domingo, 4 de março de 2012

A privataria dos aeroportos

Fabricaram a tal da "privataria tucana" e olha aí. A  Dilma sentiu decara o buraco em que se meteu. Acompanhou o leilão em tempo   real mas,em vez de comemorar os R$ 24,5 bilhões "angariados" - muito, mas   muito mesmo a mais do que qualquer pessoa séria esperava que oferecessem pelo   que estava à venda - saiu murmurando:
"Vocês sabem como é governo: faz uma   etapa e tem de fazer todas as outras. Agora tem que fazer com que as outras   etapas aconteçam".
São 30% dos passageiros e 57% da carga do transporte   aéreo nacional entregues a uma empresa africana de credenciais duvidosas  que ficou
com nada mais nada menos que Guarulhos; um trambiqueiro argentino   de  extensa folha corrida que, muito adequadamente, ficou com Brasília; e   uma operadorazinha francesa especializada em negociar com genocidas    africanos que levou Viracopos.
Se os dois outros vencedores são   duvidosos, o argentino que levou Brasília é explícito. Daqueles que não se   aperta nem regula mixaria.
"Pagou" nada menos que 673,39% de ágio! R$ 4,5 bi pela outorga mais compromissos contratuais de R$ 2,8 bi de   investimentos.
Andou fazendo coisa parecida na Argentina, onde opera   aeroportozinhos regionais. Prometeu mundos e fundos. E aí, nada. Quando as   contas começaram a indicar que seria mais caro para o governo retomar os   aeroportos que renegociar o contrato com o espertalhão, ele foi ficando   espaçoso.
Tentou primeiro com Duhalde em 2003. Não conseguiu. Empurra daqui,empurra dali, acabou arrancando uma renegociação de Nestor Kirshner em 2007.
Em vez dos royalties anuais devidos (equivalentes às   nossas prestações pela outorga), enfiou goela abaixo do governo 15% das   receitas, quaisquer que fossem elas. E evidentemente elas são muito menores   que  os royalties devidos. Repactuou também os planos de investimentos e   emitiu títulos para pagar com papéis o resto do que devia.
Ainda assim,   continua devendo US$ 104 milhões à Casa Rosada, segundo o  jornal Valor.
Como um tipo desses leva o aeroporto da capital do Brasil com a simples promessa de pagar quase sete vezes o que foi pedido pela   concessão é coisa que o PT terá de explicar logo logo à   Nação.
A ONIPRESENTE   PREVI
Já Guarulhos, o maior aeroporto do país, fica para   uma obscura companhia da África do Sul que se apresenta à frente dos -   adivinhem? fundos de pensão das estatais (leia-se, o próprio PT).
Esse consórcio Invepar é da onipresente Previ, que tem 38% do capital, mais o   Funcef e o Petros, seus fiéis escudeiros representando os funcionários da   "nossa" Caixa e do "nosso" petróleo (o Brasil bem que merece!), e ainda da   OAS (19,4%), aquela empreiteira da família do finado Antônio Carlos Magalhães que andou encolhendo desde que ele sefoi deste mundo.
Pois é. O   dinheiro tem o condão de enterrar ideologias.
O governo não esperava obter   por Guarulhos mais que R$ 6 bi. Quando o leilão chegou aos R$ 12 bi, um   adviser das companhias mais experiente do mundo na administração de aeroportos já garantia aos presentes que  "essa conta não fecha". Pois depois disso ela aumentou mais um terço.
Foi a R$ 16,2 bi, mais R$ 4,6 bi em reformas contratuais para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016!
A receita   total do aeroporto de Guarulhos calculada pelo governo para os 20 anos da   concessão é de R$ 17 bi, apenas 5% a mais do que os fundos do PT pagaram só pela outorga.
As prestações por essa outorga, posto esse número, sobem a R$ 800 milhões por ano. E hoje o faturamento total de Guarulhos é de R$ 500 milhões.
Como fechar essa conta se o contrato diz que as tarifas aeroportuárias
não podem subir?
"Com receitas não tarifárias como   estacionamentos e restaurantes", diz candidamente Gustavo Rocha, presidente da   Invepar . (E com financiamentos do BNDES, é claro).
Nada,   enfim, como fazer contas com dinheiro "nosso".
Ao fim e ao cabo, a proposta   mais "pé no chão" foi a do endividado
Grupo Triunfo com seus franceses   misteriosos, que pagou "apenas" 159% de ágio por Viracopos. É o mesmo grupo   que, em 2008, "levou" as rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto, em São Paulo, mas acabou sendo desabilitado porque não conseguiu cumprir o que prometeu.
Pelo menos ele devolveu o que não conseguiu pagar.
Enfim, não perca os próximos capítulos. Este caso tem tudo para transformar o Mensalão numa brincadeira de crianças.
*Texto que circula na internet - recebido por e-mail.

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