É realmente um espanto! O programa “Na Moral”, comandado por Pedro Bial, anunciou um debate que prometia ser quente sobre cotas raciais. Mas ele não foi ao ar. Virou barraco sim, como costuma acontecer quando um lado não quer realmente debater, e sim impor seu ponto de vista, considerado uma verdade absoluta proferida por seres com infinita superioridade moral. O motivo de não ter ido ao ar é outro:
Segundo a Globo, a produção descobriu que uma das participantes está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como candidata nas eleições deste ano e não poderia aparecer na TV, conforme a legislação eleitoral. A emissora alega não ter sido informada sobre a candidatura dos convidados.
Na verdade, dois convidados do programa serão candidatos: a desembargadora Luislinda Valois, primeira juíza negra do Brasil, e Douglas Belchior, militante do Movimento Negro, ambos favoráveis às cotas. Contra as cotas, foram convidados a procuradora Roberta Fragoso e o estudante negro Éder Souza.
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Durante a gravação do bloco sobre cotas, que acabou não indo ao ar, o debate esquentou e virou bate-boca com muita gritaria. Pedro Bial teve que intervir em diversos momentos e pediu a Thiaguinho para cantar e acalmar os ânimos.
“O debate no programa foi violento. Eles [pró-cotas] começam a gritar até você se calar, são extremamente violentos. Creio que tenha prejudicado a exibição. Não fiquei chateada, mas o público perdeu muito”, diz a procuradora Roberta Fragoso, contrária às cotas, que lamenta o debate não ter ido ao ar: “O programa ficou péssimo. Não teve debate nenhum, só a opinião de atores da Globo sobre o negro nas novelas”.
Para a procuradora do Distrito Federal, que é branca, os convidados aproveitaram o Na Moral para fazer campanha eleitoral: “Eles agiram de má-fé. Sabendo que são candidatos, não poderiam aceitar o convite do programa”.
Curioso perceber que os participantes favoráveis às cotas raciais e que se propuseram a ser candidatos – para tanto se registrando no Tribunal Eleitoral – simplesmente “se esqueceram” de que seriam candidatos.
O candidato do PSOL, Douglas Belchior, ainda tenta se justificar: ”Não havia candidatura oficial na gravação do programa, que foi no dia 28 de junho. Os registros se deram apenas no dia 5 de julho. Mas, independentemente disso, não havia nenhuma orientação de que pudesse gerar algum problema. Eu mesmo desconhecia a tal regra e, afinal, sabemos que ela é seletiva, não é?”.
Ou seja, ele alega que a gravação do programa foi antes do registro oficial no TSE. Mas não sabia que seria candidato? Mas não sabia que o programa só ia ao ar depois do registro? Ah, não importa! Ele julga a regra “seletiva”, então pro inferno com ela! Ele está acima das leis…
Por fim, observem que quem é contra a cota racial normalmente não se candidata a nada, apenas defende suas ideias por princípios, por acreditar que as cotas realmente prejudicam o país, ao segregá-lo com base em conceito de raça. Também não recebe “verbas” públicas destinadas aos movimentos sociais. Cabe perguntar ao leitor: em quem você confia?
*Rodrigo Constantino
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