PAULO ROBERTO COSTA AFIRMA QUE LEVOU CALOTE DE EMISSÁRIO DE
RENAN (FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO).
Em depoimento complementar à força-tarefa da Operação Lava Jato, prestado no início de fevereiro deste ano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou que o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) ficou devendo R$ 800 mil para ele. O dinheiro teria sido prometido a Costa, primeiro delator da Lava Jato, para que ele ajudasse o Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e Contramestres em Transportes Marítimos a resolver um impasse com a Petrobrás.
Em depoimento complementar à força-tarefa da Operação Lava Jato, prestado no início de fevereiro deste ano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa afirmou que o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) ficou devendo R$ 800 mil para ele. O dinheiro teria sido prometido a Costa, primeiro delator da Lava Jato, para que ele ajudasse o Sindicato Nacional dos Mestres de Cabotagem e Contramestres em Transportes Marítimos a resolver um impasse com a Petrobrás.
O
depoimento do ex-diretor foi gravado em vídeo pela força tarefa da Lava
Jato.”Ele (Anibal) me procurou para poder agilizar o processo. Porque eu podia
chegar lá e dizer: ‘Não vou ver isso. Talvez daqui a um ano.’ Eu podia fazer
isso. Eu falei: ‘tá bom, Anibal, vamos ver isso’”, contou o delator. “O Aníbal
falou: ‘Paulo, esse aqui, se a gente conseguir resolver esse assunto aqui, você
vai ter um ganho aqui de R$ 800 mil. Só que ele nunca me deu esse valor. Ele me
passou a perna.”
Segundo
Costa, o deputado Aníbal Gomes disse que estava “representando” o senador Renan
Calheiros (PMDB-AL). O ex-diretor disse que acabou não recebendo nada por sua
atuação no caso. Ele afirmou também que não houve sobrepreço no ajuste com o
Sindicato e nem conversa entre ele e Renan. A tratativa, contou o delator,
teria sido feita diretamente com Anibal, suposto emissário do senador, em uma
reunião entre os dois no Rio.
“Obviamente
que se a minha parte era R$ 800 mil, a parte dele era muito maior”, disse
Costa. “Quando ele falou que R$ 800 mil era para mim, o restante era para o
grupo deles. Ele não me falou ‘Renan’. Eu subentendi.”
O
deputado foi prefeito de Aracaú (CE) no período de 1989 a 1993. Ferrenho
defensor da família Calheiros no Congresso, Aníbal Gomes empregou em seu
gabinete, como assessor, o filho mais novo do presidente Senado Rodrigo
Rodrigues Calheiros. No ano passado, a Petrobrás informou que o sindicato
solicitava que a Transpetro patrocinasse um curso para que contramestres
pudessem se formar mestres de cabotagem. O curso não foi realizado.
Após
seu nome ser citado pela primeira vez na Operação Lava Jato, no início de
março, o deputado se pronunciou assim:
“O
senador Renan Calheiros é meu companheiro de partido e uma das nossas
principais lideranças, o conheço desde o meu primeiro mandato, que se iniciou
em 1995. Quanto a citada interlocução com o Sindicato Nacional dos Mestres de
Cabotagem em Transportes Marítimos, junto ao Dr. Paulo Roberto e Dr. Sérgio
Machado, não lembro. Somos sempre procurados por sindicatos para agilização de
seus processos, e se algum dia fiz gestão nesse sentido não precisaria oferecer
propina a ninguém, seria uma solicitação institucional. Rodrigo Calheiros,
filho do Senador Renan trabalhou em meu gabinete de 2008 a 2011, como assessor
parlamentar.”
“Ressalto
que nunca fui interlocutor do Senador Renan, nem de quem quer que seja, junto a
qualquer órgão, e que todas as minhas reivindicações são feitas dentro de
relações institucionais e de minha total responsabilidade. Nunca me envolvi em
irregularidades junto a Petrobrás, ou qualquer outra Estatal, de natureza
direta ou indireta.”
“Conheci
o dr. Paulo Roberto há alguns anos, já como Diretor da Petrobrás, engenheiro de
carreira, muito atencioso e reconhecido junto aos funcionários daquela
instituição como um gestor competente e respeitado.” (AE)
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