sábado, 15 de janeiro de 2011

Da lata e do ouro

Presidente da Confederação Nacional do Transporte, o mineiro Clésio Andrade responde a ação por lavagem de dinheiro
O mineiro Clésio Andrade, de 58 anos, nasceu em berço de lata e na lata vem lutando. Aos 11 anos. Clésio começou a trabalhar como cobrador de ônibus na empresa de seu pai, Oscar.
Nos anos 80, passou a chefiar o sindicato das companhias de ônibus de Belo Horizonte.a. Chegou à presidência da Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 1993, e nunca o apearam de lá.
No cargo, criou os serviços Social. do Transporte (Sest) e Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senar), mantidos por contribuições compulsórias das empresas do setor. Por meio desse expediente, Clésio converteu a antes pobretona CNT em uma instituição capaz de ombrear com suas congêneres da indústria e da agricultura.
O êxito abriu-lhe as portas da política. Em 1994, elegeu-se suplente de senador. Em 2002, vice-governador de Minas. Em 2006, já no PR, ganhou a suplência de Eliseu Resende (DEM). Com a morte do titlular na semana passada, herdou a quatro anos de mandato.
Clésio, enfim, chegou ao palco máximo da política. " Falta explicar o que fazia nos bastidores . Ele foí sócio do ex-carequínha Marcos Valério na agência de publicidade SMPB, usada para distribuir a nó mufunfa do mensalão. Agora descobre-se que é acusado na Justiça Federal de lavagem de dinheiro e ocultação de recursos.
A operação que movimentou o processo começou em 2003. Naquele ano, Clésio transferiu 40 milhões de reais do Senat para outra organização ligada à CNT, o Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte  (ldaq). Até o fim do ano seguinte. a maior parte desses recursos - 32 milhões de reais - foi sacada na boca do caixa em uma agência do Banco Rural (aquele, aquele) em Brasflia. A mesma utilizada por Marcos Valério para pagar o mensalão a políticos do PT e da base aliada do governo.
O Ministério Público Federal começou a cobrar explicações de Clésio na Justiça ainda em 2005. Desde então, seus advogados tentam trancar a ação, que corre em sigilo. Eles alegam que o Tribunal Regional Federal não é o foro apropriado para julgar o caso.
Procurado por VEJA, Clésio se disse surpreso. Afirmou desconhecer o processo e prometeu que adotaria providências enérgicas para esclarecer a questão. "Abrirei uma sindicância para apurar o destino desses recursos", anunciou, na lata.
Para o promotor estadual Eduardo Nepomuceno, é uma decisão tardia. Ele está certo de que os 32 milhões de reais foram para o caixa dois de campanhas eleitorais. Em 2004, o pai de Clésio concorria a prefeito de Juatuba e sua mulher, Adriene, prefeita de Três Pontas, tentava eleger o sucessor. Nepomuceno também processará Clésio.
*VEJA - 08/01/2011

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