domingo, 24 de julho de 2011

"Há rumores sobre sua sexualidade."

Por Ana Echevenguá
Sexo é sempre o assunto da hora. Ocupa a mídia e a cabeça dos mortais. 
Tanto na Câmara de Vereadores de São Paulo como na Câmara dos Deputados, em Brasilia, tramita projeto de lei para criação do Dia do Orgulho Heterossexual. Como forma de protestar contra os avanços dos direitos dos gays.
Não sei que avanços específicos são esses. Pelo que eu entendo, os gays fazem parte do grupo dos ‘iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza’. E gozam dos direitos e deveres individuais e coletivos contemplados na Carta Magna.
Mas é assim: vira e mexe e sexo e/ou preferência sexual vem à baila.
Ontem, por exemplo, conversava com algumas amigas. E perguntei sobre um Senhor X. Queria saber se o conheciam, sobre sua família, profissão... uma delas disse que X teve uma história triste com perda de alguns familiares. Não era um sem-teto; trabalhava; andava de bicicleta... aparentemente normal. Mas, ela lembrou que “há rumores sobre a sua sexualidade”.
Claro que a preferência sexual do Senhor X não me interessa. Mas, achei a expressão muito engraçada. Daquelas que escondem um mundo de informações, ditas à boca pequena. Na verdade, ela estava louca pra dizer que o Senhor X era gay, veado, bicha... Entretanto, sua polidez não permitiu.
Lembrei, na hora, de uns escritos da filósofa Renata Kovalski: “Por que a questão da sexualidade continua incomodando a todos? Será por despeito ou por incredulidade?? Acho que no fundo todos os ‘heteros’ sentem um pouco de inveja da liberdade de expressão dos homossexuais. Estes defendem com tanto entusiasmo e coragem a sua preferência sexual. Enquanto nós, meros ‘heteros’, às vezes, ficamos constrangidos de expressar preferências políticas, gastrônomicas ou nosso estilo de vida!” 
Gente, estamos no Século XXI. Num Brasil em que o Direito observa uma nova noção de sexo. Que envolve a nova teoria da sexualidade, operações transexuais, redesignação sexual, casamento entre pessoas do mesmo sexo...
Voltando aos projetos de lei. Segundo o doutor Oton Lustosa, juiz de direito e escritor, “a lei, qualquer que seja ela, visa à harmonia”. Daí, posso concluir que, se aprovada a lei federal, todos os heterossexuais do Brasil, orgulhosos de sua condição, vão afastar, a cada terceiro domingo de dezembro, os rumores, que por aí circulam, sobre sua sexualidade...
Ana Echevenguá - advogada ambientalista - OAB/SC 17.413
Instituto Eco&Ação - www.ecoeacao.com.br
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Florianópolis - SC.

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