sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O recado do general

Ministro do STM adverte que Exército vai intervir se algum doido decidir se perpetuar no poder.
As Legiões deram o mais duro recado ao presidente Lula da Silva, desde o começo da crise militar gerada pelo motim dos controladores de vôo da Aeronáutica. O Ministro do Superior Tribunal Militar (STM) e General de Exército da reserva, Valdesio Guilherme de Figueiredo, aproveitou sua entrevista ao caderno “Prosa e Verso” do jornal O Globo para avisar. "Se algum doido decidir se perpetuar no poder", o Exército vai intervir. Pela primeira vez um General de Exército do STM comentou o processo movido por uma família de ex-militantes do PCdo B contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (que comandou o DOI-Codi em São Paulo, na década de 70), para que ele seja considerado oficialmente um torturador. O General Guilherme detonou: “Por que não se preocupar com tanto ministro que está aí e que fez pior que o Ustra? Tem ministro aí que matou, enquanto o Ustra dizem apenas que torturou. Não consta que ele tenha matado ninguém”. Conhecido nos tempos da Vila Militar como “Toquinho da Maldade”, o General também mandou um recado aos petistas que desejam acabar com a Lei de Anistia. Foi a mais forte manifestação desde que o governo Lula indicou para o STM a Procuradora da República Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha. Filiada ao PT, do qual foi advogada, amiga do casal Lula e Marisa, além de pessoa de confiança do advogado José Dirceu, de quem foi assessora na Casa Civil, Maria Elisabeth é casada com o General Romeu Costa Ribeiro Bastos, amigo do presidente Lula, que comanda a Secretaria de Administração da Presidência da República, responsável, só no ano passado, pelo gasto secreto quase R$ 5 milhões de reais no cartão de crédito corporativo do governo. Ao lembrar que a Lei de Anistia foi sancionada pelo último presidente do ciclo militar, o general Guilherme Figueiredo praticou mais um toquinho de maldade verbal contra o presidente Lula: “Quem cometeu delito está usufruindo dela. E bem. Estão bem remunerados. Agora, quem cometeu delito do outro lado o fez sob a égide de uma Constituição, de 1967. Se comparar a pensão do presidente da Repú­blica (R$ 4,5 mil) com a pensão dos pais do Mário Kozel Filho (soldado que morreu num atentado) é ridículo. Hoje, aqueles que cometeram delitos estão sendo premiados. Agora, não se pode dizer que o Exército é torturador, isso e aquilo. Meia dúzia de malucos faziam isso. O General adverte que “essa conversa de que o Exército mudou é conversa fiada”. Segundo ele, “as Forças Armadas não mudaram nada, porque não mudam nunca. Apenas se recolheram. Agora, se tiver que intervir, claro que vão intervir. É missão constitucional, a garantia da lei, da ordem e das instituições. Vem um doido aí e re­solve dar uma de presidente da Venezuela e querer se per­petuar no poder. Quer dizer ... Se o Congresso mudar a Constituição, vamos bater palmas. Se não mudar, aí não pode. É lógico que tem que haver uma defesa das instituições”. O General Guilherme deu outro recado político ao governo: “Numa ditadura se faz o que quer independentemente da lei. E não sei se agora estamos numa ditadura. Faça uma lei e revogue a Lei da Anistia! Não é mais simples? Processar, pode processar quem quiser. O Ministério Público está aí. Oferece a denúncia e o juiz aceita se qui­ser. Deveríamos estar preocupados não com o coronel Ustra mas com a economia, com o desemprego, com a falta de equipamentos nos hospitais públicos, com a má qualidade do ensino”.
*Por Jorge Serrão

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