Depois de 12
anos afastados, a jovem americana e seu pai se conheceram e passaram uma semana
juntos - tempo suficiente para, segundo ela, se apaixonarem e terem a sua
primeira relação sexual. Quase dois anos depois, eles planejam se casar e ter
filhos biológicos.
Na década de 80, Barbara Gonyo, fundadora de um grupo de apoio a
crianças adotadas que tiveram a chance de conhecer os pais biológicos, cunhou
o termo “Atração Sexual Genética” (GSA - sigla em inglês). Segundo
ela, ele diz respeito aos intensos sentimentos amorosos e sexuais observados
nas reuniões de reaproximação. Em entrevista ao The Guardian, contou que este
sentimento tabu ocorre em 50% dos casos em que parentes afastados se
reencontram na fase adulta. É exatamente esta a realidade vivida por uma garota
americana de 18 anos.
Em entrevista à The New York
Magazine, a jovem da região dos Grandes Lagos, nos
Estados Unidos, deu todos os detalhes do relacionamento de dois anos com o seu
pai biológico, que ela conheceu 12 anos depois de completo afastamento. Um
relato bastante perturbador.
Os pais da menina se conheceram no colégio, aos 18 anos, e a conceberam
na noite da festa de formatura. Eles tinham um relacionamento sério há seis
meses, mas romperam durante a gravidez. “Eu acho que os problemas
psicológicos da minha mãe contribuíram para que a relação não funcionasse. Ela
sofre de bipolaridade e outros problemas mentais”, disse. “Eles não eram
felizes e não mantiveram o contato depois do meu nascimento.”
Nos dois primeiros anos de vida, ela foi criada pelos avós por conta
do descontrole da progenitora e teve um breve contato com seu pai entre os 3 e
5 anos de idade.Mas os encontros eram sempre conturbados e marcados por
discussões do ex-casal. Logo, as visitas cessaram.
“Quando eu tinha uns 15 anos, ele escreveu para a minha mãe dizendo que
gostaria de me ver. Eu disse que sentia falta dele e não me importaria em
encontrá-lo. Ela me perguntou como eu poderia sentir saudades de alguém que eu
mal conhecia, que eu não via há muito tempo. Mas a minha carência era de uma
figura paterna.” Segundo a jovem, a mãe sempre se relacionou com os
caras errados e ela nunca conseguiu se sentir próxima dos padrastos.
Até que aos 17 anos, ela teve a chance de reencontrar o pai biológico.
“Minha mãe era muito controladora. Ela tinha a senha do meu Facebook, desde a
criação da conta. Um dia, depois de recuperar os meus privilégios de acessar a
rede social, ele me adicionou como amigo. A princípio, pensei que fosse o meu avô, por
causa do nome similar. Só depois me dei conta de que se tratava do meu pai. Eu
disse que achava que ele estava morto e perguntei por que ele demorou para
entrar em contato. Ele disse que sempre tentava me adicionar, mas eu
sempre rejeitava o convite. Era a minha mãe controlando o meu perfil.”
O contato seguiu via internet e eles descobriram vários gostos em comum.
Se encontraram uma semana depois. Passaram o dia todo abraçados. “Descobrimos
que somos muito parecidos.” Foi aí que a menina pediu para passar uma semana
com ele, que morava cerca de 30 minutos de distância da sua casa. “Acho que
minha mãe sabia que eu iria me mudar. Chegamos a um ponto onde eu precisava
escapar, ela era muito controladora.”
Os dois passaram cinco dias juntos. “Ele estava morando com a namorada.
Na primeira noite, dormiu no sofá e eu no chão, só para ter a certeza de que
estava tudo bem. Dormir em lugares diferentes me deixava ansiosa e eu pedi para
que ele ficasse comigo, caso eu tivesse pesadelo durante a noite. Na segunda
noite, ele dormiu no sofá novamente. E no terceiro dia, eu me vi dormindo com
ele no chão, deitada em seu peito, nos braços. A quarta noite passamos
no chão de novo. Desta vez, nós realmente nos abraçamos. Quando acordamos,
estávamos de conchinha. Eu não soube disso na hora, mas depois que nos
declaramos, ele confessou ter tido uma ereção. [Não senti nada]. Eu estava
dormindo e ele foi discretamente ao banheiro.”
Na noite seguinte, enquanto brincavam de lutinha antes de se deitarem,
ela o mordeu. “Eu pude vê-lo arrepiado dos dedos dos pés aos ombros. Em
seguida, ele beliscou minha coxa e eu me arrepiei toda. Paramos e
dissemos que não sabíamos o que estava acontecendo, mas admitimos que sentíamos
algo forte um pelo outro. Discutimos se isso era certo e nos beijamos. Depois,
fizemos amor pela primeira vez. Foi quando eu perdi a virgindade.”
Ela conta que nunca teve vida social, namorou um garoto durante dois
anos, mas foi traída. Em seguida, se relacionou com uma garota, mas ela era
muito religiosa e a relação não vingou.
“Há uma razão para eu ter perdido a virgindade com ele - eu nunca me
senti confortável com outro homem. Foi incrivelmente sensual. Nós dois tivemos
orgasmos”, relatou, acrescentando que em nenhum momento foi coagida ou
sentiu estranheza. “Foi natural. Não foi um tabu. Senti como se estivesse
fazendo amor com um homem com quem eu estava junto há anos.”
No depoimento, ela confirmou que eles se sentiram completamente
apaixonados, sentimento que causou o fim do namoro do pai, na época. A
mãe e a família materna os veem como pai e filha; já a família paterna os
aceita como um casal e “estão ansiosos para que tenhamos filhos”.
Quase dois anos depois do início do relacionamento, eles planejam se
casar. “Quero um casamento completo, mas não legalmente registrado. Não
acredito que um pedaço de papel prove que você deseja ficar com a pessoa que
ama.” Para isso, pretendem se mudar para Nova Jersey, onde podem se sentir
seguros perante a lei. “O incesto entre adultos não é considerado ilegal por
lá. E assim que mudarmos, vou contar a todo mundo.”
O desejo do casal é também ter filhos biológicos. Eles não temem risco
algum. “Eu não correria o risco de ter um filho se eu soubesse que
seria prejudicial. Eu pesquisei sobre isso. Todo mundo pensa que as crianças
nascidas em relações incestuosas, certamente, terão problemas genéticos, mas
isso não é verdade. Isso acontece quando há anos de consanguinidade, como com a
família real.”
Mas ela admite que, às vezes, o procura como filha. “Quando eu
preciso do meu pai, eu digo, ‘Ei, pai, preciso de você’. E nessa hora, ele não
é meu noivo ou namorado, mas meu pai.”
Hoje, ela está com 18 anos e ele com 37, mas garantem que a
diferença de idade não atrapalha em nada. “Eu nunca me senti dessa forma com
ninguém.”
Quanto aos julgamentos, ela diz: “Eu não entendo por que estou sendo
julgada por ser feliz. Somos dois adultos que salvaram um ao outro. As pessoas
precisam pesquisar mais sobre incesto e GSA, porque eles não sabem do que se trata
e não entendem como acontece. Quando você tem 18 anos, você sabe o que
quer. Você é adulto diante da lei. Eu posso cuidar de mim mesma. Não preciso se
proteção. Se eu estivesse em uma situação da qual eu tivesse que sair, eu
sairia. Não tenho medo de me defender.”
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Via Revista Marie Claire - http://glo.bo/1yCVb21
COMENTÁRIO: Dia desses eu falei que
o próximo debate para derrubar todos os tabus seria o incesto. A matéria
jornalística mostra uma realidade objetiva: o pai biológico e a filha, que se
conhecem adultos, se apaixonam e resolvem se casar. Usando a interpretação dada
pela Suprema Corte americana para as relações afetivas entre adultos do mesmo
sexo, qual o impedimento para o casamento consentido entre pai e filha, mãe e
filho, pai e filho, mãe e filho, irmão e irmã, irmão e irmão?
Se formos analisar a questão sob o enfoque do padrão moral dos nossos
dias, defendido ao menos por formadores de opinião, teríamos como legítimas,
lícitas e desejadas todas as formas de amor...
*Adriano Soares da Costa, via Facebook
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