema dos seus sonhos é preferível
ao capitalismo. É realmente surpreendente como se consegue esconder que o
socialismo é um regime totalitário e homicida que levou, sem uma única exceção,
à miséria e à morte em todos os locais em que foi implantado. Há que se tirar o
chapéu para a fabulosa máquina de propaganda da esquerda…
* Alexandre B. Cunha
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