O 1º Vice-Presidente do PSDB-DF, Raimundo Ribeiro, fala sobre o mais novo escândalo no governo Agnelo, o caso Policarpo e o papel da oposição diante das graves denúncias.
Raimundo Ribeiro e o Senador Alvaro Dias
Como você vê a atual situação da Capital? Caótica, infelizmente para todos nós, pois gostaríamos de ver uma situação tranquila na cidade, mas o Distrito Federal saindo de um escândalo, como foi a eleição conturbada, esperávamos um governo que pelo menos pacificasse a cidade. O que se viu foi o contrário. Um governo que não governa e pessoas despreparadas para ocupar cargos, pior do que isso, pessoas com vasta folha penal, respondendo por cargos importantes, e o resultado só poderia ser este que está acontecendo em Brasília. Nós temos um governador que teve seus bens bloqueados e que está sendo acusado de desvio de verba pública. Isso tem duas faces: É muito ruim para a cidade, porque passa por mais um momento turbulento, mas quem sabe não será a oportunidade de fazer ressurgir em Brasília a política decente e voltada para o cidadão.
O que você tem a dizer em relação às denúncias feitas pelo João Dias veiculadas pela revista Veja, no último fim de semana e que, na verdade, são questões que vêm se arrastando desde 2008?
O que você tem a dizer em relação às denúncias feitas pelo João Dias veiculadas pela revista Veja, no último fim de semana e que, na verdade, são questões que vêm se arrastando desde 2008?
Eu acho que primeiro nós temos que situar a questão nos seus limites. O atual governador (Agnelo) era ministro dos Esportes quando começaram a surgir denúncias. Acho que ele, como um homem público experimentado que é, pois já foi deputado distrital, federal e ministro, deveria naquele momento ter pedido uma rigorosa apuração dos fatos, não o fez. Pelo contrário, sempre se omitiu. Evidentemente a gravidade e a seriedade das denúncias decorrem inclusive do fato de o denunciante (João Dias) dizer que participava do sistema. Então, é uma pessoa que tem muito a falar e não podemos aceitar qualquer tentativa, por parte dos denunciados, de tentar desqualificar quem os acusa. O que interessa não são as pessoas, mas sim os fatos. E os fatos precisam ser apurados com muito rigor pelos órgãos de controle social, principalmente a Polícia Federal e o Ministério Público, para que a gente possa recuperar um pouco do dinheiro que dizem ter sido roubado dos cofres públicos. Então, nós precisamos, efetivamente, apurar de imediato. Acho que a Câmara Legislativa do Distrito Federal deveria aprovar por unanimidade o imediato afastamento do governador Agnelo para que a investigação fosse isenta, apurada e verificada a veracidade. Se ele for culpado, que perca o cargo. Caso não seja comprovada a sua participação, que ele retorne ao exercício do mandato. Aliás, isso não é novidade no Brasil. Henrique Hargreaves, quando ministro da Casa Civil, procedeu dessa forma e é esse o procedimento que se espera de pessoas de bem que ocupam funções públicas.
Você foi, hoje 17/10, ao gabinete do Líder do PSDB no Senado, Senador Álvaro Dias. Qual foi o teor da conversa?
Primeiro, agradecer ao Senador Álvaro Dias por abrir um espaço na sua agenda para nos receber. Eu fui, representando o PSDB-DF, levar uma preocupação, já que os fatos são gravíssimos e envolvem o governador do Distrito Federal. Como nós já tivemos exemplos de que a Câmara Legislativa não tem boa vontade em apurar os fatos, como é seu dever, nós pedimos ao Senador Álvaro Dias que se empenhe em convocar, pelo Senado Federal, o governador Agnelo para que ele preste os devidos esclarecimentos sobre essas denúncias que estão sendo veiculadas pela imprensa nacional.
Se as denúncias fossem contra membros de qualquer partido de oposição, o PT estaria atacando ferrenhamente. Como você vê o silêncio do PT diante de denúncias tão graves?
Eu não vejo com surpresa. Porque acompanho a vida política há mais de 30 anos. Sempre disse que o PT, quando assume o governo, se aparelha das instituições e essa é uma linha muito ruim, pois as instituições que deveriam servir ao cidadão passam a servir apenas ao partido, ou seja, o PT apequena as instituições. Então, eu não vejo com surpresa, mas com muito desagrado, porque o PT que sempre se disse combatente da corrupção perdeu essa bandeira quando inaugurou a fase do Mensalão no Brasil, em 2004/2005. A máscara do PT caiu e a partir daí ele se tornou um partido um pouquinho pior do que outros, pois tem os mesmos pecados mais o pecado da hipocrisia. Nós precisamos mostrar pra sociedade que o PT hoje se comporta como se o Brasil fosse menos importante que o partido.
De agora em diante, quais serão as providências que o PSDB-DF vai tomar em relação às denúncias?
A primeira providência já foi tomada na nossa reunião com o pronunciamento sempre sábio do nosso Presidente de Honra, ex-deputado Geraldo Campos, que disse que o partido deve apoiar publicamente o pedido de impeachment contra o governador Agnelo, mas nós devemos também entender que as denúncias não se esgotam apenas na figura do governador e sim no governo do PT com o PMDB. Esse governo incompetente que esta aí não é governado pelo Agnelo. Na verdade, o Agnelo nunca governou, nós sabemos disso. Agora, nós temos que mostrar para a população o desgoverno que tomou conta dessa cidade. Nós temos obras paradas desde o governo Arruda. Esse governo não consegue, sequer, concluir as obras. Nós temos uma saúde que estava na UTI e agora está no cemitério. A todo momento, as denúncias acontecem e não há resposta. Nós temos aí, sob o aspecto moral, algo de uma gravidade terrível. O secretário de saúde contrata emergencialmente a empresa da sua esposa e o governador ignora como se o princípio da impessoalidade não devesse imperar no Distrito Federal. Nós temos aí denúncias de acobertamento de fugas da Papuda e a Secretaria de Segurança se fecha como se isso não fosse importante, ou seja, nós temos hoje uma cidade entregue à própria sorte. Lamentavelmente, o governo não governa e está envolvido em uma pocilga de denúncias que envergonha qualquer cidadão do Distrito Federal.
E quanto ao caso Policarpo e a tentativa do PT de blindá-lo na Câmara dos Deputados e no DF?
É outra denúncia de extrema importância que foi feita. Não apenas pelo fato da compra de votos, mas mais grave do que isso é a utilização da Polícia Legislativa para tentar intimidar as vítimas da ação criminosa do presidente do PT-DF, deputado Policarpo.
Como você vê a sociedade nos últimos tempos? Ela está apática ou participativa?
Nós já tivemos no Brasil um estado de letargia, já que o PT conseguiu privatizar os movimentos sociais. Comprou a UNE e isso é notório, alimenta o MST e em geral todos os movimentos sociais, aos quais o PT conseguiu impor um aspecto letárgico com a utilização indevida do poder político, mas a gente percebe que lentamente, e isso é natural, a sociedade começa a despertar e começa a perceber que esse dinheiro que está migrando dos cofres públicos para o bolso de filiados do PT é dinheiro da população e a população começa a se revoltar com isso. Nós não podemos pagar quase 40% de carga tributária pra financiar esse tipo de atividade, e isso quem está dizendo não sou apenas eu. A ministra Eliana Calmon mostrou claramente o quanto o Estado está aparelhado. Premia-se a mediocridade com promoções. Quanto mais incompetente, quanto mais subserviente e quanto mais vassalo a pessoa for, mais ele ascende na carreira. São coisas que a sociedade começa a perceber. Quando isso acontece, ela percebe também o perigo que é desacreditar nas instituições, porque aí você cai num precipício institucional. Aí é “terra de ninguém”. Vence quem grita mais e nós não podemos permitir que o país chegue a esse ponto.
Como você vê a nova Era do PSDB-DF?
Eu vejo que, evidentemente, nós vamos enfrentar dificuldades, mas é algo natural em qualquer processo de mudança. O PSDB está lentamente, mas com muita consistência, conscientizando-se do seu papel de oposição ideológica ao governo que está aí. O PSDB nacional também, me atrevo a avaliar, está aos poucos se acostumando ao fato de ser oposição e não uma oposição predatória como sempre fez o PT, mas sim uma oposição séria, persistente, que aponta as irregularidades e mostra o caminho que deve ser adotado. Acredito que o PSDB só tem a crescer perante a opinião pública. O PSDB é um partido grande e que precisa assumir a sua grandeza e ele assume a sua grandeza participando dos quadros políticos e é por isso que o PSDB tem todas as condições de, no âmbito local, apresentar nas próximas eleições, que eu não sei se serão daqui a 60 dias ou em 2014, candidatura própria e candidatura própria você não parte do pressuposto que o candidato já tem ou não 80% dos votos. Uma candidatura se constrói. E como é que se constrói uma candidatura? Uma candidatura se constrói unindo o partido em um ideário. Unindo o partido dessa forma você conseguirá que o candidato, seja ele quem for, indicado pelo partido consiga sensibilizar a população. Afinal, ninguém é candidato de si próprio, você é candidato de uma ideologia.
Como você vê a nova Era do PSDB-DF?
Eu vejo que, evidentemente, nós vamos enfrentar dificuldades, mas é algo natural em qualquer processo de mudança. O PSDB está lentamente, mas com muita consistência, conscientizando-se do seu papel de oposição ideológica ao governo que está aí. O PSDB nacional também, me atrevo a avaliar, está aos poucos se acostumando ao fato de ser oposição e não uma oposição predatória como sempre fez o PT, mas sim uma oposição séria, persistente, que aponta as irregularidades e mostra o caminho que deve ser adotado. Acredito que o PSDB só tem a crescer perante a opinião pública. O PSDB é um partido grande e que precisa assumir a sua grandeza e ele assume a sua grandeza participando dos quadros políticos e é por isso que o PSDB tem todas as condições de, no âmbito local, apresentar nas próximas eleições, que eu não sei se serão daqui a 60 dias ou em 2014, candidatura própria e candidatura própria você não parte do pressuposto que o candidato já tem ou não 80% dos votos. Uma candidatura se constrói. E como é que se constrói uma candidatura? Uma candidatura se constrói unindo o partido em um ideário. Unindo o partido dessa forma você conseguirá que o candidato, seja ele quem for, indicado pelo partido consiga sensibilizar a população. Afinal, ninguém é candidato de si próprio, você é candidato de uma ideologia.
*Fonte: A entrevista está no site www.psdbdf.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário