A presidente Dilma se reuniu com vários empresários e banqueiros nesta quinta-feira, para cobrar mais investimentos na economia. Influenciada pelas teorias keynesianas, Dilma acredita que basta despertar o “espírito animal” dos investidores para aquecer a economia e produzir crescimento maior. Além da retórica, o governo acenou com algumas medidas pontuais e paliativas para aliviar um pouco o setor industrial, pressionado pela concorrência externa.
A presidente, que possui em seu currículo de empreendedora basicamente a falência de uma loja que vendia objetos simples por R$ 1,99, parece não compreender muito como funciona a economia real. Os investidores dependem de muitos fatores concretos, que não costumam se alterar com base no “espírito animal”. O primeiro deles é a existência de um estoque razoável de poupança, necessário para financiar de forma sustentável os investimentos (a alternativa é por crédito sem lastro ou inflação, ambos insustentáveis).
Como sabemos, a poupança é limitada no país justamente porque o governo gasta demais. Com arrecadação tributária de quase 40%, sendo que quase tudo vai para gastos correntes, sobra muito pouco para investimentos produtivos. Para elevar a poupança doméstica para 25% do PIB, patamar que muitos analistas consideram adequado para garantir crescimento sustentável, o governo terá de reduzir os gastos públicos de forma substancial. Isso o governo não quer.
Além disso, todos estão cansados de saber sobre o custo Brasil, ou seja, os gargalos que impedem um ambiente favorável aos investimentos. Entre suas causas, temos uma burocracia asfixiante, uma mão de obra com baixa qualificação e produtividade, uma infraestrutura capenga, uma carga tributária absurda e complexa, uma lei trabalhista anacrônica com encargos muito elevados, entre outras coisas.
Portanto, chega a ser patética a tentativa do governo de pressionar os grandes empresários por maiores investimentos, uma vez que nenhum destes obstáculos criados pelo próprio governo serão retirados do caminho dos investidores. Essa “política de puxadinho” não pode substituir as necessárias reformas estruturais. Acreditar no contrário é aderir ao “espírito animal”, aquele com orelhas compridas que costuma ser usado como transporte de carga.
PS: Atribui-se a expressão "laissez faire" ao comerciante francês Legendre, que teria respondido desta maneira ao poderoso Colbert, quando este mercantilista perguntou o que mais o governo poderia fazer para ajudar os empresários. Que falta fez um Legendre na reunião com a presidente Dilma!
* Por Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
Nenhum comentário:
Postar um comentário