sábado, 24 de setembro de 2011

Impostura deplorável.

Por Maynard Marques de Santa Rosa (*)
      Essa é a definição correta da caricatura que a ironia denomina “comissão da verdade”. São cínicos os seus mentores, pela desfaçatez com que pretendem maquinar veredictos a partir de um grupo comprometido.
      Sob o pálio da ineficácia jurídica, ergue-se uma espada de Dâmocles sobre reputações respeitáveis, a quem deve a Nação a estabilidade política de que hoje desfruta.
      O fantasma da calúnia, de triste inspiração nazista, ressuma no cenário de um País pacificado, como estratagema de um grupo de vingadores obstinados, dirigida aos que lhes frustraram o projeto de aqui implantar a tirania totalitária.
      Decorrido quase meio século, esvaiu-se o bolchevismo soviético, evoluíram os costumes e aplacou-se a sociedade, mas persiste o ânimo vingativo dessa minoria sectária, insensível às lições da vida.
      Alega-se politicamente necessária a investigação dos abusos da repressão e de seus responsáveis, a fim de “pacificar” a memória nacional. Como é possível fazê-lo, porém, sem a catarse dos fatos que lhes deram causa?
      Prevarica a autoridade, em qualquer regime de governo, que admita a subversão da ordem no âmbito da sua competência, sem providências retificadoras.
      Não existe argumento que justifique a violência, nem mesmo o idealismo do bem comum. A práxis leninista de que os fins justificam os meios não passa de sofisma hediondo.
      Portanto, para ser crível, o levantamento dessa comissão merece começar pela identificação dos assaltantes, terroristas e assassinos políticos, em atenção às vítimas inocentes, suas viúvas e seus órfãos.
        E, além disso, se a autoridade moral para atirar a primeira pedra é inerente ao que está sem pecado, não assiste o direito de revisar o passado a quem prodigalizou o “mensalão”, enriqueceu-se na função pública ou omitiu-se ante a corrupção de seus correligionários.
      Reabrir uma ferida cicatrizada, sem a devida assepsia, pode disseminar infecção por todo o organismo.
      Espera-se que o Congresso Nacional cumpra o seu dever de legitimar a vontade da maioria, atendendo às prioridades do povo e descartando as imposturas de grupos carbonários. 
 (*) - Por Maynard Marques de Santa Rosa - General-de-Exército da Reserva

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