São Paulo (SP) - O ex-presidente Lula, depois de
tomar posse no Palácio do Planalto, proferiu uma frase que se tornou famosa, ao
dizer que havia recebido uma herança maldita de seu antecessor, o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso. Obviamente, a frase provocou muita polêmica com os
lulistas aplaudindo as declarações e os seus opositores criticando-a, uma vez
que ele recebeu o país em plena recuperação após a implantação do Plano Real.
Agora,
quem pode repetir esta frase, sem medo de errar, é a presidente (desculpe, não
consigo usar o termo presidenta) Dilma. Cada vez mais, a mandatária precisa
tomar decisões para limpar sua barra, evitando assim que a sujeira respingue em
seu governo.
O mais
recente escândalo é a Operação Porto Seguro, onde uma secretária chamada
Rosemary Nóvoa Noronha comandava um esquema de suborno e negociatas, juntamente
com os irmãos Paulo e Rubens Vieira, que trabalhavam respectivamente na ANA
(Agência Nacional de Águas) e ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Eles
vendiam favorecimentos em troca de pareceres que beneficiavam empresas com
interesses em aprovações de laudos.
O
esquema somente veio à tona após uma denúncia feita por um ex-ministro (sic) do
Tribunal de Contas da União (TCU), Cyonil da Cunha Borges, que juntou
evidências e até mesmo R$ 100 mil recebido como tentativa de suborno para dar
um parecer favorável à empresa Tecondini.
Na
outra ponta do esquema, estava José Weber de Holanda, segundo na hierarquia da
Advocacia Geral da União, que também foi exonerado. No entanto, ele já havia
sido investigado anteriormente por improbidade administrativa, mas continuava
no governo, demonstrando a pouca seriedade com a administração pública no
Brasil.
Durante
a denúncia de Cyonil, ele revelou que Paulo Vieira usou o nome do ex-ministro
José Dirceu (sempre ele!) como interessado na aprovação do parecer. Algo que o
advogado de Dirceu qualificou de calunioso e disse que entrará com medidas
judiciais contra as pessoas que tenham usado seu nome em qualquer negociata.
Já
Rosemary Noronha, a Rose, também ex-assessora de Dirceu, tornou-se próxima de
Lula, com quem fez dezenas de viagens internacionais e ainda possuía um
passaporte diplomático. O irônico é os líderes do governo impedirem a ida de
Rose e dos irmãos Vieira ao Congresso Nacional para prestar esclarecimentos.
Eles alegam que o governo agiu rápido ao demitir e afastar os implicados,
portanto, não há motivo para convocá-los. A oposição, por sua vez, gostaria de
ouvi-los para entender como funcionava o esquema que tinha como base o
escritório da Presidência da República em São Paulo.
Mas,
como jornalista brasileiro não tem descanso, logo surgiu outro escândalo: a
Operação Durkheim. Através de uma ação efetiva da Polícia Federal foi possível
desmontar uma quadrilha que roubava informações sigilosas de pessoas influentes
para extorqui-las ou para vender as informações a outros interessados. O chefe
do bando seria Itamar Damião, um ex-prefeito da cidade de Nazaré Paulista, no
estado de São Paulo.
Entre
as pessoas que tiveram seus sigilos quebrados estão o prefeito de São Paulo,
Gilberto Kassab, e o líder do governo, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), além
de juízes e desembargadores. Entre os investigados pela Polícia Federal, estão
vários policiais e inclusive um agente da própria Polícia Federal. Até mesmo o
presidente da Federação Paulista de Futebol e vice-presidente da Confederação
Brasileira de Futebol, Marco Polo del Nero, teve de prestar depoimento à PF por
ter usado os “serviços” da quadrilha.
Como
estamos em tempo de diversificação de negócios, a quadrilha montou um esquema
com sete doleiros para remessa de dinheiro para o exterior, mostrando que
estava, digamos assim, atuando de maneira globalizada.
Além de
jornalistas e policiais, outra profissão em alta no Brasil é a de advogado.
Afinal, com tantas falcatruas, alguém precisa defender os autores dos crimes –
e cobrar caro por isto.
A
pergunta que fica é a seguinte: será que o Brasil consegue acabar com a corrupção
ou a corrupção é que acabará com o Brasil? Com a palavra, as autoridades.
*Antonio Tozzi
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