Estamos testemunhando hoje, em tempo real, o resultado de
150 anos de socialismo europeu chegando ao seu estágio final na Grécia.
Os cidadãos europeus dos países produtores de
riqueza -- e que sustentam todo o arranjo da União Europeia por meio de seus
impostos -- estão começando a perceber que foram, todo esse tempo, espoliados
pela UE, que, ao garantir explicitamente não deixaria nenhum governo quebrar,
criou um risco moral irreversível: qual governo adotaria uma política fiscal
cautelosa sabendo de antemão que, se quebrasse, seria socorrido pelos pagadores
de impostos de outros países?
A Grécia simplesmente acreditou piamente
nessa garantia, e adotou políticas fiscais expansionistas que levaram o país à
falência. Outros países da UE não estão muito atrás.
No cerne dessa tragédia europeia está o ideal
socialista. A Europa vem flertando com o socialismo desde o final do século
XIX. O socialismo bismarckiano, que começou no final daquele século, produziu
duas guerras mundiais. O socialismo leninista, até o seu eventual colapso,
dizimou e escravizou centenas de milhões de indivíduos. Sem se sentirem
afetados, tão logo a Segunda Guerra Mundial terminou, os socialistas europeus
embarcaram em um novo sonho socialista.
Afinal, se o socialismo havia fracassado em
um país, certamente ele funcionaria em outros. E, se ele fracassasse em outros,
então certamente ele funcionaria se toda a Europa fosse arregimentada sob uma
organização socialista supra-nacional.
É claro que eles não chamam de “socialismo” o
arranjo (baseado na transferência de renda dos mais produtivos para os menos
produtivos) que surgiu desse sonho, mas é um socialismo ainda assim.
O socialismo jamais irá funcionar, seja em um
único país, seja em uma região formada por vários países, como a Europa, ou até
mesmo no mundo como um todo.
Ludwig von Mises, ainda em 1920, já explicou
por que o socialismo não é um sistema econômico alternativo. O socialismo nada
mais é do que um programa de consumo. O socialismo nada diz sobre a produção. O
socialismo não tem uma teoria sobre a produção econômica.
Dado que, no socialismo, a produção de cada
indivíduo será redistribuída para toda a humanidade, não há incentivo econômico
para se produzir nada. Por outro lado, haverá vários incentivos para a coerção,
para ameaças de violência e, em última instância, para a escravização completa.
Sob um arranjo socialista, tanto o
trabalhador quanto seu supervisor, mesmo sob constantes ameaças de morte,
jamais saberiam o que produzir, como produzir, em que quantidade produzir e com
que qualidade. Essas direções econômicas são produtos do capitalismo de livre
mercado e do sistema de preços, ambos abolidos sob o socialismo.
Já sob o capitalismo, o indivíduo se
especializa em produzir bens que podem ser livremente trocados pelos bens
produzidos por terceiros. Essa é apenas uma maneira de ilustrar a Lei de Say: a
produção tem necessariamente de anteceder o consumo, e a própria produção cria
uma demanda por outros produtos.
Por exemplo, um agricultor pode cultivar
milho para a sua própria família ou para alimentar seu rebanho, mas ele irá
vender a maior parte do seu milho no mercado em troca de dinheiro. E ele
utilizará esse dinheiro para satisfazer todas as suas necessidades e desejos.
Sua plantação de milho, portanto, representou sua demanda por outros bens e
serviços, e o dinheiro foi simplesmente o meio de troca que ele utilizou para
satisfazer sua demanda.
Keynes tentou refutar a Lei de Say alegando
que a demanda, por si só -- criada artificialmente por meio da impressão de
dinheiro pelo Banco Central --, iria estimular a produção. Ele tentou, de
maneira ilógica e sem êxito, colocar o consumo antes da produção (exatamente
como fez o governo brasileiro ao adotar a Nova Matriz Econômica). Isso gera
apenas inflação de preços e endividamento.
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