Por FERNANDO RODRIGUES, DE BRASÍLIA 26/09/12
O presidente nacional do PRB, Marcos
Pereira, disse considerar "natural" que o PT, a presidente Dilma Rousseff e o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apoiem o candidato Celso Russomanno num
eventual segundo turno pela Prefeitura de São Paulo se o adversário for José
Serra (PSDB).
Em entrevista ao Poder e Política,
projeto da Folha e do UOL, ele disse: "Nós temos essa
expectativa. Acho que é muito mais do que justo, porque o PRB já nasceu aliado
com o presidente Lula, com o PT, elegendo o José Alencar vice-presidente no
segundo mandato do presidente Lula".
Trechos da entrevista com Marcos Pereira -
Dilma apoia PRB contra Serra no 2º turno
Se o adversário for Haddad (PT),
presidente do PRB disse esperar poucas críticas por parte dos petistas. Ele
falou ao UOL e à Folha em 25 de setembro de 2012.
Licenciado
de suas funções de pastor (desde 1994) e de bispo (desde 1999) da Igreja
Universal do Reino de Deus, Marcos Pereira é o principal operador político do
Partido Republicano Brasileiro, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus
(Edir Macedo)
O
"bispo licenciado" é uma categoria de religiosos da IURD para trabalhos externos em
áreas de “interesse da organização”. De licença, Marcos Pereira não exerce
atividades religiosas em tempo integral, mas mantém o vínculo com a igreja.
No
caso de Fernando Haddad (PT) passar ao segundo turno na eleição paulistana, o
dirigente do PRB dá um sorriso. Sugere uma fórmula para a presidente Dilma:
"Eu
imagino que ela deverá, obviamente, apoiar o Fernando Haddad. Mas sem críticas
e sem tons agressivos ao outro candidato, que a apoiou na sua eleição em 2010 e
o partido que a apoiou e hoje faz base do governo dela".
Marcos
Pereira relatou também como foi o processo que levou o PRB a assinar um
manifesto de partidos governistas em defesa de Lula, insinuando que a oposição estaria preparando um
golpe.
Segundo
o dirigente do PRB, coube ao ministro Marcelo Crivella (Pesca), que é do seu
partido, analisar o documento a pedido do presidente do PT, Rui Falcão.
"Eu não tive participação nenhuma na construção do texto, nem sequer li o
texto", afirma Pereira.
Ele
não diz que discorda, mas faz uma ressalva sobre o trecho que fala em golpe:
"Eu teria discutido um pouco mais com eles o conteúdo da carta. Não há que
se falar em golpe, na minha opinião".
Conciliador,
Marcos Pereira retirou nesta semana de seu blog um texto escrito há um ano e
meio e considerado ofensivo pela Igreja Católica. O líder do PRB sugeria
ligação de católicos à proposta de distribuir um kit anti-homofobia em escolas.
O caso agora ficou para trás: "Eu não estou aqui para julgar o que a Igreja
Católica faz e deixa de fazer. Nós não devemos ficar discutindo religião [na
campanha] porque isso é muito ruim para o fortalecimento e amadurecimento da
democracia brasileira".
PERFIL
O
advogado Marcos Antonio Pereira, de 40 anos, pode ser encaixado dentro do grupo
de brasileiros emergentes dos quais tanto se fala neste início de século 21. De
origem humilde, ascendeu a postos de direção na Igreja Universal do Reino de
Deus e na TV Record. Hoje, é o presidente nacional do PRB (Partido Republicano
Brasileiro).
Logo
ao nascer, Marcos conta ter sido entregue para uma família de um mecânico de
automóveis em Linhares, no interior do Espírito Santo. Nunca conheceu a mãe
biológica. "Procurei, mas não achei. Agora, só se eu fosse no Programa do
Ratinho, mas não acho que seja o caso", diz, bem humorado. Ele se diz
resolvido sobre esse assunto e mostra, espontaneamente, um documento no qual só
aparece o nome da mãe e não o do pai.
"Minha
mãe era empregada doméstica em São Paulo. A história que me contam é que ela
engravidou do patrão. Voltou para o Espírito Santo. Depois que eu nasci, foi
embora e ninguém mais teve contato com ela".
Aos
cinco anos, Marcos Pereira foi morar com a mãe de seu padrasto, em São Mateus,
outra cidade do interior capixaba. Estudou em escolas públicas. Formou-se em
1989 como técnico em contabilidade após ter cursado o antigo segundo grau (hoje
ensino médio) profissionalizante.
Tinha
17 anos e havia sido educado na fé católica. Chegou a pensar em ser padre. Mas
acabou mesmo entrando para a Igreja Universal do Reino de Deus, em São Mateus.
O templo funcionava na casa de sua futura (e até hoje) mulher. Aos 20 anos, já
era pastor e tinha um escritório próprio de contabilidade.
Loquaz
e com raciocínio organizado em suas apresentações, passou dois anos em
Colatina, uma cidade média do Espírito Santo. Em 1994, a Universal o chamou
para o Rio, onde passou a desempenhar funções administrativas na organização
religiosa.
Em
1999, foi promovido a bispo. Em outubro do mesmo ano, foi transferido para São
Paulo para ser o segundo homem na hierarquia administrativa da igreja no
Brasil.
Sua
capacidade organizacional o catapultou em 2002 para a TV Record, emissora
ligada à Igreja Universal. Lá, foi diretor de rede, vice-presidente
("quando só havia um vice-presidente"), vice-presidente executivo e
de relações institucionais.
Todas
essas atribuições fizeram com que Marcos Pereira atrasasse suas pretensões
acadêmicas e políticas. Só em 2005 formou-se em direito pela Unip. No ano
seguinte, matriculou-se num mestrado na PUC, mas cursou só um semestre.
Preferiu
se dedicar a uma maratona de aulas diárias no Instituto Berlitz em 2006. Hoje,
é fluente em inglês. "Falo inclusive inglês jurídico. Falo com advogados
internacionais em inglês", afirma. Em 2009, fez uma especialização em
direito e processo penal no Mackenzie.
O
curso no Mackenzie o animou a fazer carreira fora da Igreja Universal e fora da
Record. Ele havia montado LM Consultoria em 2003, para prestar assessoria
contábil e jurídica. Resolveu então deixar em 2010 o cargo de direção que
ocupava na emissora de TV do bispo Edir Macedo.
Durou
pouco tempo esse afastamento. Em 9 de maio de 2011, Marcos Pereira foi aclamado
presidente nacional do PRB. Ele nem havia participado da montagem da legenda
nos anos de 2004 e 2005. Mas o partido que passou a ser o braço político da
Universal e da TV Record precisava dele para uma nova fase de crescimento.
"Quando
eu tinha 18 anos, cheguei a pensar em me candidatar a vereador em São Mateus.
Mas não deu. Eu passei muitos anos filiado ao PT. Depois, no início dos anos
2000, estive no PSB", relata.
Com 1m62 de altura e 60 quilos, o
presidente do PRB é crítico com sua forma: "Estou precisando emagrecer.
Mas de esporte eu não gosto muito. Torço para o Vasco, só que acompanho futebol
mesmo durante a Copa do Mundo", diz. Vai se candidatar? "Não posso
descartar. Só que 2014 talvez ainda seja cedo para mim".
Chute na imagem da Padroeira do Brasil. Um desrespeito ou intolerância?
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