LONDRES - A Petrobrás perdeu o posto de maior empresa da América Latina. A informação é destaque na edição de segunda-feira do jornal britânico Financial Times. Com a queda de 25% do valor da ação nos últimos 12 meses, o valor de mercado da estatal brasileira foi ultrapassado pela também estatal petrolífera Ecopetrol, da Colômbia.
Em reportagem publicada nesta segunda-feira, o jornal afirma que a Petrobrás sofreu "um dos movimentos mais dramáticos da indústria de energia no ano passado" e no fim dos negócios da última sexta-feira, dia 25, o valor da brasileira - calculado conforme o preço das ações - era de US$ 126,8 bilhões. Já a Ecopetrol valia US$ 129,5 bilhões.
A reportagem destaca que a Ecopetrol já vale mais para os investidores que a Petrobrás, "embora a produção da empresa brasileira seja cerca de três vezes maior que a da colombiana".
Para a reportagem, as grandes reservas de recursos naturais e políticas "amigáveis aos negócios" do país vizinho tornaram a Colômbia um local "privilegiado" para o setor de petróleo.
Ao mesmo tempo, diz o texto, "apesar do entusiasmo com as enormes descobertas de petróleo na costa do Brasil, as ações da Petrobrás perderam 45% do valor ao longo dos últimos três anos". Segundo o FT, o papel foi "atingido por resultados financeiros decepcionantes e preocupações sobre o enorme investimento necessário para desenvolver esses campos". A reportagem não cita eventual pressão política sobre a estratégia da empresa.
O diretor-presidente da Ecopetrol, Javier Gutiérrez, foi cauteloso ao avaliar os números. "Realmente, não se pode comparar porque a Petrobrás é um gigante em muitas frentes", disse ao FT. "O valor de mercado é simplesmente um reflexo da confiança que o mercado tem na Colômbia e na Ecopetrol". A estatal tem 80% do capital controlado pelo governo do presidente Juan Manuel Santos e é responsável por cerca de 80% da produção da commodity na Colômbia.
Apesar do movimento considerado "dramático" com as ações da maior empresa brasileira, o FT diz que investidores e analistas reconhecem que a derrubada do preço da ação da Petrobrás não se justifica pelos fundamentos da empresa.
*Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
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