sexta-feira, 29 de abril de 2016

“A Verdade Sufocada”, do Coronel CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA.


Há quarenta anos, em 25/07/1966, a organização terrorista Ação Popular (AP) realizou um atentado no Aeroporto de Guararapes • Recipe/PE - que ocasionou duas mortes e treze feridos graves, entre os quais uma criança de sete anos. Esse atentado e considerado o marco inicial da luta armada no Brasil.
Diz o autor:
“Comandei o DOI/CODI/ll Exército, de 29/09/1970 a 23101/1974, período em que as organizações terroristas atuaram com maior intensidade. Neste livro conto como os órgãos de Segurança as derrotaram. Na luta armada, lamentavelmente, tivemos cerca de 500 vítimas, de ambos os lados, um número bastante reduzido se o compararmos com os demais países da Aménca Latina que também, enfrentaram o terrorismo. Além dos relatos procuro desfazer mitos, farsas e mentiras divulgadas para manipular a opinião pública e para desacreditar e desmoralizar aqueles que as venceram.”
Agrego:
Ofato é que todos os países no curso de sua história revelam eventos censuráveis quando examinado seu passado com isenção; em todos há genealogia de vítimas, cuja carga não pode ser eliminada por uma lei, decreto ou moção parlamentar, mas por uma consciência da realidade e instituições, pelo sistema de valores, cultura e de uma conduta cidadã[comportamento cívico] que sejam, em si mesmos, uma correção permanente e de superação de eventual legado trágico.
Porém, a revisão crítica do passado– não pode ficar a cargo de políticos ou do eventual governo de plantão, mas de historiadores, investigadores e estudiosos que examinando as ocorrências passadas em seu devido contexto, estabelecem as prioridades e correlações indispensáveis, avaliando as informações necessárias, considerando o seu devido contexto, e assim discernir e interpretar o passado, com objetividade e imparcialidade, condená-lo, aprová-lo ou até demonstrar admiração pelos fatos e personagens que o conformaram.
Assim, a revisão para ser honesta e eficaz, deve ser individual, livre, independente e pluralista; numa sociedade democrática, coexistem diferentes versões e interpretações dos eventos históricos. Esta diversidade é a melhor maneira de abordagem para deslindar a complexidade dos fatos e buscar a verdade histórica. Tal abordagem, obviamente não exclui a crítica, que é a única que a torna possível e justa.
Todavia, quando a verdade histórica torna-se monopólio do poder político, como ocorre nos governos de viés totalitário a possibilidade de conhecer a verdade é interditada, pois é substituída pelas mentiras e falsificações que o governante e a facção dominante impõe por motivos de propaganda ideológica, para distrair e auto justificar suas próprias mazelas gestadas na ineficiência, ineficácia e incompetência na governança pública.
Desta maneira não se deve confundir memória [seletiva] e história, constituindo-se emimperativo ético-jurídico a advertência de que é bom e saudável para uma sociedade que os políticos não se intrometam no domínio dos historiadores, justamente para evitar a nefastacontaminação político-ideológica.
É de fundamental importância que os cidadãos numa sociedade democrática tenham consciência crítica e mantenham viva a memória do passado, do bem e do mal que herdaram, conscientemente e com determinação para enfrentar o futuro e não para perseverar no erro. Por isso, o passado não deve ser manipulados por razões políticas nem ser convertido em jogo de malabarismos ideológicos confrontados na luta pelo poder.
Com efeito - estudar, conhecer, interpretar e compreender o passado é uma tarefa que exige rigor intelectual, paciência, integridade, probidade e talento, com um esforço sustentado ao longo do tempo por gerações de pesquisadores, de cujo escrutínio surge uma história que nunca para, em que os descobrimentos, conclusões e análises enriquecem e corrigem nuances, às vezes até de forma dramática.
Os museus ideológicos, mesmo com a derrubada do Muro de Berlim e a falência múltipla dos órgãos e instituições do comunismo ainda enveredam pelo revanchismo, pelo ódio, peloressentimento e até pelo masoquismo, resultante de uma forma distorcida de prazer para alguns políticos e ideólogos que se apegam a contemplação da tragédia do passado com tentativas explorá-las em benefício pessoal, esquecendo-se dos seus próprios crimes.
Assim, deve-se educar, informar corretamente as novas gerações a fim de os que foram reprimidos, humilhados ou vitimados pela violência injusta sirvam de exemplo histórico para que as tragédias não se repitam no futuro.
Não há melhor tributo às vítimas da intolerância, do fanatismo, do preconceito ou da barbárie [des] humana do que recordá-los, aprender com eles e, portanto, incutir na sociedade a cultura de tolerância, de respeito à diversidade, ao pluralismo político, religioso e cultural.
A própria conduta humana raramente é linear e inequívoca,  enquanto os fatos históricos, geralmente alteram seus significados e, sobretudo suas nuances, especialmente sob o olhar do espectador. Portanto, somente sob a perspectiva plural e democrática é que as sociedades democráticas podem fazer uma avaliação e uma crítica válida e honesta do passado.
As nuances históricas não são desculpas, mas alguns fatores devem ser observados para uma melhor compreensão dos acontecimentos, do por quê e como as coisas ocorreram; depreciá-las ou ignorá-las pode significar às vezes continuar matando os mortos e aqueles que se pretende quer ressuscitar.
O debate político que levou a aprovação da lei de anistia no Brasil foi amplo e democráticomediante o que se chamou de abertura ‘ampla, geral e irrestrita’ – foi mobilizado o conjunto da sociedade e o governo foi além do que preconizavam algumas facções ‘oposicionistas’.
Por fim, a vontade democrática da cidadania – promoveu o perdão e o esquecimento pelaanistia aos crimes praticados no período de 02 de setembro de 1964 a 15 de agosto de 1979 cuja Lei foi sancionada com igual espírito – tanto para os responsáveis como executores da repressão e, até para os terroristas, assassinos-justiçadores, seqüestradores, assaltantes, homicidas, vinculados as organizações subversivas.
Com efeito - a visão jurídica é clara com a luz meridiana, mas a visão ideológica é dominada pela memória seletiva.
Porém - a memória seletiva gestada pela cínica e perversa FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA feita pelo esquerdismo - deixa pouco espaço para a discussão de um passado que somente o ódio revanchista não esqueceu.
Essa [des] memória foi engendrada perversamente mediante reiterada campanha midiática de forma descarada em que são denunciados sob o rótulo de crimes da ditadura, torturas, prisões, omitindo-se perversamente os crimes do ‘esquerdismo’, sobretudo os assaltos, seqüestros, assassinatos, ações terroristas e ‘justiçamento’ praticados pela ‘justiça revolucionária’ contra seus próprios integrantes. 
Segundo esta nova visão – apoiada na falsificação histórica somente a direita cometeu crimes e com essa percepção distorcida passam a ‘identificar e a denunciar’retrospectivamente cada vez mais os ‘excessos da ditadura militar’, superdimensionando unilateralmente em busca de uma NOVA MEMÓRIA SELETIVA em virtude da qual a direita e a esquerda não cometeram excessos equivalentes que devem ser perdoados reciprocamente pela Lei da Anistia, como o foi efetivamente.
Alguns segmentos que não representam a Nação, mas movidos unicamente pelo ódio revanchista querem erigir como verdade a existência de um só excesso, um só ‘demônio’, cuja recordação é revivida depois de mais de 45 anos, com o objetivo claro de promover um revanchismo contra os militares por supostas violações de direitos humanos durante a contra Revolução de 1964.
Segundo esta ‘nova’ percepção – e aí entra a manipulação da história, reitere-se -somente a direita cometeu crimes e com essa visão distorcida passa a ‘identificar e a denunciar’ retrospectivamente cada vez mais os ‘excessos da ditadura militar’, superdimensionando os fatos unilateralmente em busca de uma ‘NOVA’ MEMÓRIA, tentando com isso promover uma nova eperversa divisão da sociedade.
Pelo viés ideológico – verifica- se que nos países do Cone Sul - quem pegou em armas, assaltou, seqüestrou, roubou, assassinou, vitimou civis inocentes, alheios à ideologia revolucionária – foi reconhecido pelo poder público como vítima – recebe polpudas indenizações, pensões e aposentadorias, enquanto as VERDADEIRAS VÍTIMAS DA SUBVERSÃO ARMADA – foram esquecidas pelo mesmo poder
público, ou seja, os SUBVERSIVOS enriquecem a custa do dinheiro público e  asVERDADEIRAS VÍTIMAS permanecem no limbo jurídico, inclusive como ser humano, o que significa negação da própria pessoa humana.
Não se pode olvidar, ainda,  que o estímulo à luta de [sem] classes conduzidos e financiados pela tríade do mal – Moscou-Pequim-Havana – levou o Cone Sul [Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai], Chile e outros países da América Latina – a enfrentarem e padecerem de uma luta fratricida, em diferentes graus de violência – com assassinatos, inclusive de civis inocentes, forçando  os Estados a apelar até a leis de exceção para acabar com o terrorismo dos grupos subversivos que atuavam na época conectados e de acordo com as vinculações e conexões (MOSCOU-HAVANA-CHINA) existentes durante a ‘guerra fria’ e que somente foi superado, posteriormente pela VONTADE DEMOCRÁTICA DA CIDADANIA – promovendo o perdão e o esquecimento pela anistia aos crimes praticados no período, sancionada com igual espírito – tanto para os responsáveis como pelos membros dos órgãos legalmente incumbidos da repressão.
No BRASIL - A Contra-revolução ou movimento cívico militar de 1964 desencadeado com o apoio da população e da mídia, REPITO, da população e da mídia - em razão dos elevados níveis de corrupção, da divisão da sociedade civil ameaçada pela desordem e pela subversão, não teria sentido ou justificativa senão diante da ameaça à democracia, o desrespeito às normas republicanas e às regras Constitucionais, a agitação, a violência, o caos e anarquia que ameaçava o Estado de Direito.
Vale a pena citar a verdadeira memória histórica:
“As revoluções nas democracias, são causadas, sobretudo pela intemperança dos demagogos” e o motor dessa intemperança é acionado pelo ódio contra os ricos.ARISTÓTELES
 “As revoluções nascem espontaneamente de uma doença geral dos espíritos, induzida de repente ao estado de crise por uma circunstância fortuita que ninguém previu (...). Aquele que se jacta de tê-las maquinado nada mais faz do que delas tirar proveito.” ALÉXIS DE TOCQUEVILLE.
 “As revoluções se produzem nos becos sem saída.” BERTOLD BRECHT, teatrólogo e militante comunista.
A Contra-revolução ou movimento cívico militar de 1964 singelamente foi o corolário resultante da divisão da sociedade civil ameaçada pela desordem e pela subversão; restaurou-se a legalidade e os inevitáveis abusos são inerentes a qualquer processo político de origem violenta.
Também, no final da II Guerra mundial – os governos dos países beligerantes da EUROPA OCIDENTAL – concluíram a etapa mais trágica de sua história e invocando a necessidade uma ‘RECONCILIAÇÃO NACIONAL’ que deixasse para trás as divisões e enfrentamentos que havia desgraçado essas sociedades, foram sancionadas leis de anistia para os delitos e crimes relacionados com a guerra, com exceção dos CRIMES CONTRA A HUMANIDADE considerados/declarados IMPRESCRITÍVEIS. A ITÁLIA o fez em 1946; FRANÇA em 1951 e 1953; ÁUSTRIA em 1953 e 1956.
Porém nos países do Cone Sul em nossa América do Sul parece que o ódio, o revanchismo e o ressentimento não tem fim ...
O objetivo de dividir novamente a sociedade não encontra precedentes no mundo civilizado e a conseqüência mais nefasta e torpe de semelhanteinstrumentalização da recordação pelo viés ideológico dos fatos passados
é a generalização de um cinismo que, justificando-se em meias verdades, no estilo ‘a verdade’ é [re] escrita pelos vencedores [o governo de turno/plantão], torna difícil, ou pior ainda, irrelevante, a discussão séria e honesta sobre o passado.
A condição de vítima da violência seja ela estatal ou de grupos e facções terroristas – não admite graduações (investment grade) – nem diferente percepção moral (superioridade moral de uns em detrimento de outros); não pode e não deve haver vítimas boas e vítimas más, vítimas que se convertem em símbolo e vítimas que precisam ser ocultadas; um enfoque de tamanha crueldade, parcialidade e injustiça, afronta a dignidade humana e contribui somente para vitimizar novamente quem já foi vítima, da violência, além de ressaltar a índole dos promotores de tal disparate.
Os DIREITOS HUMANOS – devem ser entendidos e aplicados de formauniversal – jamais de forma parcial e seletiva.
O fato de a repressão ter sido promovida necessariamente por parte das forças de segurança do Estado – com o imenso aparato das Forças Armadas e órgãos policiais não deve servir para ocultar que também houve outro tipo de violência de múltiplas organizações armadas – que praticaram atos terroristas, seqüestros, roubos, assaltos e assassinatos, vitimando, inclusive civis inocentes – quer por motivação político-ideológica ou tendência sociopoliticacriminosa ou não e que ao invés de serem condenados são premiados, beneficiando-se da própria torpeza (a) (i) moral.
Pretender ‘excluir’ novamente por motivações ideológicas – seletivamente - quais são os delitos de lesa humanidade e quais devem ser as vítimas ‘genuínas’ e dignas de ser reconhecidas ou não – além de ser um arremedo jurídico, demonstra mais uma vez a gênese criminosa de quem pretendia transformar o Brasil numa Cuba de dimensão continental.
Nesse sentido qualquer depoimento honesto de militante do período é revelador da verdadeira índole dos revolucionários, a exemplo de DANIEL AARÃO REIS:
“... Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática. No reverso da moeda, nenhuma organização defendeu o terror indiscriminado, nem praticou ações que, na concepção, tivessem o objetivo de ferir ou matar pessoas que não tinham nada a ver com nada.” ENTREVISTA: DANIEL AARÃO REIS (ex-militante do MR-8, professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense e autor de “Ditadura militar, esquerda e sociedade”) - in “O Globo”, de 23/09/2001.
O que não pode prevalecer prevalecer é um deficit de rigor histórico que afete decisivamente a visão sobre o passado, pela reinterpretação falsificada, no afã de recuperar o tempo perdido, como se a história pudesse ser reescrita e fosse possível, por obra de vontade e circunstâncias oportunas reencontrar, auto justificando oelo/inocência perdida – que é o que tem em comum as evocações dos anos 60, 70 para distrair e enganar o respeitável e distinto público.
CONCLUINDO: as vítimas da ‘ditadura’ – não satisfeitas com a ‘terceira geração de assaltos aos cofres públicos’, ressalvadas algumas exceções – querem agora a prevalência da visão ideológica ao invés de jurídica sobre os fatos, em prejuízo dapaz e da conciliação nacional.
Abaixo segue o link do ivro "A Verdade Sufocada" para download e constar de seus arquivos.
São 589 páginas em pdf. Raridade histórica que deve ser 
guardada para seus descendentes. Repasse para seus amigos, principalmente para os civis.https://drive.google.com/file/d/0B26NeaBb7Fo8TThKT09UamVYMlE/view

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