quarta-feira, 9 de abril de 2014

Coréia do Norte, ironicamente, condena Coréia do Sul e afirma que seguirá sua política...

Após a morte do ditadora norte-coreano Kim Jong-il, o estado socialista isolacionista de Pyongyang tentará dar prosseguimento à dinastia com o filho mais jovem de Kim, Kim Jong-un, que está em seus anos 20. 
Recentemente, a Coreia do Norte advertiu os líderes sul-coreanos e outros “políticos tolos” que nada irá mudar com relação à atitude de Pyongyang em relação ao sul da península e que ela não será suavizada sob a ainda não testada liderança de Kim Jong-un, o filho mais novo do falecido autocrata Kim Jong-il. O politiburo comunista do norte agrediu verbalmente a Presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, e acusou o seu governo de nutrir esperanças de que o falecimento recente do Presidente Kim Jong-il traga “uma mudança do regime norte-coreano”.
A Coreia do Norte declarou Kim Jong-un o "Líder Supremo" do partido único governante, dos militares e do povo. A proclamação foi feita durante um memorial do falecido presidente, Kim Jong-il em 20 de dezembro último. “Aproveitando a oportunidade”, disseram os chefes da Coreia do Norte, “nós solenemente declaramos com confiança que os fantoches da Coreia do Sul e os políticos tolos do resto do mundo não devem esperar qualquer mudança na RPDK”, ou República Popular Democrática da Coreia.
Com tal mensagem política “formal” desde a elevação do rapaz Kim Jong-un à condição de “Líder Supremo”, a Coreia do Norte indica de forma clara que continuará navegando nas águas turvas de sua estratégia isolacionista já bastante familiar para o resto do mundo, e usando “inimigos externos”, para “manter seu povo unido”.
A citada ascensão de Kim Jong-un causou expectativas na opinião de muitos analistas externos sobre uma possível e gradativa esperança de mudança de essa isolada nação vir a abrir sua economia ou a desmantelar suas armas nucleares. Mas as recentes declarações do politiburo comunista de Pyongyang trouxe um pessimismo considerável aos analistas internacionais, tendo inclusive a agência de notícias Yonhap de Seul publicado que “a atitude de Pyongyang quanto a sua futura política em relação ao sul permanecerá estancada”, aprofundando a pobreza e a miséria dos irmãos do norte em relação aos do sul.
“Tal message sinaliza a nova era de Kim Jong-un”, disse Jeong Young-tae, um analista do Instituto para a Unificação Nacional, de Seul. “Kim Jong-un precisa crescer para ser um líder militar. Para isso, a sua retórica não serve para nada e só cria tensão e se apresenta como falta de confiança necessária para dirigir a dinastia”.
A declaração, de 1.410 palavras, foi publicada pela Comissão de Defesa Nacional, o corpo supremo de estabelecimento das políticas do país, e lido por uma âncora da TV estatal. Foi direcionada principalmente à Presidente Lee, da Coreia do Sul, que foi empossada no cargo em 2008 e, prontamente, suspendeu todos os tratados de cooperação e ajuda econômica, instituídos pelos seus predecessores mais liberais.
O norte acusou em seguida a Presidente Lee de “crimes hediondos” e citou pelo menos uma meia dúzia deles, inclusive o fato de mostrar insuficiente respeito a Kim Jong-il ao enviar apenas uma pequena e não oficial delegação ao seu funeral. Também criticou Lee por ter levado a efeito uma reunião de segurança de estado assim que Kim morreu e de elevar o “nível de alerta” de suas tropas abaixo do paralelo 38.
“Os fantoches sul-coreanos e os demais reacionários do mundo não deviam mais se fazer de bobos em sua medida para levar a RPDC à ‘contingência’ e tornar seu ‘sistema instável’ em algo inimaginável”, vociferou o Norte. Alguns especialistas cuidadosamente afirmaram que tais declarações podem resultar em mera postura dialética e não numa política de longo prazo. O Norte frequentemente ameaça perpetrar ataques importantes ao Sul, e tem a miúdo chamado Lee de traidora. As tensões na península podem também mudar, dependendo do resultado da eleição do novo Presidente sul-coreano no ano que vem.  
Desde o falecimento do ditador Kim Jong-il, autoridades de Seul e de Washington parecem não ter certeza de quem está governando a Coreia do Norte, ou como o poder está sendo compartilhado em Pyongyang. Uma estrutura de generais de elite e membros do PT de lá podem apoiar essa ascensão de Kim Jong-un; podem também desafiá-lo por baixo dos panos. E caso o jovem Kim consolide seu poder, pouco se sabe sobre como ele o quererá usá-lo.
Pouco antes da morte de Kim Jong-il, Washington estava perto de anunciar a retomada de auxílio alimentar ao North, com a possibilidade de Pyongyang concordar com um congelamento do seu programa de enriquecimento de urânio. Não há como saber, agora, se a Coreia do Norte saudará tal acordo sob as ordens de seu novo ‘Lider Supremo’.
Zhu Feng, um especialista em Coreia do Norte da Universidade de Pequim, disse que “por um momento veremos alguma continuidade da política e é muito importante para o jovem governante e seus ‘regentes’ poder consolidar sua base de poder”. “Não acho que Kim Jong-un vá se apressar em proceder qualquer mudança”, acrescentou Feng.
A Coreia do Norte é uma espécie de bomba relógio nos quintais da China e perto demais de Formosa (Taiwan) e Japão. Em grande parte, é a China que tem mitigado a fome dos coreanos do norte, uma vez que a ironicamente chamada República Popular Democrática da Coreia não produz quase nada (o seu PIB é inferior ao de Cuba) e o empreendedorismo privado é considerado crime, no país. Os próprios chineses poderão se ver na contingência de interferir em Pyongyang se a economia não melhorar. Como sempre, o socialismo norte-coreano tem vivido enquanto chegam ajudas de outras partes do mundo. No momento em que o dinheiro dos outros acabar, como soe acontecer com todos os socialismos, o regime deverá implodir ou degenerar num genocídio autofágico bem em frente à cara do “mundo civilizado”...
*Francisco Vianna, com mídia internacional, via Grupo Resistência Democrática.

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