Participação das exportações chinesas na região passou de 6%, em 2003, para 18% em 2013. Já a do Brasil, caiu de 14% para 11%.
São Paulo - Apesar da desaceleração de seu crescimento, a China continua exportando muito e vem ampliando sua participação no mercado internacional às custas da queda da participação de seus concorrentes nos mercados mundiais. E o Brasil não está imune a esse movimento. Entre os países da América do Sul — sem contar Venezuela e Uruguai — a participação da China nas importações da região triplicou em pouco mais de dez anos: passou de 6% (média 2002/2003) para 18% em 2013, ao passo que a do Brasil caiu de 14% para 11% no mesmo período. Os dados são da nova edição da revista “Conjuntura Econômica” do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre).
Segundo a professora Lia Baker Valls Pereira, autora do artigo, a participação da China nas perdas enfrentadas pelo Brasil na região aumentou especialmente em setores de alta tecnologia. Isso sugere que o país permanece competitivo em produtos primários, mas perde muito quando o assunto são os manufaturados. “A escalada da China para produtos de maior conteúdo tecnológico tende a dificultar a diversificação da pauta brasileira em direção a setores de maior valor adicionado na região”, aponta a professora.
De acordo com o especialista em comércio exterior José Roberto Cunha, do Programa de Comércio Exterior Brasileiro da Fundação Instituto de Administração (Proceb/FIA), teoricamente o Brasil teria mais vantagem em relação à China para vender manufaturados na América Latina, tanto pelos acordos comerciais que possui, quanto pela proximidade geográfica e cultural.
Para o advogado Eduardo Ribeiro Augusto, sócio do setor de Propriedade Intelectual da Siqueira Castro Advogados, cada vez mais esse ganho de mercado da China deixa de ser por preço e passa pela qualidade. Segundo Augusto, em 2012, o escritório de propriedade intelectual da China — semelhante ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) foi o que mais recebeu pedidos de patentes no mundo: 652 mil pedidos, 24% mais do que em 2011. Já o Brasil, que ocupa o 10º lugar no ranking, recebeu 30 mil pedidos.
“Esses números dão uma outra dimensão do motivo de a China ganhar cada vez mais espaço no comércio mundial. A inovação é um grande atalho para conseguir novos mercados. Quanto mais se inova, mais facilidade se tem de encontrar e conseguir novos mercados”, afirma o advogado.
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