KIEV, 18 Fev (Reuters) - A polícia antidistúrbios da Ucrânia entrou em confronto com manifestantes que ocupavam uma praça central de Kiev na madrugada de quarta-feira (horário local), depois do dia mais sangrento desde que a ex-república soviética, que se tornou o centro de uma disputa geopolítica entre Rússia e Ocidente, conquistou sua independência há mais de 20 anos.
A polícia avançou em direção à Praça da Independência, reduto de três meses de protestos contra o presidente do país, Viktor Yanukovich, mas os manifestantes, alguns armados com paus e usando capacetes e armaduras, tentaram se manter firmes.
Era possível ver muita fumaça saindo da queima de tendas e pilhas de pneus e madeira, enquanto milhares de manifestantes ficaram isolados no centro da praça, disse um cinegrafista da Reuters. Vários andares de um edifício sindical, usado como base antigoverno, estavam em chamas.
Pelo menos 14 manifestantes e sete policiais morreram na terça-feira durante horas de violência entre forças de segurança e civis. Muitos foram mortos por tiros e centenas de pessoas ficaram feridas, sendo dezenas em estado grave, de acordo com a polícia e representantes da oposição.
Governos ocidentais alarmados com a situação pediram contenção e diálogo. O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou para Yanukovich, pressionando para que ele recue as forças do governo e exerça a máxima contenção, segundo a Casa Branca.
Mais cedo, o serviço de segurança do Estado fixou um prazo para os manifestantes encerrarem a desordem ou, do contrário, enfrentariam "duras medidas". Então, a polícia avançou em direção à Praça da Independência e iniciou sua ofensiva nas primeiras horas da quarta-feira lançando granadas de efeito moral.
As manifestações irromperam por todo o país no fim do ano passado depois que Yanukovich cedeu à pressão russa e abandonou um acordo comercial abrangente com a União Europeia, decidindo, em vez disso, aceitar um pacote de ajuda da Rússia para a economia ucraniana, fortemente endividada.
Potências ocidentais alertaram Yanukovich contra a tentativa de esmagar os manifestantes pró-europeus, instando-o a se voltar para a Europa e a perspectiva de uma recuperação econômica com o apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto a Rússia os acusava de intromissão nos assuntos internos ucranianos.
*Por Pavel Polityuk e Marcin Goettig, via Reuters
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