Desafiando a Justiça – Quando a Lei da Ficha Limpa chegou ao plenário da Câmara dos Deputados para ser discutida e votada, o editor do ucho. disse a Chico Whitaker, ex-petista e idealizador do projeto, que a matéria, depois de aprovada, seria questionada no Supremo Tribunal Federal por conta das inúmeras brechas.
Acionado, o Supremo validou a Lei da Ficha Limpa para as eleições municipais de 2012, mas mesmo assim inúmeros Tribunais Regionais Eleitorais deferiram registros de candidaturas de políticos ficha-suja. Um dos TREs que mais liberaram registros de candidaturas indevidas, que está na alça de mira do Tribunal Superior Eleitoral.
Para que o leitor tenha ideia do absurdo a que chega a interpretação dos magistrados que integram o Tribunal Regional Eleitoral, tomou posse como prefeito de Coari, cidade às margens do Rio Solimões e detentora de enormes jazidas de petróleo e gás, um candidato com a ficha-suja e alvo de inquérito policial por pedofilia.
Adail Pinheiro, que administrou a cidade em duas ocasiões, assumiu a prefeitura de Coari na esteira de decisão absurda da Justiça Eleitoral. Tendo como padrinho político e apoiador o ex-governador amazonense e senador peemedebista Eduardo Braga (lide do governo Dilma), Adail Pinheiro foi flagrado pela Polícia Federal na Operação Vorax, em maio de 2008, no comando de uma quadrilha que fraudava licitações do município e desviava dinheiro público.
Mesmo com esse currículo nada abonador, a Justiça Eleitoral deferiu o registro da candidatura de Adail Pinheiro, que nos primeiros dias de mandato decretou situação de emergência na cidade, o que dispensa a administração municipal de realizar licitações para a contratação de serviços. Coari tem uma receita média diária de R$ 1 milhão, entre royalties de petróleo e recolhimento de impostos, e o antigo prefeito teria deixado em caixa, segundo apurou o ucho.info, mais de R$ 10 milhões.
Um processo em que é requerida a cassação do registro da candidatura de Adail tramita no TSE desde 2012, mas o ministro José Antonio Dias Toffoli, relator da matéria, tirou-o da pauta de votação sem qualquer explicação.
Presidente do TSE, a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha declarou, em outubro passado, que nenhum candidato ficha-suja tomaria posse. Adail Pinheiro está no cargo para desafiar a Justiça Eleitoral, ignorar a Lei da Ficha Limpa e atender às ordens de Eduardo Braga, que como líder do governo do PT no Senado acredita que está mais poderoso do que antes. Quando abrirem a caixa de Pandora amazonense, por certo o Brasil saberá da verdade.
*Por Ucho Haddad
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