A polícia não deu as caras, nenhum camburão estacionou por perto, não apareceu sequer um gaiato para berrar o “Olha o rapa!” que faria a turma toda sair em desabalada carreira. Reunidos em Buriti Alegre, 200 amigos de Delúbio Soares comemoraram com um churrasco, sem sustos nem sobressaltos, a volta ao PT do tesoureiro do mensalão. O diretório regional do partido pagou a conta da farra no interior de Goiás.
Uma espancando o português, outra surrando a moral e os bons costumes, duas faixas explicaram a animação dos convivas. “Os buritialegrenses alegram com a volta do Companheiro Delúbio ao PT”, saudou a primeira. “Retorno do velho camarada que não perdeu a ternura nem a vontade de viver”, cumprimentou a segunda. Quatro ou cinco oradores exaltaram a fidelidade do homenageado ao partido que o expulsou há cinco anos por “gestão temerária”. E acusaram a imprensa de manchar a imagem do bom companheiro com a difusão de informações mentirosas.
A imprensa se tem limitado a reproduzir fatos registrados no relatório da Polícia Federal, na denúncia da Procuradoria Geral da República e e nos autos do processo em curso no Supremo Tribunal Federal. O que houve em Buriti Alegre foi uma provocação às três instituições, no tom debochado dos que se acham condenados à impunidade.
A Polícia Federal perdeu a chance de capturar de uma vez só, e numa única tarde, a chefia da seção goiana de uma organização criminosa. A Procuradoria Geral da República já cumpriu seu dever. Agora é a vez do STF. Neste sábado, os bandidos comemoraram antecipadamente a absolvição não só de Delúbio, mas da quadrilha inteira. O Brasil decente espera que o Supremo lhe permita celebrar o triunfo da Justiça.
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