terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Deputado petista é acusado de improbidade administrativa.

Rogério Correia é acusado pelo PSDB de envolvimento na montagem da Lista de Furnas
Os partidos políticos que tiveram nomes de seus quadros citados na chamada Lista de Furnas – que trouxe valores supostamente liberados para caixa 2 de campanha eleitoral – pedem a investigação do líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado estadual Rogério Correia (PT). Por meio das direções de Minas Gerais, PSDB, PPS, PP e DEM protocolaram na sexta-feira representação no Ministério Público mineiro pedindo que o petista seja acionado por crime de improbidade administrativa.
A ofensiva vem depois de denúncia publicada por uma revista semanal, que acusa o parlamentar mineiro de fraudar a lista de cinco páginas com supostas contribuições de campanha não contabilizadas a 156 políticos nas eleições de 2002. Há quatro anos, o Estado de Minas já havia mostrado em reportagem que a lista era uma fraude. Os quatro partidos alegam o uso da estrutura do Legislativo em “assunto diverso e estranho à atividade do parlamentar” para articular com o lobista Nilton Monteiro a lista de Furnas.
Segundo acusam, isso teria ocorrido por meio da “obtenção de modelos de assinatura de parlamentares” e fornecimento de “modelos oficiais” ao lobista que, ressaltam, “se encontra preso acusado de falsificar notas promissórias de mais de R$ 300 milhões”. Os partidos se basearam em transcrições de gravações em que o deputado, o funcionário de gabinete de Rogério, o assessor Simeão de Oliveira, e o ex-deputado Agostinho Valente (PDT) aparecem conversando com Nilton Monteiro sobre a lista. Para eles, no diálogo “há de forma inequívoca uma trama para constranger e caluniar adversários políticos”
Os pontos a serem investigados, conforme a representação, são o uso dos quadros da Assembleia e do funcionário Simeão no horário de expediente para “localizar documentos oficiais assinados por deputados estaduais e federais e da estatal Furnas Centrais Elétricas” e “repassá-los a um falsário”.
Também acusam o uso do assessor jurídico do PT e PCdoB na Casa, Carlos Alberto Torezani, em horário de expediente, para “acompanhar, defender e orientar Nilton Monteiro em depoimento”. O terceiro ponto citado na nota é o suposto uso da estrutura da Assembleia, como gabinete e telefone, para “finalidades ilegais” e “incompatíveis com o mandato parlamentar”.
Os partidos de oposição à presidente Dilma Rousseff (PT) já haviam entrado com uma representação na Procuradoria Geral da República pedindo a investigação da suposta fraude na lista. Segundo o presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado federal Marcus Pestana, as ações são para estabelecer a verdade. “É fundamental que a gente restabeleça a ética na política num sentido mais amplo. É preciso um combate sem tréguas à corrupção e, ao mesmo tempo, a práticas criminosas como a fabricação de dossiês, injúrias e calúnias. Precisamos restabelecer na política a centralidade dos grandes temas e não essa agenda de porta de cadeia”, afirmou.
Montagens
A denúncia de que a Lista de Furnas era um documento forjado para incriminar adversários do PT já tinha sido feita pelo Estado de Minas anos atrás. Em 23 de março de 2006, reportagem do EM noticiou que Rogério Correia havia convocado uma entrevista sobre o assunto, mas não compareceu. A mesma matéria mostrou que laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), órgão ligado à Polícia Federal, considerou falsa a lista. O laudo apontava haver montagens, alterações ou implantes na última página do documento. O EM chegou a reproduzir outras duas perícias que atestavam a falsificação.
*Texto de Renato Scapolatempore - Estado de Minas

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