As mobilizações militares que vemos nos dias de hoje coincidem não
apenas com o completo desarmamento do Ocidente, mas com uma campanha de longo
prazo de sabotagem contra o próprio instinto.
Dia 26 de março,
o Daily Mail noticiou a seguinte manchete: Kim Jong-Um disse aos chefes militares de seu país para se prepararem
para a guerra com a Coreia do Sul em 2015, diz mídia de Seul .
O ditador do Norte, é claro, está sempre ameaçando com novas guerras.
Entretanto, essa é a primeira vez que esse tipo de informação aparece com
calendário definido (em termos de especificação do ano do ataque). O que é
digno de nota nesse caso é como ele é concordante com o que disseram as
autoridades chinesas. Em um discurso de agosto de 2005, proferido pelo
ex-Ministro da Defesa Chinês Chi Haotian, intitulado A guerra se
aproxima de nós, pode-se ler na sua transcrição:
... apenas com
um poder que possa ser capaz de extinguir totalmente o Japão e debilitar os
Estados Unidos, nós poderemos conseguir a paz. O problema de Taiwan não pode
ser prolongado por mais 10 anos e haverá guerra dentro deste prazo!
O Gen. Chi
proferiu um discurso ainda mais aterrador para a elite do Partido. No discurso
intitulado A guerra não está longe [de acontecer] dos EUA e ela será a parturiente
do Século Chinês, Chi concluiu o discurso com a seguinte
observação:
O comitê central
[do Partido Comunista Chinês] acredita que, tão logo resolvamos nosso problema
com os Estados Unidos com um golpe, nossos problemas domésticos estarão
prontamente resolvidos. Sendo assim, nossas preparações militares para a
batalha parecem estar direcionadas para Taiwan, mas elas estão na verdade
direcionadas para os Estados Unidos e estão muito além do alcance de ataques
aéreos ou satélites .
Na mesma toada,
podemos conjecturar se a atual preparação para o combate dos russos parecem
estar sendo apenas direcionadas para a Ucrânia ou se estão na verdade
direcionadas para os Estados Unidos... . Isso deveria causar alguma
preocupação, especialmente por conta da liderança americana ter se mostrado tão
incauta. Todavia, antes de engalfinharmo-nos nas profundezas da negligência, há
uma delicada questão moral a se tratar com os leitores. Semana passada, um leitor
sugeriu que eu passasse uma mensagem mais animadora e esperançosa. Eu
certamente preciso agradecer a essa mensagem, então eis: Se há alguma
verdade nas minhas palavras, então há também, por definição, esperança. Em
todas as situações e em todas as épocas, falar a mais dificultosa das verdades requer
a maior quantidade possível de fé. E aqueles que não têm tal fé, não podem ter
a verdade, a esperança e, por fim, o futuro. Isso é tudo o que precisa ser dito
acerca do assunto mensagens esperançosas .
Retornando ao
assunto: O que Rússia e China estão fazendo, o que eles preparam para o futuro,
agora é feito para quem quiser ver. A enganação total acabou. Mesmo assim,
apesar de tudo isso, nossa sociedade continua comprometida com ideologias
suicidas e mitos (aquecimento global, feminismo, multiculturalismo, socialismo
e paz mundial). Ignoramos o perigo real que jaz lá fora como se fôssemos de
alguma forma invulneráveis. Nossos líderes, analistas e experts sabem aquilo
que é popular, aquilo que é esperado e o que dá dinheiro. Pensar fora desses
parâmetros é decretar o fim da própria carreira. Assim, nossos analistas e
experts não reconhecem a estratégia inimiga (eles a rebaixam à irrisão). Eles
não conseguem conectar um fato com o outro ou vislumbrar os indícios subjacentes.
De muitas características eles estão atentos, mas eles não conseguem ver a
armadilha a qual a civilização caiu. A ordem liberal burguesa já continha
aspectos defeituosos desde a sua origem por conta da implacável lógica
democrática, da anarquia dos partidos políticos, da demagogia dos políticos, da
crença no progresso e do poder nivelador da igualdade. A sociedade tornou-se
melíflua; feminina; incoerente ao ponto de chegar às raias da desintegração.
Isso não é obra apenas das décadas recentes, mas dos séculos recentes.
Eis um exemplo
da incoerência que leva ao ponto de desintegração: Ao reagir à ameaça russa de
invadir a Ucrânia, o Presidente Obama disse: A Rússia é uma força regional que
está ameaçando alguns dos seus vizinhos imediatos, mas não por causa da sua
força, mas sim por sua fraqueza . Talvez seja por isso que ninguém na Europa
tenha feito nada acerca da anexação russa da Crimeia. Como corolário da
formulação de Obama, a Europa não pode impedir a Rússia porque a Europa é
demasiadamente forte (em comparação com a Rússia). Quanto a ser uma mera
potência regional, é o caso de perguntarmos o que significam os ICBMs russos. E
o que significa Jens Stoltenberg se tornar o próximo Secretário-Geral da OTAN? O ex-Primeiro Ministro
norueguês é conhecido pelo seu ativismo na área de mudanças climáticas . Mas o
que dizer do seu passado quando liderava a Liga da Juventude Trabalhista e seus
frequentes encontros com o oficial da KGB da embaixada soviética que deu a
Stoltenberg o codinome Steklov ?
Evidentemente,
por que alguém seria contra encontrar um oficial da KGB que trabalha disfarçado
de diplomata soviético, não? Diz-se que não há problemas nessas pessoas
trocarem ideias, pois cada um tem seu ponto de vista e às vezes até se ganha
com isso. O plano de fundo do Sr. Stoltenberg não é mais danoso que, por
exemplo, a reciclagem feita pela Heritage Foundation do artigo escrito por
James Carafano para o National Interest intitulado Cinco razões pela qual não estamos correndo o risco de outra Guerra Fria[isso
supõe-se, evidentemente, que a Guerra Fria anterior tenha de fato acabado]. Não
apenas Carafano concorda com Obama que a Rússia não é uma força global, como
ele diz que a Rússia não é um Império do Mal , não é uma competidora global,
não está engajada no conflito ideológico, não é uma URSS rediviva e, portanto,
não tem nada a ver com os verdadeiros problemas da América.
As crenças que
agora dominam nossa sociedade, controlam nossas escolas e elegem nossos
políticos são todas derivadas do comunismo (que há muito tempo se comprometeu
com a supostamente extinta URSS). Isso inclui o atual status elegante da
homossexualidade (não que a homossexualidade seja algo que a revolução proletária
em teoria abrace, mas ela usa como estratégia algo totalmente
esquecido pelos não-estrategistas). Se o comunismo morreu em 1991, como pode
ser que ele seja tão vitorioso nos dias de hoje? Como é possível que de repente
a URSS tenha voltado à vida? Furando os próprios olhos, muitíssimos analistas
falharam em perceber as implicações inerentes à defesa do ambientalismo, do
feminismo e do ativismo homossexual (assim como os republicanos falharam em
vislumbrar o significado da abertura de longo prazo à China promovida por
Nixon). Portanto, as mobilizações militares que vemos nos dias de hoje
coincidem não apenas com o completo desarmamento do Ocidente, mas com uma
campanha de longo prazo de sabotagem contra o próprio instinto. O que,
afinal de contas, significa o feminismo e a homossexualidade se não um ataque
ao instinto?
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