Nunca antes na história deste país a Petrobras teve uma direção tão partidarizada. Durante a campanha eleitoral, Sérgio Gabrielli foi muito além de suas sandálias, comportando-se como mero prosélito. Acusou, por exemplo, o governo FHC de sucatear a empresa, o que é uma mentira escandalosa. A produção de petróleo dobrou na gestão tucana. É bem verdade que o próprio partido não soube se defender, mas isso não torna aquela acusação menos mentirosa nem menos imprópria a intervenção do presidente de uma empresa mista no jogo eleitoral.
Desde 2002 a Petrobras está no centro de uma farsa política. Há três eleições consecutivas os petistas acusam seus adversários de quererem privatizar a empresa, farsa incontrastável entre tantas. Adicionalmente, Lula determinou índices de nacionalização para itens e serviços empregados pela empresa. No caso da exploração do pré-sal, a meta é de 65%. Pois é…
Ocorre que a indústria nacional está com dificuldade de fornecer o que a empresa precisa a preços competitivos. A Petrobras se mobiliza para que essa meta seja reduzida a 35%. Além do prazo, há o preço: Gabrielli admite, mas jamais o faria em público, que há serviços e equipamentos que poderiam custar até 30% mais baratos no exterior.
E agora? É claro que o setor da indústria nacional que vai lucrar os tubos com essa variante de reserva de mercado não quer nem ouvir falar em mudança da regra. Consideraria uma grande traição. Em nome da criação de empregos e do desenvolvimento da tecnologia nacional, Lula chegou a defender certa feita que as plataformas da Petrobras tivessem um índice de nacionalização de 100%!!! A tese é bacana. Se todos os países a aplicassem, o mundo seria uma soma de…mônadas econômicas!
A bem da verdade, quem conhece o riscado me assegura que a tal nacionalização já não passa de bravata hoje em dia. Há muitos caminhos para burlar a lei. Mais uma vez, o país de verdade se move nas sombras, contra o país de mentira, que é aquele que vai no discurso petista.
Venceu três eleições assim? Venceu. Nem por isso a mentira passou a ser uma verdade.
* Por Reinaldo Azevedo - http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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