segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Justiça cancela apresentação de peça que traz Jesus como mulher trans.

A 1ª Vara Cível da Comarca de Jundiaí, em São Paulo, decidiu interromper a exibição da peça de teatro O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, que estava em cartaz na unidade jundiaiense do Serviço Social do Comércio (Sesc). A informação foi confirmada pelo próprio Sesc em seu site oficial.

A peça, desde sua estreia, já havia levantado polêmica por trazer Jesus Cristo, nos dias atuais, encarnado na pele de uma mulher transexual, de acordo com a sinopse oficial. Criada pela dramatuga escosesa e transexual Jo Clifford, peça tem a atriz Renata Carvalho no papel principal da adaptação brasileira. 

A decição judicial, tomada pelo juiz Luiz Antonio de Campos Júnior em caráter de urgência na sexta-feira, 15, foi de acordo com o pedido impetrado pela advogada Virginia Bossonaro Rampin Paiva, que deu entrada ao processo contra o Sesc. 

Na sua decição final, o juiz proibiu o Sesc de apresentar a peça na sexta-feira, 15, ou em qualquer outra data, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. "As circustâncias jurídicas alegadas (...) corroboram o fato de ser a peça em epigrafe atentatória à dignidade da fé cristã, na qual Jesus Cristo não é uma imagem e muito menos um objeto de adoração apenas, mas sim o filho de Deus", escreve o juiz. 

O juiz afirma que "não se olvida a liberdade de expressão", "mas o que não pode ser tolerado é o desrespeito a uma crença, a uma religião, enfim, a uma figura venerada no mundo inteiro."

"De fato, não se olvide da crença religiosa em nosso Estado, que tem Jesus Cristo, como o filho de Deus", diz ainda a decisão. "Em se permitindo uma peça em que este homem sagrado seja encenado como um travesti, a toda evidência, caracteriza-se ofensa a um sem número de pessoas."

Em comunicado oficial, o Serviço Social do Comércio de Jundiaí informou que já recorreu da decisão.

Na página da peça no Facebook, a diretora de Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, Natalia Mallo, condenou a decisão judicial. 

"Afirmar que a travestilidade da atriz representa em si uma afronta à fé cristã ou concluir, antes de assistir o trabalho, que é um insulto à imagem de Jesus é, do nosso ponto de vista, negar a diversidade da experiência humana", escreveu. "Cria-se categorias onde algumas experiências são válidas e outras não, algumas vidas tem valor e outras não."

"O espetáculo, escrito por Jo Clifford, busca resgatar a essência do que seria a mensagem de Jesus: afirmação da vida, tolerância, perdão, amor ao próximo", explica ainda a diretora. "Para tanto, Jesus encarna em uma travesti, na identidade mais estigmatizada e marginalizada da nossa sociedade. A mensagem é de amor."


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