Youssef está preso acusado de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro
O doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, confirmou ontem à
Justiça Federal o elo do mensalão do PT com o esquema de corrupção e propinas
na Petrobrás. Ele disse que mantinha uma conta corrente conjunta com o
ex-deputado José Janene (PP-PR) - morto em 2010 -, responsável pela indicação
de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal
petrolífera, em 2004.
Youssef declarou que, por orientação de Janene, repassava valores a
"agentes públicos" e "agentes políticos" e usava para isso
um segundo doleiro, Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torres, em Brasília,
para entregar o dinheiro. Ele disse que parte da quantia vinha do caixa de
construtoras.
O juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava
Jato, perguntou a ele qual a origem do dinheiro. "Comissionamento de
empreiteiras", declarou Youssef. O juiz perguntou: "Decorrente de
contratos com a administração pública, em geral propinas?" Youssef
respondeu: "Sim senhor, Excelência."
"Tudo o que o seo Janene precisava de recursos
ele pedia a mim e eu disponibilizava", contou Youssef. "Às vezes essa
conta ficava negativa, às vezes ficava positiva.
Na verdade nessa conta também ia recurso para
outras pessoas, não que eu administrasse os recursos dessas outras pessoas, mas
eu via esse caixa como caixa do partido, o Partido Progressista."
O doleiro não citou nome de nenhum agente público
ou agente político. Tais nomes ele já citou em acordo de delação premiada que
ainda terá de ser homologado pela Justiça.
Youssef é réu em cinco ações penais da Lava Jato na
Justiça Federal no Paraná.
Em uma ação, ele é acusado de ter participado da
lavagem de R$ 1,16 milhão do mensalão do PT através de investimentos em uma
empresa de equipamentos industriais situada em Londrina (PR). A ação penal em
que Youssef depôs ontem trata da ligação do doleiro com o ex-deputado Janene e
com o doleiro Carlos Habib Chater.
Youssef afirmou que Janene investiu na empresa de
Londrina por meio de outra companhia ligada a ele, a CSA Project. Essa firma
foi usada para receber recursos do fundo de pensão da Petrobrás, a Petros, alvo
da Lava Jato.
*RICARDO BRANDT , em O Estado de S.Paulo
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