Os esforços do regime ‘bolivariano’ para amordaçar a Internet já estão sendo
empregados há tempos mediante ataques esporádicos cibernéticos contra alguns
portais dedicados a divulgar noticias da Venezuela.
No entanto, tais ataques recrudesceram a partir de fevereiro com o início das
maciças manifestações de protesto contra o regime, lideradas por estudantes
universitários do país, cuja repressão governamental já deixou um saldo de mais
de 40 mortos e pelo menos 700 feridos e mais de 2.000 prisões.
Para o assessor político Aquiles Esté, a ofensiva contra a Internet é o último
capítulo dos esforços do governo de Maduro para impedir o livre fluxo de
informação no país, condição para que prospere a ditadura socialista nos moldes
cubanos no país.
Há
anos que o governo já exerce um considerável controle sobre o que os
venezuelanos ouvem pelo rádio e veem pela TV, desde que o estado passou a ser o
dono da grande maioria de emissoras que operam no país, disse Esté em Miami. “O
alvo seguinte do governo foi a imprensa escrita com a estatização dos principais
jornais e revistas e a censura implacável que destituiu completamente a
credibilidade da mídia. Agora a mira se volta para a Internet visando o
controle estatal completo da mídia sem papel, ou seja, eletrônica, último
reduto dos venezuelanos em busca de informação confiável dentro do país”,
explicou.
O crescimento das redes sociais é explosivo. Existe no país quase 12 milhões de
usuários do Facebook e mais de sete milhões de contas de Twitter,
números que são surpreendentes num país de apenas 29 milhões de habitantes. “As
pessoas foram para as redes sociais em busca de informação confiável, uma vez
que a mídia controlada pelo governo perdeu toda a credibilidade. É através da
Internet que as coisas estão acontecendo e por onde as convocações para
demonstrações públicas são feitas. Daí o empenho de Maduro para controlar a
Internet”, explicou Esté.
Tal interesse do governo se tornou evidente no país nas últimas semanas, com o
Palácio Miraflores dedicando grandes somas e recursos para bloquear o acesso a
alguns dos principais portais de notícias do país. Uma de suas vítimas foi o
portal www.lapatilla.com, que diariamente atrai centenas
de milhares de acessos de venezuelanos desejosos de obter informação do que
ocorre no país e que não conseguem em outras fontes.
David Morán, editor do website, disse que “a censura contra nós tem sido
multidimensional”, para explicar os diferentes tipos de ataques perpetrados
contra o portal. Uma das principais manobras é a conhecida entre os hackers
como ataque DoS, ou de Negação de Serviço, que obstaculiza o acesso de usuários
legítimos, ao sobrecarregar os servidores com uma avalanche de solicitações de
ingresso fictícias.
Por outro lado, os perpetradores desses ataques cibernéticos têm procurado
explorar as debilidades dos sistemas que dão suporte ao portal, tentando
ingressar através deles, e também têm tentado de ingressar através da direção
física da página da Internet, que é por onde a equipe editorial normalmente
ingressa.
Explicou também que, adicionalmente, “o governo tem obstaculizado o acesso
através da ‘CANTV’ — a ‘empresa estatal’ que fornece 70 por cento do serviço de
Internet disponível na Venezuela — “lentiificando” a transmissão de dados do
portal”.
Mas os ataques não se limitam a tais manobras de ‘hackers’, advertiu Morán. “Há
portais na Venezuela que estão simplesmente bloqueados e por mais de uma vez
viram suas conexões cortadas do tráfico da rede mundial”, disse ele.
Isso ficou bem claro durante as eleições presidenciais de abril de 2013, quando
o governo anunciou que tinha bloqueado o acesso à rede mundial de computadores
por vários minutos para impedir “hackers conspiradores agindo do exterior”.
Tem-se em conta, pela maioria do povo venezuelano, que essas eleições foram
amplamente fraudadas, em grande parte pelo uso de urnas eletrônicas
“pré-programadas”, importadas do Brasil.
Outro portal bloqueado recentemente pelo regime socialista de Caracas foi o
recém criado canal online de noticiaswww.ahoravision.com, que
opera a partir de Miami. Eduardo Sapene, um dos desenvolvedores do projeto do
portal, disse que o governo bloqueou o canal logo depois de este ter iniciado
suas operações jornalísticas. “No segundo ou terceiro dia de funcionamento,
começaram a comentar que não poderíamos ver o que acontecia lá na Venezuela”,
comentou Sapene de Miami. Averiguações posteriores permitiram confirmar que o
sinal estava sendo bloqueado quando o canal tentava informar sobre a situação
dos protestos de rua que estavam acontecendo quase que diuturnamente.
Sapene, que assegurou que o canal pode ser visto em qualquer parte da
Venezuela, disse que os esforços do governo de Maduro para bloquear os meios de
comunicação online se seguem ao que está começando a ocorrer para preencher o
vazio informativo gerado pelo cerco midiático efetuado pelo regime. “Eles não
querem que cheguemos até as pessoas. Querem que, na Venezuela, as pessoas só
ouçam uma voz: a do regime”.
O
Brasil pode ser, amanhã, o que a Venezuela é hoje...(?!)
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