Se o esquerdista prega fuzilar a burguesia, é revolução.
Se o direitista diz que revolucionário se lida com polícia, é ditadura e
apologia à tortura.
Se o esquerdista
pergunta onde estão as mulheres de grelo duro, é empoderamento. Se o direitista
defende modos e respeito com a mulher, é machismo patriarcal.
Se o esquerdista proclama o "orgulho gay", é
direito das minorias. Se o direitista descreve o sexo gay e suas conseqüências
biológicas, é homofobia obscurantista e caso de cadeia.
Se o esquerdista relativiza uma religião que submete a mulher
a usar burca, ser obediente, satisfazer sempre o marido sexualmente e
ocasionalmente ser espancada, é multiculturalismo. Se o direitista prefere uma
cultura onde a mulher possa vestir biquini, dirigir, trabalhar fora, ter sua
própria vida (inclusive sexual) e que a força masculina tenha a obrigação moral
de defender a mulher, é islamofobia xenofóbica preconceituosa. E machismo
patriarcal.
Se o esquerdista defende uma nação inventada por anti-semitas
amigos de Adolf Hitler apenas para tomar terras de judeus, que estavam ali
assentados por 5 milênios, é auto-organização dos povos. Se o direitista
defende Israel, é opressão. E nazismo.
Se o esquerdista defende que homens entrem com a bironga à
mão no banheiro das mulheres, são direitos transexuais. Se o direitista defende
que jaramaralho vá ao banheiro do jaramaralho para proteger quem costuma ser
vítima de estupro, é machismo patriarcal preconceituoso homofóbico transfóbico
genderfluidfóbico.
Se o esquerdista defende o estuprador, é que o crime tem
causas muito complexas que não podem ser reduzidas a uma discussão de Twitter e
temos de reformar a sociedade. Se o direitista quer penas pesadas para o
estuprador, é apologia ao estupro.
Se o esquerdista sente saudade do tempo em que os rapazes de
15 já tinham tido experiências sexuais com cabras, é engraçado. Se o direitista
diz que... bom, o direitista não diz.
Se o esquerdista em entrevista à Playboy cita quem mais
admira além de Lênin e Mao, e lembra de cara de Adolf Hitler, é democracia e
direitos humanos. Se o direitista tem como ídolos Churchill e Reagan, é
nazismo. Que é de direita.
Se o esquerdista diz que tem saudade dos fuzilamentos
stalinistas, é piadinha e esquete de humor saudável. Se o direitista defende a
liberdade de expressão inclusive para aqueles de quem discordam, é discurso de
ódio e vontade de censurar através da ditadura militar que os direitistas
sempre escondem que defendem.
Se o esquerdista defende que gays têm de votar na esquerda, é
respeito à pluralidade e defesa das minorias. Se o Ney Matogrosso diz que o PT
tinha um projeto de poder e a corrupção foi um meio para arrecadar fundos, ele
é uma bicha velha esclerosada (sic).
Se o esquerdista escreve "Fora Temer", sem vírgula,
é profundo pensamento acadêmico refletido e cuidadosamente burilado após
décadas de estudo contra a narrativa da mídia. Se o direitista diz "Vai
pra Cuba", é clichê que o esquerdista não precisa responder, muito menos
pensar sobre coerência, moral e princípios.
Você realmente acha que a esquerda defende qualquer coisa do
que diz defender, sem notar que é um discurso pega-trouxa (e 102% voltado para
adolescentes com muita puberdade e pouco detalhismo na reflexão) só para
conquistar o poder?
Um dos lados se preocupa com o imaginário e com palavras
fáceis para mobilizar gente inconscientemente. O outro está preocupado com
problemas reais, e soluções concretas para melhorar a situação social, sem se
preocupar com os xingamentos que os midiáticos e as celebridades vão lhe
impingir.
A escolha determina o seu futuro.
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