sexta-feira, 12 de julho de 2013

CUBA: Num país em que o Skype é bloqueado até em hotéis, o Twitter vira arma de resistência.

 
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M BUSCA DE VOZ

A ditadura exerce controle rígido sobre a informação – no rádio, no jornal, na TV, na Internet, na telefonia -, mas os cubanos estão descobrindo no Twitter sua arma de resistência
Cuba vai aonde a elite comunista quiser – até que o povo decida o contrário. Em Havana, a população vive insatisfeita, reclama da escassez, dos baixos salários e da falta de liberdade, mas não há vestígio de revolta. Essa aparente apatia é fruto também do tremendo isolamento em que os cubanos vivem.
A internet é inacessível para a maioria da população. Os canais de TV a cabo são clandestinos. Estima-se que 90% da população só tenha acesso a televisão, rádio e jornal oficiais. Por esses dias, o grosso do noticiário em Cuba era o que eles diziam ser um “clamor mundial” contra o bloqueio americano ao país, a pressão internacional pela libertação de cinco cubanos presos nos Estados Unidos e a insidiosa campanha capitalista contra a Síria e o Irã, além dos sinais evidentes do desmonte do capitalismo na Europa.
A muralha da censura em Cuba começou a sofrer um pequeno abalo em 2008, quando o presidente Raúl Castro autorizou os cubanos a comprar celulares. Hoje, num país de 11 milhões de habitantes, há 1,8 milhão de aparelhos. São caríssimos para os padrões locais. Custam entre 90 e 125 dólares, dependendo do modelo da Samsung, a única marca oferecida pela Etecsa, a estatal das comunicações. O chip sai por 40 dólares para cubanos, e por 3 dólares ao dia para estrangeiros. É pré-pago. Pagam-se 45 centavos de dólar por minuto para ligações locais. Por isso, é raro ver alguém falando ao celular na rua. Os orelhões estão por toda parte.
Mesmo assim, aconteceu algo inusitado. Contornando a proibição da internet, os cubanos começaram a usar celulares para trocar mensagens via Twitter. Facilitou a vida de Yoani Sánchez, a blogueira que, morando em Havana, noticia as mazelas do regime. Com as dificuldades de comunicação na ilha, Yoani tem mais plateia no exterior e o Twitter é o melhor meio para aumentar sua audiência no país. O Twitter também tem sido usado por jornalistas independentes, ilegais e cada vez mais numerosos. Para Yoani, a liberação dos celulares “abriu a caixa de Pandora” na ilha caribenha.
As estatísticas mais recentes indicam que há 750 000 computadores em Cuba, com quase 2,6 milhões de usuários – dos quais 450 000, por razões profissionais, são autorizados pelo governo a conectar-se à internet. No Palácio Central de la Computación, no centro de Havana Velha, há trinta computadores que o público pode utilizar de graça. Só dão acesso à Intranet e à Infonet, ambos sistemas cubanos.
Cada usuário pode ficar no computador por até duas horas. Na cidade quente e à beira-mar, é expressamente proibido entrar no palácio da computação de chinelo de dedo. Só três hotéis de Havana oferecem rede wi-fi. Os demais vendem uma “tarjeta de internet” a preço exorbitante: uma hora custa 6 dólares. (O Skype é bloqueado mesmo nos hotéis.) Teoricamente, qualquer cubano pode entrar num hotel, comprar uma “tarjeta” e navegar na internet. Mas, com salário médio de 20 dólares, gastar 6 dólares por hora é proibitivo.
Na tarde quente de uma terça-feira recente, 150 pessoas se aglomeraram diante de uma filial da Etecsa para aproveitar uma promoção – só para cubanos. (A filial fica na Avenida Salvador Allende, presidente socialista do Chile morto em palácio, mas todos os cubanos a chamam pelo antigo nome de Carlos III, o rei da Espanha.)
Nos termos da promoção, com a compra de uma linha de celular pelo equivalente a 30 dólares, ganhava-se um crédito de 30 dólares para fazer ligações. A fila degenerou em tumulto, gritaria e discussão. Ninguém queria perder a chance de ganhar 30 dólares de crédito. Os que usam os celulares para fins políticos têm benfeitores. São grupos anônimos que, do exterior, adicionam crédito aos celulares cubanos on-line.
ESCASSEZ - Havana é um museu a céu aberto.
Os almendrones, carrões americanos da primeira metade do século passado, ainda rodam pelas ruas. As pessoas, jovens até, ostentam dentes de ouro. As lojas fecham por dias a fio e colocam um aviso na porta: “fechado para balanço”. A digitalização é incipiente. Até a venda de vistos de entrada em Cuba num dos aeroportos mais próximos – o de Cancún, no México – é anotada em papel, a lápis.
Na Univesidade de Havana, uma das mais antigas das Américas, a divisão de informática tem computadores dos anos 90. Na biblioteca, há três terminais para pesquisar o catálogo digital, mas o uso mais frequente é dos velhos armários com gavetas e fichas de papel. Num dia normal de aula, não se vê a cena corriqueira em outros países de estudantes às voltas com iPods e smartphones. Numa quarta-feira recente, só um grupo de estudantes trabalhava em um laptop, na faculdade de matemática e cibernética.
A elite comunista de Cuba está mais interessada em controle político do que em desenvolvimento econômico. Nisso, a informação tem papel decisivo. Tudo o que se refere à circulação de ideias é vigiado. No penúltimo domingo de outubro, Cuba foi às urnas para escolher vereadores. Todos os candidatos são do Partido Comunista, que tem 800 000 filiados e uma ala jovem com 700 000 militantes.

A ESCASSEZ II- A sátira de Salvador González sobre a internet: só 450 000 cubanos são autorizados a navegar na rede mundial
Não havia carro de som, comício, passeata, propaganda na TV. Só uma folha de papel afixada nas vitrines com uma biografia do candidato e foto 3×4. É a Lei Falcão cubana.
Por tudo isso, o artista plástico Salvador González, que popularizou o Callejón de Hamel, local de dança e música afro-cubanas, fez uma sátira das comunicações na ilha em seu estúdio: um antigo aparelho de telefone é chamado de “Blackberry”, a velha máquina de escrever de “Internet”.
É também por isso que se diz que Cuba vai aonde a elite comunista quiser. Ela tem o controle de tudo. Pelo menos até que o povo, em algum momento e contra todas as adversidades, decida o contrário.
*Reportagem de André Petry, de Havana, publicada em edição impressa de VEJA
*Fotos da Internet. Fotos originais proibidas de ser exibidas no blog, pelo fotógrafo, sem pagamento, conforme comunicação constante dos comentários.

2 comentários:

  1. Gilberto Tadday
    01:09 (8 horas atrás)

    para mim
    Prezado Mario Fortes,
    http://adireitabrasileira.blogspot.com/2013/07/cuba-num-pais-em-que-o-skype-e.html
    Verifiquei que você está, no seu blog, violando a lei de Direitos Autorais com a utilização sem a minha autorização de fotos de minha autoria feitas em Cuba. Como bacharel em Direito, você deve saber que está violando a LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. Além disso, você está violando a leis de Copyright dos Estados Unidos, onde moro, e onde as fotos estão registradas. Por favor, retire as fotos do blog. Se você quiser manter as imagens no blog, podemos negociar uma licensa de utilização.
    Obrigado.
    Atenciosamente,
    Gilberto Tadday.
    ••••••••••••••••••••••••••••••

    G i l b e r t o T a d d a y

    i n f o @ g i l b e r t o t a d d a y . c o m

    w w w . g i l b e r t o t a d d a y . c o m

    9 1 7 . 2 1 6 . 5 4 1 6

    ResponderExcluir


  2. Mario Jorge Tenorio Fortes


    09:52 (0 minutos atrás)








    para Gilberto












    Prezado Senhor GILBERTO TADDAY,

    Vossas votos foram devidamente retiradas do blog, apesar de conterem os devidos créditos de autoria.

    Como nosso Blog não é patrocinado, nem é esta a intenção, não podemos remunerar fotógrafos,

    Jornalistas, articulistas, colaboradores outros.

    Alguns, cedem gratuitamente, mediante a colocação dos créditos de autoria, outros, como vossa

    senhoria, não.

    Acredite: Não foi nossa intenção "violar as leis de Copyright dos Estados Unidos", onde moras.

    Sem mais, desejamos sucesso.

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