Mais de 120 mil pessoas, segundo os manifestantes, voltaram às ruas de Moscou pedindo novas eleições.
Milhares de russos saíram mais uma vez às ruas de Moscou para protestar contra as fraudes das eleições legislativas do último dia 4. “Rússia livre!”, gritavam os manifestantes, que não se assustaram com os 6 graus negativos que marcavam os termômetros da capital russa. Balões, cartazes, bandeiras e um clima amistoso marcaram a manifestação, que segundo os organizadores reuniu 120 mil pessoas. A polícia local estima que cerca de 30 mil pessoas tenham participado dos protestos.
“Vocês querem que Putin volte à presidência?”, perguntou o escritor Boris Akunin de cima do palco montado na praça Sakharov. Apesar da fragmentação da oposição na Rússia, com nacionalistas, comunistas, liberais e anarquistas, o alvo dos protestos foi mais uma vez o partido Rússia Unida e o primeiro-ministro Vladimir Putin. Entre os manifestantes, estavam o conhecido blogueiro Aleksey Navalny, que vem realizando uma cruzada anti-corrupção, e o ex-secretário geral do Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, Mikhail Gorbachev. “Nossos votos foram roubados”, protestou Navalny. “Estamos aqui porque queremos estes votos de volta”. A principal reivindicação dos manifestantes continua sendo a anulação das eleições do dia 4 de dezembro e a demissão de Vladimir Churov, diretor do Comitê Eleitoral.
Muitos manifestantes levavam também uma fita branca amarrada às roupas, como símbolo do protesto. Em um programa de televisão exibido na semana passada, o primeiro-ministro Vladimir Putin disse “pensar que aquela fita branca fosse um preservativo”, comentário que resultou em mais críticas ao líder do partido Rússia Unida. Muitos cartazes mostravam neste sábado a foto de uma fita branca e um preservativo, com a frase: “Eu vejo a diferença entre os dois. Por isso estou na manifestação”.
Outro líder da oposição, Boris Nemtsov, convocou a que todos votem no dia 4 de março nas eleições presidenciais e cunhou o lema: “Nem mesmo um voto para Putin”.
Uma pesquisa feita entre os dias 10 e 11 de dezembro pelo centro estatal de opinião pública VTsIOm aponta que Vladimir Putin tem 42% de intenções de voto para o primeiro-turno das eleições presidenciais do dia 4 de março, o que o levaria para um constrangedor segundo-turno com o candidato do Partido Comunista, Gennady Zyuganov, com 11% das intenções.
Apesar de os analistas políticos darem como certa a vitória de Putin num possível segundo-turno, seria a primeira importante derrota política do atual primeiro-ministro. Em 2000, Putin obteve 53% dos votos e em 2004, 71%, evitando o segundo-turno nos dois casos.
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