Saddam Malhães vivo era só um fantasma torturado pela vida infame que viveu. Morto, tira o sono dos petistas. Coisa mais estranha. Quem de fato viveu aquele tempo sinistro apenas se sente aliviado de ver um pobre diabo, velho, morrer. Seja lá como for. Cultuar uma "ética da vingança", no cega para, de fato, compreender porque odiamos e desprezamos.
Mas para quem carrega fantasmas como o Barba ou não consegue afastar a visão do cadáver de Celso Daniel marcado com cano de revólver fervente, executado brutalmente, nada como um Malhães para dar sentido à neurose de transferência (Übertraugung). Deixemos Freud de lado e fiquemos com Milan Kundera: "Nada será remediado e tudo será esquecido".
O torturador ........... e o informante
Sabemos que os desvios da história podem degradar o ser humano. Muitos indivíduos, entre os nossos e os nossos inimigos, tornaram-se seres ignóbeis e criminosos. Será que? o militar Malhães poderia não ter-se tornado... E o Barba, quem sabe não poderia ter se recusado a colaborar com aqueles que deveria ser seus inimigos naquela hora...
Ao que se constata é que tanto um como o outro não tiveram a consciência dos desvios, aquela que permite a cada um e todos resistir à corrente e dela escapar. Talvez Malhães, por sua própria mediocridade, não tinha alternativa a não ser obedecer e cumprir ordens.
O certo é que um e outro só agiram como agira, primeiro, pela covardia pessoal, mas certamente sob o efeito de forças colossais que os envolveram e os desorientaram como a aranha a sua presa. O nome disso, quase sempre, se pode chamar de ideologia.
*J.Miramar, em Brasilianas.
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