terça-feira, 26 de outubro de 2010

O Brasil da China

A Amazônia chinesa - Rubem Azevedo Lima - Correio Braziliense - 25/10/2010:
O ex-ministro Delfim Netto voltou a falar, em fins de setembro último, no Perfil Econômico, da ação do Estado chinês, que comprou, na Amazônia, recursos naturais do Brasil - propriedades agrícolas, minas de ferro, de cobre ou manganês -, sob o disfarce de empresas estatais.
Segundo o ex-ministro, a China pretende crescer 9% ao ano, após os 11% de crescimento nas três últimas décadas. Mas, como não tem terra cultivável, ela só alcançará esse objetivo se comprar outra China. O país não tem água abundante, disponibilidade energética, nem matéria-prima e está longe de ter autonomia alimentar.
O normal, diz Delfim, seria as empresas chinesas comprarem no mercado o que precisam. O Estado chinês adotou a estratégia de comprar diretamente recursos num país soberano e ser o proprietário deles.
Então - prossegue Delfim - o próprio crescimento chinês faz explodir os preços dessas matérias-primas. Como proprietária de minas no Brasil, ela exportará o minério pelo preço que lhe convém. Teremos de introduzir sistema de preço mínimo para exportação do minério. Mas, se fizermos isso, o governo chinês reclamará: não é possível o Brasil tributar um governo soberano.
É inadmissível um Estado soberano comprar os recursos naturais do Brasil, que pertencem à sociedade brasileira, não a nenhum governo de plantão. Se quiserem comprar minérios, que uma empresa privada se instale aqui, extraia e exporte minérios. O inadmissível é o Estado chinês, disfarçado em estatal, comprar mina de ferro ou de cobre e enormes terras para produzir soja. Nada de pegar minério aqui, enviá-lo a uma indústria de bens de capital lá, a preços políticos, em vantagem sobre qualquer economia.
Tão grave quanto isso foi a jactância de Lula, segundo a qual "nunca os banqueiros ganharam mais no Brasil" do que em seu governo.
Delfim vê desnacionalizar-se a Amazônia, sob Lula, um anti-Artur Bernardes (digam-lhe quem foi) e teme o Estado chinês, não os chineses. Não se quer expulsá-los, mas uma Amazônia em segurança e nossa, mais nada. É o que se pede a quem eleger-se presidente dia 31, eleitores.
http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2010/10/25/a-amazonia-chinesa

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