A presidente Dilma Rousseff não é mais a mesma. E não será até outubro de 2014. Os berros e a permanente irritação deram lugar a brincadeirinhas pretensamente bem-humoradas. Descontração ao invés da ira, sorrisos e beijocas e não mais a cara fechada, o rosto sisudo.
A transformação de fel em mel, um dos mandamentos do evangelho do marqueteiro João Santana, que Dilma professa sem pestanejar, já estaria produzindo efeito. Dilma readquiriu pelo menos parte da musculatura que lhe mantém na dianteira do jogo eleitoral, mesmo diante do baque que a união Marina Silva-Eduardo Campos provocou no ânimo de sua turma.
A ordem é ser boazinha, simpática, o que, no caso dela, há de se reconhecer, é uma prova de fogo. E agir em todas as frentes: inaugurações, programas populares de rádio e TV, entrevistas para a imprensa regional, redes sociais.
Voltou frenética ao twitter, o mesmo que descartara depois de eleita. Foram 1.067 dias sem postagem alguma. Agora são no mínimo 10 por dia, às vezes 15. Só perde para a presidente da Argentina Cristina Kirchner, uma viciada na rede. Aliás, é impressionante como o twitter de Dilma é parecido com o da vizinha. Ambas utilizam a mesma linguagem e estilo, os mesmos truques de marquetagem. Quase iguais.
Candidata em tempo integral, Dilma usa e abusa de sua vantagem sobre os concorrentes. Por ser presidente, tudo o que faz ou fala repercute, vira notícia. Come todos, por todos os lados.
Ainda que se expresse em dilmês - língua de difícil compreensão, que vira piada fácil -, seu nome está sempre em evidência. Ocupa espaços que os demais não têm e que só terão depois da Copa do Mundo.
*Extraído do texto "Canibais". Por Mary Zaidan
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