sexta-feira, 16 de maio de 2014

Em país sério também tem corrupção. Mas lá tem punição rígida e rápida.

EX-PRIMEIRO MINISTRO ISRAELENSE EHUD OLMERT CONDENADO POR CORRUPÇÃO.
                                                                             (photo credit: Ami Shooman/Flash90)
Tribunal de Justiça de Tel Aviv condena Olmert à prisão, multa, e diz que ele é ‘traidor da pátria’ por aceitar propinas durante seu governo para facilitar a construção do condomínio residencial Holyland. A sentença foi de seis anos de prisão (lá não existe “regime aberto”) e pagamento de multa de um milhão de shekels. Olmert insiste que é inocente no caso de corrupção alegada na HOLYLAND e diz que vai apelar da sentença.
Ehud Olmert foi condenado a seis anos de prisão, a dois anos de suspensão dos seus direitos civis, e ao pagamento de uma multa de um milhão de Shekels (289.000 dólares) por um tribunal distrital de Tel Aviv na terça feira de ontem, com o juiz passando-lhe uma tremenda descompostura e chamando-o de “traidor da pátria”.
“Os crimes de corrupção por propinagem pelos quais Olmert foi condenado”, disse o juiz David Rozen, “foram os piores previstos pelo Código Penal israelense". Rozen acrescentou que "sem confiança não pode haver serviço público íntegro".
Olmert terá 45 dias para recorrer da sentença, e o Supremo Tribunal Federal vai decidir se ele vai para a prisão durante o processo de recurso. Se perder a sua apelação, Olmert vai se tornar o primeiro ex-primeiro-ministro a servir tempo de prisão desde a fundação do estado judeu. Como as coisas estão, está programado para que comece a cumprir sua sentença em 1º de setembro deste ano.
"O crime de propinagem e suborno pode poluir o serviço público", disse Rozen. “O suborno”-- continuou ele – "destrói os governos" e é "um dos piores crimes" previstos pelo código penal. O juiz disse ainda que os funcionários públicos que recebem propinas são equivalentes a "traidores"porque traem a confiança do público manifesta pelo voto. Olmert "ocupou a posição política mais importante e central de governo em Israel e acabou condenado por crimes desprezíveis", disse o magistrado.
Antes de ler a sentença de Olmert, Rozen chamou o ex-Primeiro Ministro de “uma pessoa do povo, inteligente e brilhante” e elogiou-o por ser um “ávido Sionista” e por contribuir com a inclusão de famílias enlutadas no Memorial de Yad Vashem do Holocausto.
Vestindo uma camisa azul real e calças de algodão cáqui, Olmert parecia cansado e subjugado quando ele entrou na sala de tribunal. Um repórter do Canal 2 disse ele desviou o olhar enquanto o juiz proferia a sua sentença.
A sentença foi proferida há mais de um mês depois que Olmert fora condenado por múltiplas acusações de suborno decorrentes do seu envolvimento como prefeito de Jerusalém num escândalo de corrupção maciça em torno da edificação e desenvolvimento do complexo residencial ‘Holyland’ numa colina nobre da cidade.
De acordo com a decisão, o empresário Shmuel Dachner, que acabaria por se transformar em testemunha do Estado (e que faleceu em meados de julgamento, horas após uma sessão de interrogatório), deu ao irmão endividado de Olmert, Yossi Olmert, cheques pós-datados de 500.000 shekels cada (143.000 dólares) a mando de Olmert. Dachner na ocasião representava a incorporadora Hillel Charney, que foi condenada por lavagem de dinheiro e pelo suborno de Olmert, seu então assistente – e futuro prefeito de Jerusalém - Uri Lupolianski, e outros.
Juiz David Rozen da Corte Distrital de Tel Aviv (foto: Gideon Markowicz/POOL/Flash90)
Na terça feira de ontem, o juiz disse que os crimes de Olmert envolveram torpeza moral, e que estava, por isso, revogando 10 por cento da aposentadoria que Olmert recebe como ex-Prefeito de Jerusalém. 
Menos de uma hora antes da sentença, Olmert professou sua inocência e protestou contra a sentença dura esperada. “Este é um dia triste, em que um veredicto severo e injusto está para se abater sobre um homem inocente", disse Olmert num comunicado.
O porta-voz de Olmert, Amir Dan, disse que o ex-primeiro ministro planejava recorrer da sentença ao Supremo Tribunal Federal na esperança de que "a imagem real do caso não surgiu e que o veredicto vai mudar completamente".  Olmert foi o quinto da fila a receber uma sentença condenatória, com três réus anteriores sendo condenados por dar subornos, recebendo penas inferiores às exigidas pela acusação.
Ao todo, seis outros empresários, entre empreiteiros e funcionários municipais de Jerusalém, também foram condenados no caso. O empreiteiro do projeto Holyland, Hillel Cherney, recebeu 3,5 anos de prisão e uma multa de NIS$ 1 milhão. Avigdor Kelner, um empresário que foi condenado por fazer pagamentos substanciais para promover o projeto Holyland, foi condenado a três anos de prisão e uma multa similar. A Incorporadora Meir Rabin, que era suspeita de mediar o suborno no caso, foi condenada a cinco anos de prisão. O ex-engenheiro municipal de Jerusalém, Uri Shitrit, por sua vez, foi condenado a sete anos de prisão por aceitar subornos. O ex-vice-prefeito de Jerusalém, Eliezer Simhayoff, foi condenado a 3,5 anos de prisão, e o ex-presidente do Banco Hapoalim, Danny Dankner recebeu uma pena de três anos de cadeia.
Rozen acusou os réus de "ganância, para não mencionar avareza", e disse que a punição foi severa devido às suas posições influentes. "Aqueles que pertencem à elite social e econômica do país não podem e não devem ser tratados sob o mesmo padrão penal de pessoas comuns", disse ele.
Lupoliansky, ex-membro do Conselho Avraham Finer e o principal assessor de Olmert, Shula Zaken, devem ser sentenciado no próximo mês. Uma equipe especial está sendo configurada para lidar com os desafios logísticos e outros inéditos de envio de um ex-primeiro-ministro para a prisão.
Vistas do projeto habitacional Holyland, em Jerusalém, em março de 2011 (foto: Nati Shohat/Flash90)
O Ministério Público do Estado, representado pelo promotor público Yehonatan Tadmor, pediu em abril severas punições para os condenados no caso. "A punição no caso Holyland deve reverberar por toda parte e se ajustar à gravidade dos atos, advertir e dissuadir", disse Tadmor ao tribunal na época. O advogado de Olmert pediu, em nome de seu cliente, que o juiz Rozen se abstivesse de sentenciá-lo à prisão, argumentando que casos de suborno semelhantes como esse sempre resultaram num máximo de 18 meses de prisão. 
Tadmor contrapôs que a corrupção revelada no caso "é única em sua gravidade e seus efeitos sobre o Estado de Israel, na escala da corrupção, dos montantes financeiros envolvidos nos subornos, e as identidades dos subornadores e os subornados, bem como os maciços projetos imobiliários que estavam envolvidos".
A TV (Canal 10) israelense na segunda feira última, anunciou que a promotoria vai propor que Olmert fique fora da prisão durante todo o processo de apelação.
*FRANCISCO VIANNA (da mídia israelense)

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