terça-feira, 9 de agosto de 2011

Você nos abre os seus braços, e a gente faz um país!

Chegou, finalmente, a vez do PMDB, e a Dilma balança.
Não é pra menos. Eles são os mais calejados profissionais. Gente perigosa…
Mas, no fundo, no fundo, tudo depende mesmo é da imprensa, como sempre aconteceu.
Não é só aqui não. No mundo todo é assim. Não é por outra razão que a imprensa com atuação institucional tem os privilégios que tem nas democracias, apesar do lixo todo que toma carona nesses privilégios.
Assim mesmo vale a pena. Não existe registro histórico de democracia que tenha se reformado, evoluído, senão forçada pela imprensa, a ferramenta que, de vez em quando, as populações mais organizadas conseguem usar com sucesso para impor reformas de fora para dentro do sistema.
Não ha outro jeito de fazê-las. Em todos os lugares e em todos os tempos os políticos só se movem a favor do povo e contra os seus próprios privilégios se a alternativa for a morte. (Ponha a expressão “Progressive Era” na caixa de busca aqui do Vespeiro e saiba mais a respeito).
Mas voltemos à Dilma e ao PMDB.
Por enquanto ela fuzilou só o tal Milton Ortolan, conexão flagrante e flagrada de um certo Julio Fróes aquele que entra e sai do Ministério da Agricultura arrastando malas (pretas).
Como em todas as limpezas precedentes, Dilma age exclusivamente na esteira da imprensa. Não dá pra ser de outro jeito. Com o escracho que o Lula disseminou nessa matéria, é obvio que o governo inteiro está podre. Não importa onde você bate, cada enxadada é uma minhoca.
Aquela meticulosa organização dos Transportes para o crime em cada uma das suas ramificações não é a exceção; é a regra.
Na Agricultura foi só dar o primeiro apertãozinho e pulou aquele monte de carnegões. Tem filho problema de todo mundo espalhado por lá. E aquele monte de “assessores” sem cargo mas com sala, secretária e funcionários, assessorando, assessorando…
Desse jeito o país morre de anemia!
A Dilma não pode tomar nenhuma iniciativa nesse campo. Ou tinha de começar pelo Lula, que é o mais notório e explícito pai dos barrigudos que impaludam a máquina publica. Ela só pode ir atrás do que a imprensa mostrar. E toda vez que a imprensa mostrou bem mostrado por enquanto não falhou: cai mesmo.
Ela escreveu uma nota de apoio ao ministro Wagner Rossi?
Claro que escreveu. Tinha de escrever! Pois o homem é afilhado do vice-presidente da republica, aquele fiscal do PMDB junto a presidente de quem o ACM dizia que tem cara de mordomo de filme de terror.
Ela também escreveu uma nota de apoio ao Palocci antes que a imprensa trouxesse à tona o necessário para tornar a sobrevivência dele num governo que se quer minimamente decente impossível. Quando a imprensa ofereceu isso ao país, Dilma fez o que tinha de ser feito.
A mesma coisa com o Antônio Nascimento, dos Transportes. Ela fez o papel dela junto aos aliados e ao chefe enquanto foi possível fazê-lo. Mas a imprensa trabalhou bem, foi puxando o fio da meada e mostrado como o Valdemort da Costa Neto conseguiu os R$ 2,5 bilhões que teve o desplante de declarar à Receita Federal com a quadrilha que plantou nos Transportes e, cada vez que os jornalistas lhe puseram balas na agulha, Dilma foi atirando.
Se a imprensa mantiver o seu papel no que diz respeito à Agricultura, faço fé que a dose se repete. Logo, logo, já não vai ser necessário nem insistir muito. O próprio ladrão flagrado vai tomar a iniciativa de se demitir, como acontece no resto do mundo.
Não me interessa especular, a esta altura, se é isso que a Dilma quer ou não. Depois dessa de enfiar o Celso Amorin na goela dos milicos já não sei mais nada. Vai ver até ela tem outros planos.
Mas, que interessa?
A imprensa está sendo lembrada pelos fatos de como funciona o processo; que ela não precisa comprar a lógica dos bandidos e discutir chantagem como se fosse politica, como se fosse normal. Se seguir fazendo o seu papel, daqui a pouco se lembra de ir olhar para o pós “afastamento” nesse negócio da corrupção. E aí vai começar a esbarar nos podres do Judiciário, cobrar o papel dele para por os ladrões onde eles devem permanecer para que não possam seguir exibindo o seu sucesso, subversivamente; para arrancar-lhes de volta o dinheiro que não lhes pertence. E se expuser os juízes que impedem que assim seja com a mesma competência que tem exposto os ladrões do governo, talvez surja uma Dilma do Judiciário que não se permita deixar de fazer o que tem de ser feito diante da esbornia desvendada. Depois, talvez se lembre do pré “afastamento”; de expor os ladrões privados que compram os favores que os ladrões públicos vendem. Aí prendem o primeiro e a coisa acaba virando padrão…
É assim que funciona, imprensa: você nos abre os seus braços, e a gente faz um país!
* vespeiro.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário