terça-feira, 26 de julho de 2011

Se EUA aplicarem calote, Obama perderá a reeleição em 2012.


Pedro do Coutto
Não há dúvida, em termos americanos, a tendência política contida no título deste artigo, decorrente da crise econômica que está atingindo os Estados Unidos, torna-se clara. O Globo na edição de 14 de julho, quinta-feira, publicou excelente reportagem a respeito do tema, super-sensível como todos reconhecem. O que está havendo na Casa Branca? O país atingiu em maio deste ano um endividamento da ordem de 14,3 trilhões de dólares. Coincide com o volume do Produto Interno bruto, que representa um terço do PIB mundial. Acima de tal limite, só se o Congresso autorizar. O teto em que se encontra o volume da dívida, por sua vez, é o valor máximo que o Executivo pode fixar. Barack Obama fixou. E agora?
A luta no Poder Legislativo está sendo difícil. O Partido Democrata, nas últimas eleições, ano passado, perdeu a maioria na Câmara dos Representantes. Conservou a do Senado por apenas dois votos, sendo que um senador declara-se independente da dualidade entre Democratas e Republicanos. Além de tudo isso, a sucessão presidencial será em novembro de 2012. Faltam dezesseis meses.
O Partido Republicano, depois dos debates realizados pela televisão, encontrou seu candidato, o ex-governador de Massachussets, Mitt Romney. O Partido Democrata, claro, já homologou Barack Obama. As linhas de confronto estão traçadas. Não surgiu – dificilmente surgirá – um terceiro candidato, avulso, no caso, capaz de alterar o equilíbrio entre uma força e outra. Assim, portanto, dentro desta opção, o povo americano irá às urnas.
Porém, não são boas as condicionantes de Obama. Se houver necessidade de calote, ainda que seja só no pagamento dos juros dos títulos do Tesouro, como admitiu Bem Bernanke, presidente do Federal Reserve, o Banco Central americano, mas escolhido pelo sistema bancário, o atual presidente da República desaba na campanha. Pois será este um impacto inédito na história econômica do país. Não aconteceu tal solução nem durante a guerra de secessão (1860 a 1864), que culminou com a reeleição de Lincoln, tampouco na crise de 1929, cujo desfecho no plano político foi a vitória de Franklin Roosevelt (Democrata) sobre Herbert Hoover (Republicano que tentou reeleger-se).
Um ponto a esclarecer antes que surjam naturais dúvidas sobre as urnas de 1864. Abraham Lincoln, Republicano, foi reeleito e assassinado em 1865 no teatro que fica na rua ao lado da praça central de Washington. Morreu no primeiro ano de seu segundo mandato. Mas esta é outra  questão.
Voltando ao embate sucessório do ano que vem, se houver calote, o que ao contrário do que acontece em nosso país, não pertence de modo algum à tradição norteamericana, será um desastre total para os EUA, de modo geral, e para o atual ocupante da Casa Branca em particular. Por muito menos, o eleitorado derrotou amplamente Jummy Carter e elegeu Ronald Reagan em 1980, quando Carter buscava reeleger-se.
A inflação em 79 atingiu 12%, uma calamidade em termos americanos, e os helicópteros que partiram para tentar o resgate de prisioneiros em território do Irã caíram no deserto. Desastre na economia, na operação militar, nas urnas.
Agora some-se à perspectiva de calote a possibilidade de a agência Moodys Investors Service, especializada em risco financeiro, rebaixar o perfil dos EUA em matéria de responsabilidade, credibilidade e confiabilidade no mundo. É demais. Sobretudo porque uma crise de liquidez estatal arrastará a maior parte do mundo para um despenhadeiro. Pois se nem a maior potência mundial merece confiança, que dizer dos demais países?

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