A crise continua
apertando o bolso do brasileiro e deixa difícil honrar as contas. Dados da
Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que, até setembro,
38,9% da população adulta do país (na faixa entre 18 e 94 anos) estava com o
nome registrado no cadastro de devedores, o equivalente a 57 milhões de
pessoas. Só nos nove primeiros meses do ano, houve um aumento líquido de 2,4
milhões de CPFs negativados em todo o território nacional.
Somente no mês
de setembro, o número de consumidores com contas atrasadas aumentou 5,45% em
relação ao mesmo período de 2014. Em agosto, a variação anual já havia sido
significativa, de 4,86%.
Em nota, a CNDL
aponta “a perda de dinamismo da economia” e a “deterioração das condições do
mercado de trabalho” como fatores que determinaram o aumento da inadimplência.
Diante desses fatores, os indicadores de inadimplência “retomaram a trajetória
de aceleração a partir do início desse ano”.
A quantidade de
dívidas individualmente não pagas também subiu 6,63% no mês passado na
comparação anual. Quando considerado o mês imediatamente anterior, contudo, o
número de débitos não quitados caiu 0,91%. A maior parte das dívidas continua
sendo com os bancos, quase metade (48,17%) de tudo que é devido tem como
cobrador instituições financeiras. Esses débitos aumentaram 10,32% em setembro.
Mas foram as contas de água e luz que lideraram o crescimento. Apesar de
representarem apenas 7% do total de dívidas, esse tipo de débito aumentou
12,55% em setembro, na comparação anual.
— O atraso nas
contas de água e luz é preocupante porque significa que o consumidor não está
dando conta de pagar a maior parte das suas dívidas, mas não é preocupante do
ponto de vista de espalhar um risco de crédito.
QUEDAS NAS
VENDAS
Além dos dados
de inadimplência, preocupa o comércio a queda nas vendas, que estão em
trajetória de recuo há oito meses consecutivos. Em setembro, as vendas a prazo
caíram 6,87% ante o mesmo mês de 2014.
Na avaliação do
SPC da CNDL, o “brasileiro está reticente quando o assunto é consumo”.— O
segundo semestre do ano passado foi ruim, mas esse segundo semestre começou
muito pior do que o de 2014 – disse Marcela. Por isso mesmo, o dia das crianças
– considerado pelo setor uma prévia do Natal – será fraco. Uma pesquisa da CNDL
mostra que os consumidores prometem gastar em média R$ 160 (por família) nesse
dia das crianças. A quantia é 43% menor do que a informada no mesmo
levantamento em 2014.
O dado, diz
Marcela, se soma ao resultado de todas as datas comemorativas desse ano. Na
Páscoa, o recuo nas vendas foi de 4,93%, no dia das mães, de 0,59%. Dia dos
namorados e dos pais tiveram quedas de 7,82% e 11,21%, respectivamente.
Diante de tantos
números e perspectivas ruins, as expectativas para este fim de ano e para o
início de 2016 já foram contaminadas. — O varejo começa o ano que vem numa
toada muito aquém do que começou no ano passado. O crescimento dessa atividade
vai ser menor, tem menos impulso nessa economia. Não deve ter uma entrada de
2016 boa.
*Texto: http://coturnonoturno.blogspot.com.br/2015/10/mais-de-um-em-cada-tres-brasileiros.html
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