A reportagem de capa do caderno de economia do GLOBO de hoje mostra como os fundos de pensão estatais devem bateram apenas 17% das metas atuariais em 2013 e dificilmente irão se recuperar este ano, fechando pelo terceiro ano consecutivo com déficit. A rentabilidade média foi de apenas 2% no ano passado, enquanto a meta era de 11,6%. O problema tem ligação com a ingerência política:
Falhas na gestão e interferência política para viabilizar projetos de interesse do próprio governo são apontados por fontes da área econômica como causas dos problemas nesses fundos, combinadas com dificuldades relacionadas à crise econômica. Os déficits em cadeia têm como principais vítimas os aposentados, que veem seus rendimentos encolherem com a crise dos fundos.
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Ronaldo Tedesco, representante dos trabalhadores da Petrobras na Petros, critica os investimentos na Invepar. Ele diz que a construtora OAS é beneficiada, pois participa de concorrências públicas ancorada nos fundos. Os trabalhadores também reclamam que a Petros aplicou cerca de R$ 300 milhões na Lupatech (prestadora de serviços no segmento de petróleo), que está em situação de falência:
— Esses investimentos são de interesse do governo, que se aproveita da influência sobre os fundos. A pergunta é, se os investimentos que os diversos governos têm indicado para a Petros derem errado, a União garantirá a meta atuarial dos planos? Ou vão nos deixar a ver navios afundando?
Ele também citou as aplicações da Petros em bancos com dificuldades, como BVA, Morada, Cruzeiro do Sul e no grupo Galileo (Universidade Gama Filho, que faliu). No próximo mês, a provisão de calote nessas aplicações deverá ficar entre R$ 800 milhões e R$ 1 bilhão, segundo Tedesco.
Volta e meia vemos escândalos de corrupção envolvendo os fundos de pensão estatais. São gigantescas fontes de recursos, uma tentação enorme para qualquer governo. Os aposentados são os maiores prejudicados, sem tanta transparência e sem alternativa para escolher as aplicações de sua própria poupança.
Há claro conflito de interesses em jogo. O aposentado deveria ter flexibilidade muito maior para decidir sobre suas próprias economias, como acontece nos Estados Unidos ou no Chile. Aqui, ele acaba refém dos gestores desses fundos de pensão, que sofrem enorme pressão política.
O resultado é este: o aparelhamento do PT levou os fundos de pensão ao vermelho, e quem paga o pato, como de praxe, é o elo fraco da equação: o aposentado.
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